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Sobre demissões em massa, finais de semana inúteis e o que diabos alguém quer com um hidrômetro.

domingo, 19 de março de 2017


As últimas duas semanas foram difíceis, complicadas e bastante cansativas. A universidade começou 2017 com uma onda de demissões, de tempos em tempos recebemos notícias de um funcionário ou grupo de funcionários que foi dispensado como forma de contenção de despesas. Com a crise do país, as pessoas estão sem condições financeiras de ingressar em uma universidade particular e isso se reflete nos lucros, causando demissões, e ao invés de reduzirem os valores dos cursos, a administração apenas corta gastos, em outras palavras, demite parte do quadro de funcionários. Acredito que, na visão deles, se adaptar à crise baixando os preços é denegrir a imagem imponente da universidade, então vão pelo caminho mais fácil, demissões em massa. E recentemente essas demissões chegaram ao meu setor. Numa segunda-feira chegamos para trabalhar e cinco minutos depois um de meus colegas foi chamado ao RH. Logo voltou chateado, se despedindo de todos, pois fora educadamente dispensado, tipo "você é legal, mas não precisamos mais de você". Desde então estamos apenas em duas pessoas no setor, um amigo e eu, fazendo o trabalho de cinco. Já nos avisaram que não pretendem contratar ninguém tão cedo. Em meio a tudo isso, resolveram fazer um site novo pra instituição, parte do plano "veja como somos poderosos e a crise não nos afeta". O site está em vias de entrar on-line, a empresa contratada fez um ótimo trabalho, o que não significa que eu não esteja me matando pra também deixar tudo em ordem. Há dias tenho trabalhado só nisso, obrigado a deixar outras demandas igualmente importantes de lado, tenho feito hora extra quase até as 20h pra conseguir dar conta de tudo, o que tem me deixado bastante cansado, implorando pelo final de semana, que no final acaba sendo solitário e tedioso. Gosto dos amigos e sei que eles gostam de mim, mas ainda sinto muita falta de uma presença maior deles na minha vida.

Pra piorar o meu humor que já não é dos melhores, fomos roubados novamente. No ano passado arrombaram minha casa, roubaram comida, meus calçados e a antiga bicicleta, foi algo bem chato, demoramos um tempo pra nos acostumarmos com o que houve, minha tia e eu, mas a vida seguiu. Agora, no sábado de madrugada, enquanto dormíamos, alguém pulou nosso portão e roubou o hidrômetro. Fomos perceber isso só perto da hora do almoço, no dia seguinte, quando passamos perto do registro. Acordamos sem nenhuma gota d'água, mas pensamos que fosse um racionamento normal, só mais tarde percebemos que o relógio havia sido furtado e o registro da água fechado. Não sabemos quem fez isso ou por que, já que um relógio de água tem numeração e não pode ser vendido, estamos até mesmo desconfiando que possa ser pura sacanagem de sabe-se lá quem, sabe-se lá por qual motivo. Não gosto da maioria da raça humana, mas não tenho inimigos e meus desafetos nem se lembram que eu existo. Agora, na semana que vem minha tia será obrigada a fazer toda uma via crucis pra regularizar as coisas, já que não podemos ficar sem um hidrômetro. Ir na delegacia registrar um B.O, comprar um relógio novo (no caso, EU vou ter que comprar, lá se vai um bom dinheiro que não estava nos meus planos de gastos), regularizar o novo hidrômetro e depois pedir pra a companhia de água instalar tudo. As pessoas, como papagaios neuróticos nos repetem sempre os mesmos conselhos: subir o muro, colocar um portão alto ou simplesmente deixar essa casa e procurar um lugar melhor pra morar, como se isso fosse fácil comigo ganhando pouco mais de um salário e minha tia, dona de casa, sem benefício nenhum. Não temos dinheiro para reformas e não temos pra onde ir, mesmo com essa casa caindo aos pedaços como está.
Enfim, estou vivendo meus dias cansado, estressado e de saco cheio de muita coisa e a cada dia esperando menos das coisas, das pessoas e de qualquer força superior ou sei lá o que, que possa ou não existir. Nessa vida contamos com nossos próprio esforço e resolvemos sozinhos nossos próprios problemas. E só pra deixar claro, quando digo "contar com as pessoas", não falo de ajuda financeira ou coisas materiais. As vezes, como eu já disse, uma presença maior faz muita falta.




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