Tentam nos ensinar desde muito cedo o quanto é importante amar o seu país, ter orgulho dele e ser patriota. Para o espanto geral da nação eu confesso: Não sou patriota, não amo meu país e acho o patriotismo exagerado, ridículo e sem razão de ser. Quando digo que não amo meu país, não é que eu o odeie. Sim, tenho que explicar isso porque muitos pseudo-patriotas idiotas não conseguem enxergar o meio termo dessa afirmação. Pra eles, você afirmar que não ama o seu país é a mesma coisa que você dizer que o odeia. E uma coisa não tem nada a ver com outra. Eu acho que como muitas coisas ao longo do tempo, o dito "patriotismo" foi irremediavelmente distorcido pela chegada de novos valores morais e sociais. Acho que isso aconteceu um pouco no mundo todo, em alguns lugares mais, noutros menos, mas nos foquemos aqui, no Brasil.

Ser patriota para mim, amar seu país, é cuidar dele de formas realmente relevantes e admirá-lo pelas coisas realmente importantes que ele possúi e representa. O Brasil é um país lindíssimo, de povo simpático, um pais tão rico em belezas naturais, em vida selvagem. Quando eu penso nisso, aí sim fico feliz de morar em um lugar assim. Vejo lá a situação na Somália, no Afeganistão, no Japão, cheio de terremotos e agradeço por morar em um país tão bem localizado e não tão pobre quanto alguns, pelo menos na minha opinião. O Brasil é o país do futebol, dizem. O Brasil é o país do carnaval, dizem. Os gringos pagam um pau pro nosso futebol, eles vem de longe para ver as nossas gostosas mulatas rebolando na Sapucaí. Tudo muito bonitinho, tudo muito chamativo, principalmente para o povo de fora, mas em minha opinião, nada disso evoca patriotismo. Quantas vezes durante a minha vida já ouvi idiotas dizerem coisas como: "Temos que ter orgulho do nosso país. Temos o melhor futebol do mundo, o rei do futebol, a rainha dos baixinhos, o nosso rei Roberto Carlos". Eles colocam a coisa toda de um jeito como que se você não gostar dessas coisas que todo o brasileiro gosta, é sinal de que você não ama o seu país. Chega a me ferver o sangue ouvir esse tipo de afirmação. Sobre a ridicularidade do futebol já falei em um antigo tópico.

Assim como em outros países de culturas diferentes, que valorizam suas festas, suas datas especiais, nós valorizamos as nossas. Carnaval, trio elétrico, coisas do Brasil, normais. Mas o que me irrita é essa supervalorização das coisas que o brasileiro tem mania de fazer. A saúde tá indo pro espaço, a violência tá a cada dia mais se alastrando pelo país, um monte de gente vivendo na miséria e o povo acéfalo, fazendo festa, anunciando aos 4 ventos que o Rio vai ser sede das olimpíadas de 2016. Grande bosta. Carnaval, além de uma grande encheção de saco, que ocupa o lugar de alguma outra programação interessante de TV, é um antro de putaria. Mulher pelada é gostosa, mas ficar expondo isso demais acaba tornando a coisa vulgar demais. Acha que os gringos famosos que chegam aqui pra ver o carnaval vem pra que? Pra prestigiar a nossa "cultura milenar" ou pra ver mulatas peladas pintadas na Avenida e fazer turismo sexual? O dinheiro que se gasta com copas do mundo, com olimpíadas, meu Deus, daria pra fazer tanta coisa mais útil. Interessante que as mesmas pessoas que posam de cientistas políticos e intelectuais, reclamando das dificuldades do Brasil, com certeza vão pendurar suas bandeirinhas nas janelas dos apartamentos chiques do Rio pra comemorar as olimpíadas, que se Deus quiser não hão de acontecer. Essa hipocrisia e exagero todo em volta do patriotismo me enoja demais. Ninguém realmente tá se preocupando com bosta nenhuma e ficam por aí, querendo dar lição de moral uns aos outros. O Brasil realmente merece ser o país que é. 3º mundo.