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Pesando coisas que valem a pena. Preciso engordar.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009



No último domingo, dia 08 de novembro prestei o meu primeiro vestibular. Eu não pretendia prestar esse ano ainda, aliás, eu não tinha planos pra prestar vestibular em nenhum ano. Não que eu não queira, mas simplesmente porque eu no momento não tenho nenhuma perspectiva de vida ou de futuro. Eu apenas prestei, porque uma amiga queria muito que eu o fizesse para treinar, então ela me inscreveu em cima da hora. Eu avisei a ela que seria um investimento perdido da parte dela, já que eu não ia passar, uma vez que não peguei no caderno o ano todo. Mas só pra variar, as pessoas botam mais fé em mim do que eu mesmo.


Tudo o que eu tenho feito até hoje não é por mim, mas sim para agradar as pessoas. Faço as coisas sem vontade de fazê-las, porque ainda tenho uma necessidade muito grande de que as pessoas gostem de mim e me aceitem. Quando prestei uma prova para entrar no curso técnico quatro anos atrás, não o fiz porque gostava de informática ou porque queria uma boa qualificação no mercado de trabalho. Só o fiz, porque na época tinha um amigo chamado Paulo Thiago, de quem gostava muito (só pra variar), então achei que se eu fizesse o mesmo curso que ele e soubesse as mesmas coisas que ele sabe, ele passaria a gostar mais de mim e me dar mais atenção. Pura ilusão. Hoje ele nem lembra que eu existo.

Depois que entrei no curso, fiz vários novos amigos, conheci o famoso Ricardo, que sempre cito aqui, de quem gostava muito (só pra variar). Depois de uns meses, descobri que realmente programação não é a minha praia. É pra quem tem dedicação, paciência e acima de tudo inteligência. Sou inteligente pra desenhar, pintar, mexer no Photoshop e no Corel Draw, mas não me peça para converter graus célsius em Farenheight porque eu não faço a mínima idéia de como se faz isso. Inclusive nem sei escrever a palavra direito, acabei de colar ela do Google. Uma vez que detestava programar, a única coisa que me fazia permanecer no curso e me esforçar para passar de ano era o Ricardo. O simples fato de imaginar ele passando de ano e se separando de mim já me deixava em pânico total. Todo o meu esforço para passar do 1º ano foi motivado unicamente pela companhia dele.

No terceiro ano de curso, ano de projeto de conclusão, foi a mesma coisa. Quando por um deslize nosso a professora ameaçou tirar o Ricardo do grupo eu simplesmente pensei em abandonar tudo. Tínhamos ido a um show na noite anterior e durante o mesmo, um amigo nos liga dizendo que a professora estava furiosa por termos faltado e que dissolveria o grupo de projeto todo. Tá na cara que eu não prestei mais atenção no resto do show. No dia seguinte, liguei pro serviço mentindo sobre estar com a minha mãe doente e fui logo pela manhã ao colégio técnico implorar chorando para que a professora não o retirasse do grupo. Além de implorar quase chorando pessoalmente ainda devo ter mandado uns 3 e-mails pra coitada.

Com o término do curso técnico em 2008 e sem saber o que fazer, decidi prestar uma prova pra concorrer a um cursinho pré-vestibular gratúito. Mais do que óbvio que eu não tava nem aí pro cursinho ou pro vestibular. É que como tava todo mundo falando em fazer cursinho, principalmente o Ricardo, achei que se fizesse também, além de não me sentir inferior a todos, meus amigos iam me admirar e gostar mais de mim. Doce ilusão. Me matei pra conseguir uma vaga nesse cursinho. Estudei feito um louco, corri atrás de documentos, gastei grana pra caramba. Tudo pra conseguir uma vaga no tão concorrido cursinho e assim ter um espaço entre os TOP de linha, os quais considerava meus amigos. O detalhe: Fiz todo esse esforço, me matei, sem vontade nenhuma de fazê-lo. Achei que talvez, cursando um pré-vestibular chamaria a atenção de uns e outros.

Passei. Mesmo estando lá sem vontade de estar, eu estudava sempre que podia. Não por mim é lógico. Achei que se conseguisse entrar numa faculdade as pessoas gostariam mais de mim e voltariam a me dar a atenção que eu tanto queria. Contudo os meses foram se arrastando e isso não acontecia. Os amigos iam ficando cada vez mais distantes, a minha raiva e frustração por isso estar acontecendo ia aumentando mais e mais e quanto mais aumentava, mais eu ia me revoltando, afinal, fiz tanto esforço pra nada. Assim como com o Paulo Thiago, as pessoas que um dia chamei de amigos nem sequer se interessavam em me procurar. Boas notas? Faculdade, nada disso me importava. Tudo o que eu queria, tudo o que me motivava era a necessidade doentia de carinho, companhia, atenção e reconhecimento. E eu não estava tendo nada disso.

Uma vez que eu não estava conseguindo nada disso, nem do Ricardo, nem de ninguém, não vi porque continuar no cursinho. Passados seis meses eu já não estava estudando mais e pegava o ônibus chorando todos os dias pra fazer a minha via crucis. Foi numa dessas idas ao cursinho que, segurando o choro no ônibus tomei a minha decisão:

As pessoas, nenhuma delas vale a pena. Não vale a pena você se anular pelos outros, tentar chamar a atenção, tentar agradar, tentar ser amigo. Elas nunca reconhecem o que você faz por elas, o quanto você abdica de si por elas e no final, ainda lhe vêem como um ridículo, um coitado implorando atenção. Decidi então que cansei de me prestar a esse papel. A culpa é minha. Na esperança de conseguir a admiração dos amigos só consegui a pena deles. Então afastei-me de todos. Se fosse pra ficar perto deles, seria pra que pudessem estar perto de mim também, mas nenhum deles fez ou faz questão disso. Percebi o quanto toda a energia que gastei com todos foi unilateral. Enquanto alguns pra mim eram únicos, pra esses alguns eu era só mais um. Cansei de me decepcionar com as pessoas, cansei de esperar um mínimo delas e elas não conseguirem me dar nem isso.

Atualmente tomei a primeira decisão da minha vida realmente focada em mim. Decidi fazer natação. Não só pelo motivo físico, mas pelo psicológico. Eu morro de vergonha do meu corpo, morro de vergonha do corpo dos outros. Sou tímido, inseguro, retraído. Talvez uma natação me ajude bastante. Talvez melhorando a minha saúde física e a minha auto estima, quem sabe não consiga me tornar uma pessoa melhor? Diferente de uns e outros que decidiram se cuidar, até onde eu sei, só pra ver se roubam a namorada do outro (lógicamente não poderia terminar esse post sem destilar meu veneninho).

A partir de agora vamos ver o que o futuro me reserva. Fiz a primeira fase do vestibular, chutei tudo, nem li os enunciados das questões, acertei 50%. Ainda tem mais duas fases as quais provavelmente não vou passar, mas sinceramente não estou preocupado. Fiz os exames para a natação e vou fazer a matrícula. Estou me cagando de medo. Só de pensar em ficar de sunga ou nú no vestiário junto com outros caras eu chego a ter crises de pânico. Mas se eu conseguir vai ser ótimo pra me superar. Fora isso, sem mais planos pro futuro. E se eu os fizer, com certeza nunca mais envolverão outras pessoas além de eu mesmo.


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