Sobre buracos na alma, sexo entre amigos e o medo da intimidade.
sexta-feira, 5 de julho de 2019
Há alguns dias, utilizando-se do famoso aplicativo de bate-papo WhatsApp, um amigo me procurou pedindo minha opinião sobre sexo entre amigos, se eu acredito que seja algo que funcione, se fazer isso não estraga a amizade.
Achei o questionamento bastante interessante pois, embora não demonstre, adoro falar sobre sexo, mesmo tendo pouquíssima experiência prática no assunto. Transei poucas vezes na vida e é uma atividade com a qual não me dou muito bem, todavia, vez ou outra quando estou disposto e quando surge a oportunidade, busco prazer dentro dos meus termos, somente com pessoas que sei que vão me compreender e respeitar.
Confesso que não vi tanto motivo para dúvidas ou preocupações como as que ele externou. Eu, por exemplo, sou um tipo de pessoa que não consegue de forma alguma ter qualquer tipo de envolvimento físico com quem não tenha intimidade/amizade. Contrariando a maioria, acho muito estranho e ouso até dizer, desconfortável fazer sexo com uma pessoa que não faço a menor ideia de quem seja, ir numa festa ou balada, sair a noite e depois ir pra cama com um fulano que nunca vi antes, independente de achar ele gostoso ou não. Como já disse, não levo muito jeito pra sexo e mal consigo me soltar com alguém que conheça, imagine então com um desconhecido. Portanto, acredito não ter problema nenhum em se misturar amizade com sexo, desde que ambas as partes estejam afim e tenham a cabeça aberta suficiente para encarar isso apenas como um passatempo, uma atividade divertida entre amigos.
Pra mim, por exemplo é bem fácil. Tenho dois bons amigos, muito queridos com o qual ocasionalmente vou pra cama, relaxamos, nos divertimos bastante e isso não afeta nossa amizade negativamente de forma alguma, muito pelo contrário, o carinho por ambos só aumenta.
Até entendo em partes a dúvida desse meu amigo, mas não vejo razão de ser. Sou da opinião de que o sexo é algo muito supervalorizado. Claro, isso não significa que eu vá sair por aí querendo transar com todos os meus amigos, que sinta tesão por todos eles, mesmo que não diga. Alguns amigos e amigas você vê como irmãos, como parentes, por outros você não sente atração, perfeitamente natural, mas quando calha de dar certo, de rolar uma sintonia, por que não? Há quem diga que até fortalece a amizade e eu concordo. O importante nesses casos é você ter a mente aberta e tranquila, encarar a coisa de forma descomplicada, sem esperar nada do outro, sem a neura de achar que algo mais além de uma diversão física está acontecendo. Pode até parecer uma comparação meio bizarra, mas para mim, fazer sexo com um amigo é a mesma coisa de sair para tomar uma cervejinha, ir no cinema, num passeio ou ter uma boa conversa, repito, desde que as partes estejam na mesma sintonia, que encarem a coisa desse modo.
Costumo dizer que, hoje em dia as pessoas parecem não querer mais se conhecer de verdade, parecem ter medo de se mostrar ao outro como realmente são, de dizer o que realmente sentem, preferem não ter muito contato ou, se tem, até mesmo pro sexo acabam buscando algo mais superficial, uma noite e nada mais, “fastfoda”, como alguns dizem. No final temos um monte de gente solitária e com buracos na alma que acabam tentando preencher seus vazios de formas equivocadas.
Ao conhecer a intimidade e as fragilidades, os medos e inseguranças do outro você acaba percebendo que não é tão único no mundo quanto pensava, em se tratando de seus receios, conhece melhor a si mesmo e passa a respeitar mais a forma como as outras pessoas se sentem e encaram o mundo.
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