4

Sobre férias frustradas, vislumbrar colégios, pó invisível e RPG's clássicos.

domingo, 25 de julho de 2010

Lá se foi o primeiro final de semana após o início das férias e eu continuo sentindo como se não estivesse de férias coisa nenhuma. O mau de ser uma pessoa extremista e sitemática é que eu gosto das coisas exatamente como elas foram feitas para ser. Trabalho é trabalho, você faz o que é
pago pra fazer, mas quando você entra em férias precisa fazer com que elas façam jus ao nome que tem, férias. Você tem que passear, se divertir, se distrair, pra depois voltar a trabalhar bem animado e relaxado, sentindo que você aproveitou bastante a sua folga.
Tudo o que tenho feito é caminhar nos mesmos lugares todos os dias, encher o cú de cerveja e amendoim, ficar na frente do computador olhando pra tela a toa ou dormindo até as 10:00h da manhã. Isso pra mim está anos luz de serem as férias que eu queria. Vou voltar a trabalhar no mês que vem completamente frustrado, pois estou tendo e sinto que continuarei a ter a sensação de que foi um mês perdido na minha vida.
Ter ido ao Anime Friends em São Paulo não me ajudou em absolutamente nada e nem me deixou feliz, passei o dia completamente sozinho lá, vagando pelos estandes da feira e comprei as coisas que comprei apenas para ver se conseguia enganar a minha solidão e frustração. Não vou dizer que não foi legal viajar e ver as coisas que eu vi, mas eu já fui pra viagem deprimido e sentindo muita solidão, passei o dia todo assim lá e voltei do mesmo jeito, se não pior.



Na semana passada saí com um amigo e juntos fomos ao nosso antigo colégio técnico. Ele para pegar o diploma e eu para saber quem é o atual coordenador de estágio. Quando descemos do ônibus e vislumbramos o colégio, que por sinal mudou muito pouco, olhamos um para a cara do outro e confessamos sentir uma sensação estranhíssima, como se não quiséssemos estar ali, algo do tipo "não pertenço mais a esse lugar, quero ir embora". Foi estranho para mim e bastante desconfortável entrar naquele lugar e rever tudo, enquanto meu amigo resolvia os assuntos dele na secretaria eu fiquei olhando lá fora, correndo os olhos pelo colégio e de repente tudo voltou, tudo o que eu passei lá, que foram muitas coisas boas sim, mas ao final, muitas coisas ruins também. Pude ver as pessoas andando pelos corredores, as vozes dos meus colegas de sala, pude ver seus rostos e me lembrei tanto de dias ótimos quanto dos dias em que quis morrer ali, deitado no banco perto dos bebedouros, chorando enquanto meus amigos estavam tendo aula na sala. Eu não deixei ele perceber, mas se não fôssemos embora dali logo eu acho que acabaria chorando novamente. Aquele colégio hoje para mim nada mais é do que o símbolo de coisas que poderiam ter sido e não foram, símbolo dos meus erros e da intolerância das pessoas. Quando opto por deixar alguma coisa pra tráz, ser obrigá-do a vê-la novamente me faz muito mal. Isso vale tanto para lugares quanto para pessoas.

 

Tenho me sentido doente em todos os sentidos, mental e fisicamente. Me sinto descabelado, parece que a minha pele está horrível, minhas orelhas maiores, sinto meu corpo desproporcional, distorcido. Por mais que eu tome banho e me esfregue estou com a sensação de que estou sempre sujo, coberto por um pó invisível. Tenho me sentido fraco, sem vontade até mesmo de caminhar, parece que meu corpo está mole, pedindo para deitar. Até mesmo ir nas aulas é um martírio. Todos os dias nos quais acordo de manhã e sei que tenho aula pra ir já me dá vontade de chorar. Foi assim também quando tentei fazer o cursinho pré vestibular no ano passado. Passei várias semanas correndo atrás de documentos, de comprovantes pra poder entrar no cursinho, mas depois que comecei senti um vazio tão grande, uma vontade de sumir. Estar naquela sala com todas aquelas pessoas estava me torturando. As únicas três pessoas que eu conhecia lá eram três rapazes que estudaram comigo no colégio técnico, mas o fato é que eles no cursinho mal me davam atenção ou conversavam comigo se eu não puxasse assunto e isso me deixou ainda mais acabado. Tá certo que a gente está num cursinho pra estudar, não pra bater papo, mas tudo o que eles faziam e falavam era de vestibular, vestibular, vestibular. Sim, eles passaram no vestibular e hoje estão fazendo faculdade e eu desisti no meio do cursinho após uma crise de pânico durante a aula. Não, não gritei, não chorei nem fiz nenhum escândalo, apenas fiquei o tempo todo de cabeça baixa, com falta de ar e morrendo de dor de cabeça. Cheguei a pensar que fosse ter um treco.

 

Saí no sábado com a minha prima mas pela primeira vez não me senti bem ou satisfeito como nos outros dias. Não sei, foi um dia meio morno, parado. Fomos ao cinema assistir predadores, tipo de filme que eu adoro, mesmo sendo clichê, mas que ela não gosta, acha ridículo. O mau de ser uma pessoa extremista e sitemática é que eu gosto das coisas exatamente como elas foram feitas para ser. Eu senti como se, sei lá, ela apenas tivesse ido ver o filme para ocupar o tempo dela. Ela até nem ligou de perder os primeiros 10 minutos de filme, comprando pipoca lá fora e isso me incomodou. Quando estou acompanhado de alguém, gosto de sentir que a pessoa está mais ou menos em sintonía comigo. Sei que ela não foi ao cinema forçada, não foi assistir ao filme forçada, mas sabe quando você meio que percebe que a pessoa não está fazendo muita questão daquilo? Não sei explicar o que houve, tipo, parece que tudo aconteceu meio rápido e sem sal. Fomos ao cinema ver um filme o qual ela não fazia questão, depois saímos dali, fomos ao Mc Donalds e logo depois já voltamos pra casa. Eu não sei o que faltou nesse sábado, mas sinto que faltou algo. O problema é que tanto ela quanto eu não andamos muito bem ultimamente. Ambos estamos bastante abatidos psicológicamente por uma série de fatores e isso acho não é uma das coisas mais animadoras do mundo. Ao mesmo tempo em que me preocupo com os meus problemas, também passo a me preocupar com os dela e fico meio sem reação.

 

Passei o domingo sozinho. Sabem aquele velho ditado que diz "cuidado com o que você deseja, porque você pode conseguir"? Pois é. Eu gosto de ficar sozinho, gosto de ter a minha privacidade, mas eu descobri que gosto de ficar sozinho desde que tenha algo interessante pra fazer sozinho e atualmente não existe nada no mundo que me interesse além da companhia de um amigo verdadeiro, coisa que acho eu, não existe. Certa vez, assistindo ao filme Inteligência Artificial, o personagem gigolô Joe disse pro garotinho: "Eles não amam você, eles amam o que você faz por eles!". E com o tempo fui vendo que isso é verdade. As pessoas só amam você enquanto você corresponde às expectativas delas, enquanto você pensa e age da forma a qual elas consideram a mais certa. Por isso não acredito mais em amizade, por isso desprezo os casais de namorados que se dizem apaixonados. Sua namorada ou seu namorado não ama você, ele ama apenas o que você vem fazendo por ele ou ela, afastando a solidão, dando um afago, confortando, satisfazendo o prazer carnal. As pessoas confundem amor com carência o tempo todo. Inclusive eu mesmo. Passei o domingo de manhã vendo pornô na internet, lavando a louça e arrumando gavetas. Até pensei em ir ver uma exposição de filhotes no parque da cidade, mas aí parei e pensei "pra que?". Não há nada que eu queira fazer lá.

 

Esquentei um pedaço de lasanha na hora do almoço e tomei mais uma das minhas latinhas de cerveja muito forçadamente. Ando bebendo por puro mazoquismo, sem prazer nenhum apesar do calor. Depois baixei um jogo antigo da internet, Final Fantasy 1, do extinto video-game Nintendo 8-BITS. Foi o 1º RPG que joguei na vida e que me fez ficar viciado, e como hoje em dia você pode jogar video-games antigos através de emuladores no PC, decidi matar a saudade.
Tentei fazer uma caminhada na parte da tarde, mas estou tão deprê por esses dias que não suportei subir nem 10 quarteirões. Voltei, fui a padaria comprar mais porcarias gordurosas pra comer e terminei meu dia na frente do PC a toa.
Eu queria muito que algum dos meus velhos amigos do colégio técnico viessem conversar comigo, compreendessem meu problema, mas depois de três anos tentando explicar e acabar sendo mal interpretado, julgado e posto de lado, é perda de tempo esperar que algúm dia isso ainda venha a acontecer.
Bom, sem mais. Além de eu não ter muito o que escrever nessas férias, pois meus dias tem sido um marasmo total, notei que poucas pessoas tem comentado no blog esses dias, então vou ficando por aqui. Um abraço a todos e espero que tenham uma boa semana.





Adicionar aos Favoritos BlogBlogs

Bookmark and Share

4 Divagações

  1. Acho que amor tem que ser correspondido (não no sentido causa-efeito, mas no sentido de que somente seremos felizes amando se as pessoas deixarem . O amor verdadeiro, só vem com o tempo, daí a necessidade das brigas para reatarmos os relacionamentos e percebermos o quanto as pessoas são importantes para nós. MAs somente percebemos que as pessoas são importantes para nós, quando notamos que elas são importantes porque nos deixam fazer parte de sua vida. Fazer parte da vida no sentido amplo da palavra, não de ficar sempre ao seu lado, mas de saber que você traz boas recordações a elas e tem delas também. As amizades são estranhas, tem o lado social, tem o lado afetivo, e o emocional. O emocional é o mais forte, transcende o tempo. E este lado emocional somente desperta quando a coisa aperta e você repara que tem uma quantidade de amigos igual aos dedos da mão direita (ou esquerda) , mas eles te apoiarão a hora que for preciso,sem cobrar algo aparente, apenas que aceite o apoio.

    ResponderExcluir
  2. Entendo essa sua solidão, acho que eu sempre confundi carencia com amor, e essa frase que vc usou do filme A.I. me fez ver que certas pessoas só estão comigo quando eu tenho algo interessante para dar algo em troca, mas quando eu só quero a companhia e alguém pra conversar, "desculpe vou dar uma saidinha ok?" sinto falta das nossas conversas...

    ResponderExcluir
  3. Entendo tudo isso perfeitamente, e como entendo e sinto isso. Chega uma hora que vemos que essa solidão que mtas vezes parece um momento nobre, é tbm a incapacidade e medo de olhar para o presente e a realidade. Afinal de contas, td é dor. Você dorme com fantasmas, acorda e vive rodeada de fantasmas.

    Acho q outro dia comentei com vc pelo MSN q tava meio assim tbm. Sem vontade até para pentear os cabelos. Essa vida é tao insconstante e as vezes saber disso parece ser um consolo, rezo e vivo na esperança para q essa dualidade entre querer e nao querer passe. As vezes até passa...
    Tão jovens e tão cheios de marca...

    Pois é... vivemos na espera de dias melhores. Msm tendo a impressão que não chegarão..

    ResponderExcluir
  4. Olá, Eduardo!Se sentir só é ruim, mas sentir-se só acompanhado, acredite, é pior. Eu até assito predador, gostei do último, mas tb não sou fanática. Mas acompanho meu marido que gosta. Eduardo, gostar do outro de verdade é assim; uma troca mesmo, cada um espera algo do outro, todos somos assim, até tem gente que apenas se doa, mas chega num dado momento que cansa. Amigos de verdade existem poucos, mas é assim mesmo, não é fato que acontece exclusivamente com você.
    Ah, em meu blog tb há menos comentários, é a tal da troca, como não tenho mais tanto tempo para visitar e comentar toda hora, tb não recebo visitas ou comentários como antes, de 100 passaram a bem menos de 50. o povo é f...
    Beijos e fique bem.

    ResponderExcluir

Muito obrigado por comentar. Sendo contra ou a favor de minhas opiniões, as suas são muito interessantes para mim. Tenha certeza!