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Pensamentos de uma quinta-feira idiota.

sexta-feira, 20 de junho de 2008



Cada dia eu percebo mais a necessidade que as pessoas têm em colocar tudo em palavras. Mas não é simplesmente deixar as palavras fluírem para se comunicar, é uma vontade de explicar a todo custo coisas inexplicáveis. Não sei se é nessas últimas gerações, ou se sempre foi assim, mas os seres humanos (e eu não me excluo deles) parecem ter dificuldades em teorizar sobre coisas abstratas. E ao mesmo tempo, ficam agoniadas querendo expressar em palavras a todo custo o pseudoconcreto. Se esquecem, entretanto, que nem tudo que pensamos são traduzíveis e nem todas palavras que dispomos no nosso léxico tem uma "coisa física" correspondente.
Abaladas por essa preguiça crônica de pensar que reina no mundo, acabam preferindo largar as reflexões de lado e por comodismo vão falar de futebol, da novela, do carro do vizinho. Até alguns ditos intelectuais me parecem ter sido atingidos por isso. Estão mais preocupados em criar novas palavras para realidades únicas - e criticar quem defende outra terminologia - do que teorizar a respeito da própria realidade, independentemente do nome que ela receba.
Aí ficamos horas e horas discutindo se estamos na modernidade, na pós-modernidade, no fim do mundo ou o escambal. Se vivemos o processo de globalização, "aldeia global", "nave espacial", ou o caralhaquatro. Por que não nos atermos ao simples estudo do que está ocorrendo? Vamos falar do efêmero, da correria, das novas tecnologias, não-sei-mais-do-quê, mas pra quê perder tempo com uma mera denominação? Olha que contradição: se alguém diz que estamos na pós-modernidade e outro diz que estamos na modernidade, isso gera um quebra-pau de meia hora (no mínimo). Mas se um diz que ama a mãe e outro diz que ama chocolate, uma coisa não exclui a outra. Será que também não deveria ter uma palavra pra designar o tipo de amor que sentimos por alguém e outra pelo chocolate? Pra mim são coisas muito mais distintas do que modernidade e pós-modernidade - e ninguém encrenca com isso. Essa dificuldade em lidar com o abstrato só demonstra o quanto o mundo está cético. Um bando de "São Tomés" desnorteados e cheios de conflitos internos e externos. A humanidade me espanta mesmo...

1 Divagações

  1. Queria ter respostas teóricas abstratas a tua pergunta,rsrsrsrsr,mas prefiro o modo vulgar da linguagem...

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