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Boa carne, conveniências, julgamentos e escolhas favoráveis.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009



Em um dos meus últimos posts falei sobre renovação, sobre a minha necessidade de renovação. O quanto eu preciso abandonar assuntos velhos e pendentes para poder prosseguir.
Recentemente conversando com a minha prima, fiz uma comparação muito interessante da minha relutância em deixar algumas coisas e pessoas pra trás, com mastigar um pedaço de churrasco ruim. Você põe na boca, mastiga, mastiga, mastiga, mas o naco de carne é tão borrachudo e indigesto que você não consegue nem engolir, nem cuspir, fica mastigando aquilo como um chiclete gorduroso e bizarro.

Seguindo ela linha de raciocínio, posso dizer que o meu queixo já ta doendo de tanto mastigar isso e não cuspir. Eu até poderia engolir, mas por que fazê-lo se é como eu disse, um pedaço de carne ruim? Poderia por a mão na frente da boca educadamente e cuspir o pedaço no lixo, fingindo que engoli, mas não seria justo com o churrasqueiro. As pessoas precisam aprender a preparar uma boa carne e se sou eu que tenho que mostrar isso a elas cuspindo, paciência.

Cadáveres de animais à parte, uma das coisas que tem atrasado, até mesmo impedido essa minha renovação tão desejada são assuntos pendentes. Mais um dos defeitos que preciso urgentemente corrigir. Não pelos outros é claro. Tenho ligado o foda-se pra um monte de gente, mas por eu mesmo. Pra poder seguir em frente.
Como superar as coisas, como seguir adiante quando você sente que ainda falta algo? Não dá sua parte, mas da parte dos outros. Você sabe que as pessoas lhe devem, elas sabem que lhe devem, entretanto nenhuma das partes caga ou sai da moita.
Domingo à noite o Marcos veio me dar sermão. Sobre moralidade, amizade, confiança, consideração e o caralho a quatro. Um daqueles discursos clichês e pseudo-moralistas sobre o quanto estou sendo cruel, vingativo, rancoroso, enfim, sobre o quanto tenho decepcionado as pessoas com o meu comportamento malvado. E antes que ele leia isso e diga que não foi nada disso o que ele disse, realmente, ele não disse com essas palavras, mas um defeito atual das pessoas é falar as coisas e não saber ler nas entrelinhas do que elas mesmas dizem.

Da nossa conversa, eu achei interessantíssima uma coisa que ele me disse. Isso porque eu mesmo cheguei a essa conclusão em uma auto-análise há algumas semanas atrás. Ele me disse que eu estou expandindo o meu desentendimento com o Ricardo para as outras pessoas. Me vingando nelas por estar ressentido com ele.
Eu tenho que tirar o meu chapéu para o garoto. Realmente o subestimei achando que ele não conseguiria captar isso. Achei que de todas as minhas reações agressivas essa era a mais tênue. Ponto pra ele.
Não que esse seja o motivo principal, mas sim, é um deles. Oras, extremista como fui acusado de ser, tenho que desempenhar bem o meu papel, sendo assim, parto da premissa básica de que quem não me apóia, obviamente está contra mim. Não abro mão de afirmar e reafirmar veementemente que cometi vários erros com o Ricardo. Ele por sua vez não fez por menos, cometendo também vários deslizes comigo, os quais só vou perdoar quando ele quiser ser perdoado. Em um post futuro falarei mais sobre o meu conceito de perdão. Não nesse.

Não sei se ele se deu ao trabalho de externar a versão dele dos fatos para os amigos. Creio eu que é quase certeza que não. Afinal é da natureza dele se lixar pra determinadas pessoas, no caso em questão, eu. Desde que ele esteja bem e feliz com os assuntos dele, a vida e os problemas dos outros lhe parecem irrelevantes.
Bom, mas o caso é que a maioria dos meus “amigos” está ciente do que houve entre nós. Eles apontaram meus erros em vários momentos, eu admiti meus erros em vários momentos, inclusive para o envolvido em questão. Posso ser teimoso e viver cometendo os mesmos erros, mas admito cada um deles. Para mim e para os outros.
Reconheceram os erros dele também, admitiram que ele também errou, mas o caso é que no final das contas, o único “repreendido” fui eu.
Eu acho interessante como as pessoas tendem a dizer que ficam em cima do muro em situações como essa, mas a verdade é que assumem a defesa do lado mais conveniente pra elas. Instintivamente, e isso é inato do ser humano, elas ficam do lado que lhes é mais vantajoso. Foi o que eu disse ao Marcos e foi o que ele não entendeu. Ele me perguntou quais as vantagens nesse caso.

Oras, sou uma pessoa assumidamente difícil de lidar. Assim como o Ricardo se permite teimosia, assim como o Rodrigo se permite julgar as pessoas de forma injusta, eu me permito alguns defeitos também. Se eles tem esse direito eu também quero ter. Não sou a primeira pessoa assim e nem serei a última. Entretanto quem me entende, que realmente gosta de mim, quem me considera, sabe que por baixo de todo esse lixo que tem me coberto, existe alguém que vale a pena ser considerado. As pessoas que conseguem enxergar isso, não optam pelo mais fácil, mas sim pelo mais certo. Eu valorizo pessoas assim, porque elas conseguem enxergar além do que você mostra. Sinal de maturidade e inteligência emocional. Por outro lado, a maioria como eu disse, dizendo que fica em cima do muro, que não toma partido nenhum, na verdade escolhe o lado mais vantajoso. E vantajoso por quê? Caros, é muito mais fácil ter amizade com uma pessoa fácil de lidar, uma pessoa socialmente “normal”, do que com um cara como eu. Que vê as coisas de forma exclusiva e tem opiniões controversas para quase tudo. Essa última frase parece ter soado um pouco prepotente, mas em minha opinião, ser do contra não é sinal de soberba. É apenas ser do contra.

É muito mais fácil para as pessoas, conviverem com outras pessoas que não as contradigam, que não as contrariem, que não as desafiem. Por mais que não admitam, todo mundo tem necessidade de aceitação. Interessante essa contradição hipócrita: As pessoas querem ser aceitas, seja por seus pais, suas namoradas, seus amigos, mas não aceitam o próximo da maneira que ele é. Todo mundo se diz maduro, mente aberta, mas querem construir para si o mundinho que melhor lhes cabe. Com as coisas e pessoas que melhor se adaptem a elas. São extremamente seletivas e para se ser seletivas é preciso julgar muito bem. E para julgar qualquer coisa, você precisa olhar a coisa por cima, ter uma visão geral. O que implica em você subir um degrau acima daquilo. O que significa ser de certa forma superior àquilo.

As pessoas não querem se dar ao trabalho de engolir gente como eu. Preferem mastigar, mastigar, pra dizer que pelo menos tentaram. Depois cuspir fora e procurar outro pedaço na bandeja, mais fácil de mastigar. Contudo permanecem de consciência limpa por não terem desperdiçado alimento, afinal, pelo menos tentaram comer. Se a carne foi mal feita, problema do dono da casa.
Se as pessoas se cansaram de mim, o livre arbítrio está aí pra isso. Sendo eu um pedaço de carne ruim como julgam, não vou me forçar garganta abaixo de ninguém.
Elas estão felizes e em paz consigo mesmas, fazendo suas escolhas. Tirando suas cartas de habilitação, fazendo sua academia, sua natação, transando uma vez por semana ou mais, engordando absurdamente, perdendo cabelo, enfim...
As pessoas fazem as escolhas delas em meio ao seu vasto leque de opções e não admitem ser julgadas por isso, estando certas ou erradas. Acredito eu então que já que é assim, é interessante que elas não me julguem mais e nem me critiquem.
Elas me devem. E cedo ou tarde eu vou cobrar isso.

1 Divagações

  1. Você não é nenhum pedaço de carne ruim Du. Corpo de homem com aurea de um garoto carente, que presa e faz questão da atenção de quem dando você tem apreço. E não existe quem não se sinta assim. Ciumes, carência e raiva. Temos mtas coisas em comum, entre elas a solidão. Voce tinha seus amigos mais se sente sozinho... Acho que aquela coisa de que a vida é feita de momentos é muito mais que fato - é algo definitivamente vivido por segundos ou eternas horas. E são eles geralmente os responsaveis por nossas alegrias ou desgraças... Bem ou mal, aproveite e viva ele. Solidão tbm sao momentos.....

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