Sobre insegurança, doces, comodismo e novos desafios
sexta-feira, 26 de março de 2010
Esses dias tem sido bastante diferentes. Iniciei nessa semana uma nova fase em minha vida. Algo realmente muito diferente, ouso dizer, inovador para mim. Não vou dizer ainda do que se trata, mas é uma coisa boa a qual, se eu souber levar, pode me fazer muito bem.
O problema é que estou completamente em pânico, apavorado. Não sei se sou apenas eu que ajo assim, mas cada vez que tenho um desafio novo pra enfrentar em minha vida, chego a cair de cama tamanho é o meu medo de enfrentar a coisa. Choro, passo mal, tenho dores de barriga, no corpo e principalmente penso em desistir.
Todo mundo com quem eu tenho conversado me diz que esse sentimento é normal, esse medo do novo, pois estamos entrando em território desconhecido e isso gera sempre uma certa insegurança. Só que no meu caso como eu disse, não se trata apenas de insegurança, mas pavor e vontade de entregar os pontos.
As vezes paro e penso que sou um covarde infeliz, que nunca consegue nada do que quer porque tem medo de lutar, mas sei lá, aí eu paro mais um pouco e penso, vejo que melhorei muito ao longo dos anos. Tenho lutado batalhas internas que a maioria das pessoas não sabem e não enxergam, por isso dizem que não luto. Algumas perdi, outras ganhei. Aos trancos e barrancos, me ferindo, indo devagar estou conseguindo algumas coisas.
Tenho a sorte de em vários momentos de minha vida sempre achar pessoas para me ajudarem, me darem um empurrãozinho. Sim, seria muito mais digno se eu não precisasse de um empurrão, se tudo o que eu decidisse fazer dependesse unicamente do meu esforço, mas sei lá, não me envergonho de precisar de ajuda, só de não conseguir nunca corresponder à altura a ajuda que recebo. Como em muitas outras ocasiões, nessa nova empreitada estou recebendo ajuda, um pontapé inicial, o resto vai depender de mim e do meu empenho em levar a coisa adiante. Nos últimos dias mal tenho dormido direito, tenho comido mal, não tenho crises de falta de ar, tudo pelo nervosismo de assumir uma nova batalha. Estou com um medo imenso de fracassar, de bancar o idiota.
Freqüento uma comunidade sobre depressão no Orkut e uma das opiniões que me deram lá é a de que eu tenho a mania de pegar mesmo as coisas boas que me acontecem e fazer delas algo negativo, motivo de angústia, de sofrimento, enxergar apenas o lado ruim do que chega até mim. Porra! Parei e pensei, ótimo conselho. Realmente analisando agora, vejo o quanto eu tenho a mania de fazer isso mesmo. Fazer com que meu medo não apenas me paralize, mas me faça recuar.
Também analizei outra coisa: O quanto às vezes me coloco em uma situação de comodismo, por medo de enfrentar as coisas. É muito fácil, muito cômodo ficar apenas imaginando como seria legal eu indo para a faculdade todas as noites, com minha pastinha, pilotando a minha Honda Biz (com tudo ela combina, só não rima é com posto de gasolina), um sonho muito legal. Ou ficar caminhando, vendo os carros e pensando no dia em que eu puder dirigir. Contudo eu fico apenas nisso. Apenas saboreando o doce pela vitrine sem pensar em como vou fazer para comê-lo de verdade.
E faço isso por medo, por covardia, porque é muito mais fácil apenas observar, pois participar exige sacrifícios, esforço, exige que eu passe por coisas as quais as vezes não vou querer passar. Coisas cansativas, desagradáveis. Então para evitar sofrer, para evitar me estressar eu sempre opto por apenas ficar fantasiando as coisas, "como seria legal se...".
É o que está acontecendo agora. Desde que tomei essa última decisão, que vai exigir que eu mude, que eu seja mais ativo e menos sonhador, estou passando por maus bocados. Minha cabeça não pra de pensar nisso um segundo sequer e pior, estou fazendo disso um problema. Já até pensei em desistir, mas não vou fazê-lo, não vou fugir a luta e dar motivo às pessoas que me odeiam para me criticarem. Quero mostrar pra elas que não sou o fracassado que elas me julgam.
Gostaria muito de ser o tipo e pessoa que não faz as coisas pelos outros, mas por si mesmo. Só que isso acabou se tornando da minha natureza. Tenho uma necessidade muito grande de além de me provar, provar aos outros também que sou tão capacitado quanto eles, que posso conseguir as mesmas coisas que todos conseguem. Eu não sei o que há comigo. O fato é que tenho a necessidade de que as pessoas me notem, que saibam que eu existo e do que sou capaz. É como se nada do que eu conquistasse, mesmo a nível pessoal, tivesse verdadeiro valor se não tiver alguém pra testemunhar isso. É como se fosse uma coisa vazia. É como se bem no dia em que o homem foi pra lua, todos os meios de comunicação do globo tivessem pifado e ninguém o visse nem ir nem voltar. Pra mim é como se, caso não haja testemunhas, caso não haja um registro do que houve, nada tivesse valido a pena ou acontecido de verdade.
Essa sensação de que preciso compartilhar minha vida com alguém sempre foi muito presente e forte em mim. Talvez alguns confundam isso com arrogância, prepotência, querer se mostrar, sei lá, mas não é nada disso.
Bom, por hora, sem mais. Tenho andado tão tenso com a decisão que tomei que nem consigo pensar direito. Espero conseguir superar isso como superei muitas coisas até agora. Poder lembrar dessa sensação de medo um dia e rir dela.
Não existe futuro exceto o qual fazemos.
3 Divagações
Olá! Fiquei contente em saber que há algo novo para tirar o seu sono..rs,rs.. mas não penso que seja indigno vc ter ajuda dos outros, um pontapé, como vc diz. Acho muito mais digno assim, admitir que não vivemos sós e todos precisamos do outro o tempo todo. E o resto é normal, eu estou agora pensando em fazer novamente minha carteira de motorista, é um grande desafio para mim, nem durmo, pois tenho medo de dirigir. Mas pedi ajuda profissional e sei que se não dirigir, pelo menos mais uma vez eu tentei. A ansiedade pelo novo existe sempre, é preciso matar muitos leões, todo mundo é assim, não se apavore. beijos. Mary
ResponderExcluirCara, eu acho, veja bem, eu apenas acho, que alguém, em um dado momento, lhe soprou algo no ouvido; e justamente naquelas fases que absorvemos a tudo; e lhe disse que você não era algo; e você anda querendo provar que é. Isso é normal cara, todo mundo tem medo. Dizem que quem tem céu tem medo. Não é?
ResponderExcluirMas agora eu quero ver essa galera boa de critica vir a um blog e colocar com tanto estilo e sinceridade uma postagem deliciosa como essa que colocou, Eduardo.
Estarei torcendo para você arrebentar com sua nova empreitada, ganhar um Oscar, um Nobel, e um Jabuti, cara.
Abração do Jefhcardoso do bom http://jefhcardoso.blogspot.com .
Pode estar certo que o seu perfil "Alguém que está tentando se encontrar" é o mesmo que o da maioria das pessoas. Alguns em maior grau, outros em menor. Pode estar certo que a descrição dos sentimentos que você fez neste post é a mesma de tanta gente. Alguns em maior grau, outras em menor. Alguns assumem sentimentos assim, outros não, mas esteja certo, quem se assume, mergulha em si mesmo sem pudores, ainda que sentindo medo, tem infinitas chances de vencer. Questionamentos e dores fazem parte do processo e ainda que pareça longo, acredite, é o caminho mais breve para a superação. Bjs
ResponderExcluirMuito obrigado por comentar. Sendo contra ou a favor de minhas opiniões, as suas são muito interessantes para mim. Tenha certeza!