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Relembranças: Sobre aquele que ora.

terça-feira, 4 de maio de 2010





CURIOSIDADE:


Lá por volta de 2005 eu trabalhava conferindo documentos financeiros nos Correios. Serviço chato, cansativo, repetitivo e demorado. Metros e metros de bobinas com valores, somas, extornos, totais. Odeio mexer com quaisquer coisas que envolvam números e cálculos, acho que é por isso que me dei tão mal em programação.
Nessa época era um entra e sai grande de estagiários, na sua maioria adolescentes estudantes de escolas técnicas da cidade. Eles eram contratados, permaneciam por um ano, depois eram substituidos.
Os tipos variavam. Desde os mais dedicados até os mais vagabundos, alguns chegando a se esconder no arquivo morto para cochilar durante o expediente, outros mais dedicados, com visão de futuro. Era divertido conhece-los, conviver com eles. Sempre preferi a companhia e a amizade de pessoas mais jovens do que eu, sei lá, talvez para compensar a infância nula e a adolescência mal vivida.
Apesar de ter feito um certo grau de amizade com todos os estagiários que vinham passando por lá, nunca me liguei muito a nenhum deles. Sou uma pessoa muito seletiva em relação às minhas amizades e uso um funil bem estreito para filtrá-las.
Na época havia um estagiário de nome João Paulo, muito simpático, muito dedicado, prestativo, fizemos bastante amizade. Já próximo do término de seu contrato, ele começou a me falar sobre um amigo dele do colégio, que ele pretendia indicar para substituí-lo como estagiário na empresa:

"_Vocês vão gostar dele. Ele é muito inteligente, muito dedicado, faz tudo certinho. E é sobrinho da Sônia aqui do serviço."

 
Como na época cabia a mim ensinar o serviço para os estagiários que entravam, fui conversar com a tia do rapaz para pegar maiores informações:

"_Ah, você vai gostar mesmo dele. Com certeza vocês vão se dar muito bem. Ele se parece com você. É um anjo de garoto, só que muito tímido e muito quieto, não fala quase nada."


Do que ela me disse, os únicos trechos que realmente me chamaram a atenção foram "Com certeza vocês vão se dar muito bem. Ele se parece com você" e também "tímido e muito quieto".
Eu, que já estava curioso quanto ao novo garoto, de tanto que falavam bem dele, fiquei ainda mais quando soube que muitas das características dele eram idênticas às minhas. Hoje nem tanto, mas até há alguns anos atrás e durante toda a minha infância e juventude eu fui uma pessoa extremamente tímida, retraída e absurdamente insegura. Raras foram as vezes em que consegui encontrar alguém como eu e quando calhava disso acontecer, sempre me sentia muito a vontade.
O João ficou falando sobre ele pra mim durante semanas. Cada vez eu ficava mais curioso e ansioso para conhecer o tal garoto, Paulo Thiago. Se ele fosse realmente metade do que diziam, eu teria em mãos não só um novo estagiário, mas um potencial novo melhor amigo.

ADVENTO:

Depois de um tempo o contrato do João acabou e ele foi embora. Fiquei chateado, mas a essa altura a minha curiosidade em conhecer pessolmente o tão bem falado Paulo Thiago já estava me matando. Isso não demorou muito a acontecer (não, eu não morri).
Dias depois, numa segunda-feira de manhã ele chegou. Estava na minha mesa arrumando as coisas e ele entrou pela porta com aquele ar perdido de quem começa no primeiro dia de trabalho. Olhar assustado, expressão e postura totalmente inseguras, mas o que mais me chamou a atenção foi o seu biotipo, muito semelhante ao meu. Rapaz magro, franzino e um óculos que lhe acentuava ainda mais o ar de timidez e insegurança. Depois de cumprimentar algumas pessoas timidamente, apresentado pela tia, ele veio até mim e apertou minha mão. Bom, apertar é modo de dizer, ele segurou a minha mão como quem segura uma pluma. Na hora me lembrei quantas e quantas vezes eu já havia feito a mesma coisa. Quando você é inseguro demais, dar um aperto de mão forte é complicado. Contudo não me incomodei, muito pelo contrário, quanto mais tímido ele se mostrava, mais eu simpatizava com o cara.

Para ensiná-lo meu ofício tive de dividir a minha mesa com ele, o que pra mim foi a coisa mais legal do mundo. Gosto de lidar com pessoas simples, educadas e humildes, e ele era tudo isso e mais um pouco. Falava tão baixo que eu mal podia ouví-lo. Se encostasse em você, mesmo que de leve, já era motivo para um pedido de desculpas sem graça. Hoje percebo que grande parte do que me causou esse sentimento de bem estar, foi perceber que ele era mais tímido e inseguro do que eu. Pela primeira vez eu estava me sentindo "por cima".


Lógicamente que com o passar das semanas fiz de tudo para conhecê-lo melhor e arrancar dele tudo o que eu pudesse, o que era muito difícil, já que era mais fácil o mar vermelho se abrir de novo do que ele falar sobre si mesmo. E essa introspecção dele atiçava a minha curiosidade cada dia mais.
Algum tempo depois fomos trabalhar no arquivo morto do prédio. Passávamos o dia todo catalogando documentos, etiquetando e empilhando caixas, reorganizando. Um trabalho tão chato, boçal e cansativo como era o de conferência, mas com a companhia dele eram outros quinhentos. Trabalhávamos sim, muito, mas tinhamos tempo e liberdade para conversar o dia todo. E conversávamos, ah, como conversávamos.
Garoto muito, muito religioso, católico, tocava na igreja desde muito cedo. Um talento nos teclados, aptidão em guitarra e violão. Quanto mais eu o conhecia mais eu ficava fascinado. Ele era eu quando mais novo, só que com um talento e uma humanidade que eu nunca tive. Sempre com palavras amigas e incentivadoras. Era como se ele fosse o lado meu que me faltava. Teria eu achado o irmão que vivo procurando a vida toda?

DEPENDÊNCIA:

Eu nunca fui uma pessoa de personalidade forte. Sempre procurei fazer de tudo ao meu alcance para agradar primeiro aos outros e não a mim, mesmo que isso me prejudicasse. Quando você é carente acaba fazendo coisas para que as pessoas gostem mais de você. Na maior parte do tempo isso nunca da certo, percebo hoje.
Na ânsia de conquistar cada dia mais a amizade do Paulo, de me aproximar dele, comecei a querer ser mais e mais como ele. Na verdade se eu pudesse, gostaria de ser ele.
Não demorou muito para que eu me interessasse pelos mesmos assuntos que ele. Igreja, guitarra, programação. Não poque realmente os achava interessantes, mas porque eu achava que talvez quanto mais me parecesse com ele, mais ele iria gostar de mim. Toda a semana eu lhe pedia para trazer o folheto da missa, para que eu lesse e fosse aprendendo como era, o que vinha primeiro, como terminava, passei a querer saber de todos os detalhes mostrando-me interessadíssimo. O pior é que depois de algúm tempo, se você insistir muito em uma mentira você mesmo acaba acreditando nela. Logo eu mesmo já estava acreditando que gostava muito de tudo aquilo.



Meu apego a ele era tão grande que até mesmo roupas parecidas eu comecei a procurar nas lojas. Ele por exemplo, sempre teve o costume de usar aquelas calças com zíperes nos joelhos, que viram bermudas, pois eu fui na loja e só não comprei uma da mesma cor porque não achei, mas comprei um azul ridículo.

Nossa amizade foi seguindo ao longo dos meses e logo eu já o estava considerando o amigo mais perfeito do universo inteiro. Por mais que procurasse não conseguia enxergar um único defeito nele. Nas terças feiras ele não ia trabalhar, pois ficava no colégio o dia todo. Nesses dias o expediente demorava pra passar. Sinceramente não tinha nem sequer vontade de ir trabalhar. Não via sentido em estar lá se ele também não estivesse.
Muitas vezes ele chegava para trabalhar muito deprimido, mal humorado e quieto por causa dos problemas do colégio e quissá alguns pessoais. O problema era que ele não se abria, não falava sobre e aquilo me dilacerava por dentro. Uma das piores sensações que se pode ter é você ver um amigo seu angustiado e não conseguir chegar até onde ele está pra ajudar. É uma sensação grande de incapacidade.
Nesses dias eu fazia um esforço sobre humano para deixá-lo quieto e respeitá-lo, mas tudo o que eu queria era poder ajudá-lo da forma que eu pudesse.

CONVITE:



Nos últimos meses de estágio dele, ele falou sobre sua formatura do colégio técnico. Disse que iria ser legal, que gostaria que eu fosse e que me daria convites. O simples fato dele se lembrar de me convidar me fez sentir a pessoa mais importante do mundo. Afinal eu deduzi que, como meu amigão, se ele me convidou devia ser porque ele queria muito mesmo que eu fosse.
O ano foi passando, nossa amizade prosseguindo, comecei a freqüentar as missas aos domingos perto de casa e sempre fazia questão de que ele soubesse o quanto eu estava gostando disso. Depois do convite que ele me fez, não conseguia mais tirar a formatura da cabeça, sempre imaginando como seria, pensando em que roupa usar, como me comportar e acima de tudo, imaginando o quanto nós íamos nos divertir juntos nessa festa. Fiz em cima disso uma expectativa gigantesca. Quanto mais ele comentava sobre o dia da formatura, mais ansioso eu ficava. Para mim, essa data se tornou o ponto alto do meu ano. Pensei até em comprar um terno. E olhem que a formatura nem era minha.
Entretanto ao passo em que minha ansiedade com a festa crescia, um medo grande dentro de mim também, pois seu estágio acabaria na verdade antes da festa, o que significava que talvez na sua formatura seria a última vez que nos veríamos, depois disso, sabe-se lá Deus quando.
Durante todo o tempo em que trabalhamos juntos e fomos amigos, enfatizei para ele o quanto o admirava como pessoa e o quanto o considerava um grande amigo. Achei que fazendo isso garantiria amizade eterna. Achei que sabendo disso ele jamais se afastaria.
O simples fato de cogitar a mais remota possibilidade de me afastar dele ou perder a sua amizade me deixava doente. Parava para pensar e não conseguia me imaginar sem tê-lo como amigo, sem tê-lo por perto. Comecei a ter pesadelos nos quais ele se mudava de cidade pra nunca mais voltar ou brigava comigo por algum motivo tolo e terminava a amizade. Cheguei ao ponto de caminhar chorando sozinho na rua, implorando a Deus que nunca o deixasse se afastar de mim.

APADRINHAMENTO:

Com o medo de que ele fosse embora crescendo dentro de mim a medida em que os meses passavam, comecei a me desesperar e pensar em medidas que garantissem o contrário. O que é mais torturante em pessoas como eu é o fato de você já saber de antemão que o inevitável é o que é, inevitável. Mas ainda assim fazer de tudo ao seu alcance para evitá-lo.
Eu continuava indo a missa todos os domingos e até um escapulário já tinha passado a usar. Óbvio que procurei um idêntico ao dele por toda a cidade, mas não consegui encontrar. Acho que na época, se existisse um tratamento para me tornar negro, eu o faria.
Na intenção de chamar-lhe ainda mais a atenção e fazer com que talvez nossa amizade se estreitasse ainda mais, decidi então fazer a minha Primeira Comunhão e me crismar. Não apenas isso, após comunicar isso a ele, o chamei para ser meu padrinho, mesmo sendo ele quase 10 anos mais novo do que eu., senão mais. Eu sabia que apelando para seu lado religioso, existiriam grandes chances dele aceitar o convite. E ele aceitou, para minha felicidade e total frênesi, ainda mais depois que a minha mãe me disse que era costume os padrinhos almoçarem na casa dos afilhados após a celebração.
Tivemos todos os preparativos. Em algumas reuniões os padrinhos tinham que ir e isso para mim era muito legal. Quanto mais oportunidades surgiam nas quais eu pudesse passar mais tempo com ele, pra mim era melhor.
No dia da Crisma nos encontramos cedo na igreja lotada, tinha gente saindo pela janela quase, mas pouco me importava. Ele estava prestes a ser oficialmente meu padrinho de crisma e na minha cabeça, isso criaria um laço eterno entre nós.
A cerimônia foi muito bacana. Confesso que me emocionei, segurei um pouco o choro, mas tudo aquilo estava sendo fantástico. Após o culto ele foi almoçar em casa, tímido como sempre, comeu pouco, mas pouco me importava, ele estava na minha casa, sentado em meu sofá comendo a minha comida.
Antes de ir embora, me deu um embrulho pequeno. Uma fina corrente de ouro a qual eu guardo comigo até hoje.

DESPEDIDA:



O último dia do estágio dele havia chegado. Eu já vinha me preparando psicológicamente pra isso há semanas, afinal como eu disse, algumas coisas vão onde precisam ir.
Nesse dia eu estava triste, ele aparentemente estava triste. Trabalhamos normalmente, mas já sabendo que chegando as 17:30h ele sairia portaria afora e não voltaria mais para trabalhar.
Ele na época adorava Linkin Park. Era uma das bandas preferidas dele. É desnecessário dizer que se tornou uma das minhas também, assim como Green Day. Sabendo disso, uma semana antes andei pela cidade atrás de uma camiseta da banda. Fiz isso recentemente de novo indo atrás de um DVD dos Sex Pistols, pelo qual por sinal, ninguém me deu um centavo. Melhor assim. O presente ficou sendo só meu. Apesar de adorar música, curtir punk rock e hardcore, ele se vestia como um nerd, falava como um nerd e se comportava como um. Nunca durante o tempo em que nos conhecemos, nem mesmo fora do estágio eu o vi usando uma bermuda sequer ou um adereço de rock que fosse. Decidi então comprar uma camiseta preta, achei que lhe cairia bem.



Ele trabalhava apenas na parte da tarde, portanto cheguei no arquivo de manhã com o embrulho e escondi na gaveta de uma escrivanhinha velha. Como ficaríamos lá dentro durante a tarde toda, seria a oportunidade perfeita para lhe fazer uma surpresa.
Trabalhamos meio desanimados nessa tarde. Eu sabia que, mesmo que continuássemos amigos, a vida anda pra frente. Ele tomaria o rumo dele e eu o meu. Vidas diferentes, sonhos diferentes. Embora eu soubesse disso, Deus, como me doía por dentro a obrigação de ter que deixá-lo ir embora.
No final da tarde, faltando alguns minutos para o final do expediente, já com todo o serviço terminado, paramos, nos sentamos e conversamos.
Novamente disse a ele o quanto adorei conhecê-lo, lhe desejei boa sorte, felicidades e disse que agora tudo iria ficar bem mais chato sem ele lá para que pudéssemos conversar, trocar experiências. Uma das minhas características e a qual não tenho a mínima vergonha de negar é que sou muito, muito emotivo mesmo. Nos demos um abraço e assim como eu, pude vê-lo pela primeira vez desde que nos tornamos amigos, quase chorando também.
Fui até a gaveta e peguei o embrulho. Lhe entreguei ansioso. Ele abriu meio sem graça. Difícil saber se ele realmente gostou ou não. Ele era tão tímido que suas reações emocionais eram muito leves, mas pude perceber que ficou feliz e é isso que importa.



As pessoas as vezes tentam compensar seus erros ou demosntrar seu amor para conosco com presentes e favores, mas a essência do bem querer não está em dar o presente, mas em querer dar, isso, quando a coisa vem do coração.


 






GRADUAÇÂO:

A noite da formatura havia chegado e com ela meu ânimo, já que poderia revê-lo. Nos falamos pouco pelo MSN desde que ele havia deixado o estágio. E mesmo quando nos falávamos ficava difícil saber como ele estava, já que ele parecia ter pouquíssimo interesse em conversar, sempre respondendo as minhas perguntas com "sim, não, talvez, opa ou certo". Deus, se tem uma coisa que me tira do sério é quando você quer muito conversar com alguém e a pessoa só te responde "certo... certo... certo", um atrás do outro, como se estivesse totalmente desinteressada no que você está dizendo.
Como havia ganho dois convites, convidei um amigo para ir comigo. Claro que o chamei unicamente para não desperdiçar o outro convite, já que o meu único foco na festa toda era o Paulo Thiago. Infelizmente a verdade é essa, não tenho porque mentir.
Chegamos na festa e eu já entrei olhando para todos os lados para ver se o achava no meio da multidão. Meu amigo estava num estado meio semi-catatônico, já que havia terminado há pouco um relacionamento com uma parenta minha e a meu ver, tava preferindo se jogar de uma ponte do que estar naquela festa. O amor é o ridículo da vida, não é mesmo?
Passada monótona meia hora os formandos começaram a chegar e é lógico que eu estava lá, tentando achar a cabeça dele no meio daquele rebanho de alunos. Achei que ao me ver ele ficaria muito feliz, na verdade bem feliz, mas não foi bem assim.
Sabe quando você fica daquele jeito besta tipo "Ei! Olha eu aqui! Olha eu aqui!". Lógico que não fiquei gritando isso, mas fiz cara. Ele me viu, sorriu, acenou e seguiu em frente. Bom, até aí tudo bem. Formaturas tem toda uma burocracia.
Achei que pelo menos depois de todo o evento, baile, fotos com a família, com os amigos e tudo o mais, ele fosse me chamar pro grupinho dele pra gente curtir a festa junto. Bah! Quanta ingenuidade da minha parte. Se eu não tivesse ido ou tivesse, descobri que seria a mesma coisa para ele. Não consegui vê-lo ou conversar com ele pelo resto da festa. Ele simplesmente sumiu no meio de tudo e eu fiquei a ver navios.
Curtiu lá tudo o que tinha que curtir, mas com os amigos dele, no meio dos quais eu não estava incluso.
Sabem o que é vocês esperarem ansiosamente por uma coisa durante um ano inteiro, fazer planos, ficar ansioso e depois ver que não era nada daquilo? Pois é, foi o que houve. Pedi para o meu amigo deprimido para irmos embora da festa, já que pra mim ela tinha acabado faz tempo.
Já em casa, de madrugada sozinho, fiquei no portão olhando o local da festa ao longe, lá no centro da cidade e fui dormir imaginando o quanto amar alguém demais, seja um amigo, uma namorada, um parente, quem for, nos faz cegos, idiotas e sem personalidade.

LIÇÕES:



Depois disso nos vimos pouquíssimas vezes. Acho que saímos umas duas vezes no cinema, sei lá, fomos nos falando cada vez menos pela internet, não por minha vontade é claro. Cada vez que eu o encontrava no msn queria saber tudo sobre ele. Como estava passando, o que tinha feito de novo, se estava tudo bem. Mas quanto mais insistia em conversar mais percebia a cada conversa  que ele realmente não tinha interesse algúm em dialogar. Não por ruindade, mas simplesmente porque como sempre acontece, o interesse dos meus amigos por mim nunca é tão grande quanto o meu por eles.
Ele passou num concurso, na faculdade, comprou um carro, fez novos amigos mais convenientes pra ele e hoje está lá com sua vida da qual eu não faço parte nem sequer vagamente.
Dói bastante pensar que as vezes você faz tanta coisa para demosntrar a sua amizade ou o seu amor por determinada pessoa e no final você vê o quanto se iludiu.
Ano passado eu o encontrei no msn e todo feliz, fui contar eufórico a ele que havia passado no cursinho pré vestibular, esperando que ele ficasse feliz por mim. Mas tudo o que ele fez foi me dar uma bronca grosseira porque eu não comecei a conversa perguntando como ele estava.
Engraçado como são as coisas não? Durante um bom tempo eu tent
ei de tudo para não perder contato com ele. Sempre que o encontrava na internet perguntava como ele estava, quais eram as novidades e tudo o que ele respondia era: "Sim, não, talvez, opa, certo". Não era uma conversa, mas um monólogo da minha parte. E quando eu fui todo feliz compartilhar algo meu com ele, levei um esporro por não ter perguntado como ele estava.
Hoje, muito raramente mando uma mensagem pra ele pelo e-mail do serviço. Raramente mesmo. Não estamos brigados, mas percebi que algumas coisas não valem a pena tentar manter, pois as vezes são unilaterais e o desgaste acaba sendo só seu.
Ainda guardo a corrente com carinho, as fotos também. Não sei se ele guarda a camiseta que lhe dei, mas agora pouco importa. Seja como for, pra ele hoje eu não existo mais.
Gostaria de conseguir tirar facilmente as pessoas do meu coração, como elas me tiram do delas.






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5 Divagações

  1. Olá,

    Vc tem uma maneira espontânea de escrever que eu gosto. Já vivi situações parecidas. Só não posso contar aqui porque senão ia ficar um post do tamanho do seu...rs Dar valor às pessoas e de repente descobrir que elas não estão nem aí. Hoje já não faço mais isso, mas já fiz. A gente vai aprendendo...

    bjs

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  2. Me alegra o modo como você é espontâneo ao comentar suas amizades. Sem querer ser parcial, talvez ele ainda guarde a amizade entre vocês, às vezes as ocupações nos tiram tempo e nem sempre temos força ou disposição para até mandar um e-mail. Sei o que é isso, e quando você percebe as amizades nunca morrer...

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  3. É, apostamos tanto nos outros e esquecemos que são seres humanos assim como nós. Suas histórias me fazem participar do começo ao fim. Muito bom!

    Grande abraço, Thales Willian.

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  4. Grande Eduardo!

    Cara, tantas coisas pra te dizer, mas não sei quantos caracteres cabem neste espaço. Vou tentar resumir.

    Primeiramente, quero te dizer que sempre leio o seu blog, estou sempre acompanhando os posts. Apesar de sentir um aperto no coração com algumas coisas que você diz, é inegável dizer o quão bom escritor você é. (além de magnífico desenhista)

    Fiquei realmente emocionado com as fotografias, e muitas lembranças vieram a minha cabeça. Bons tempos de 2004, o pessoal da REOP, Morales, Marlene, Seo Sidney, minha querida mentora Marta, e meu grande amigo Eduardo. Foram experiências e momentos inesquecíveis, que me marcaram muito e contribuiram demais para minha formação profissional, e principalmente pessoal. Queria tanto poder voltar no tempo e reviver tudo aquilo, ou mesmo ter notícia de todas aquelas pessoas de quem eu gostei tanto de conhecer...

    Agora, falando sobre o post, eu entendo e fico triste com toda essa situação envolvendo você e o Paulinho. Foi muito legal quando percebi que vocês formaram uma bela amizade, e que aquilo teve um pequeno empurrão meu. Pena que vocês (assim como nós 2) não temos o mesmo contato de antes. Mas eu posso dizer, da minha parte, que esse "afastamento" não é por motivo de algo pessoal contra você! Infelizmente, são as circunstâncias dessa vida corrida, as obrigações vazias e superficiais que a sociedade nos impõe. A ilusão de fazer uma carreira, somada à obrigação de conseguir dinheiro, status e poder muitas vezes sobrepõe as coisas simples da vida e que são as mais importantes: uma boa amizade, laços familiares, fazer o próximo se sentir bem. O que eu queria te dizer com tudo isso é que eu não me esqueci de você, eu ainda te considero um grande amigo, e eu tenho uma profunda admiração pela sua pessoa. E que eu tenho muita saudade dos nossos tempos de arquivos da REOP.

    Eu disse acima que essa era a minha parte da história. Eu e o Paulinho também nos afastamos, infelizmente. Mas entendo que foi por termos tomados rumos diferentes. Porem, a amizade continua a mesma. O sentimento que eu tenho por ele não mudou, nem o que eu tenho por você. Assim como eu tenho certeza de que, no coração dele, também NADA mudou. Pelo que eu o conheço, eu tenho certeza que ele, assim como você, sente saudades da nossa época de Correios. Ele sente falta da sua companhia, da sua conversa e de toda a amizade, pura e imensa, que você o oferecia. Eu gostaria muito que você acreditasse nisso...

    Sei que pode ser difícil, ou pedir muito. Mas vocês estão em Bauru, ambos, tão perto! Tente falar com ele, marcar algum encontro, uma cerveja. Eu também acho que é ele quem deveria tomar essa atitude, mas você conhece o Paulinho... Toda a timidez dele, somada à faculdade, trabalho e todas as outras coisas que eu disse... fica difícil. Mas talvez, se você der o primeiro passo, as coisas podem dar certo, e vocês podem reatar os contatos.

    Eu queria tanto que ele lesse este post. Assim como eu, ele ficaria emocionado e muito orgulhoso de ter um amigo como você.

    Bom, vou ficando por aqui. Um grande abraço!!!

    Bom, você sabe onde me encontrar (ao menos via on-line)
    joaopaulosm@gmail.com
    joaopaulosm@msn.com

    Valeu, DU!

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  5. Eu não sei ao certo João. As vezes é difícil de acreditar. Como eu gostaria que ele lesse isso também. Uma pena mesmo.

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Muito obrigado por comentar. Sendo contra ou a favor de minhas opiniões, as suas são muito interessantes para mim. Tenha certeza!