Sobre animais de focinho luminoso, chutar bundas, músicas retrô e peitinhos.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Subindo até a locadora no domingo passado foi que me dei conta de que daqui a pouco já é natal novamente. Passei na padaria para comprar um delicioso picolé Magnum Gold ® e vi que já tinham panetones pra vender no balcão. Eu adoro panetones, sou enlouquecido pelo seu
atraente sabor e textura, mas com o passar dos anos o natal e o ano novo foram perdendo os seus atrativos para mim. Os últimos anos tem passado rápido demais, mais rápido do que eu consigo administrá-los. Nos últimos anos não tenho comemorado nada, depois que cresci comecei a achar tudo uma perda de tempo muito grande, o natal perdeu aquela magia que eu via quando era moleque. Adorava ver aqueles especiais de final de ano na TV, A rena do nariz vermelho, He-Man e She-Ra especial de natal, filmes clássicos, tudo era muito mágico, o próprio cheiro do ar era diferente na época. Na verdade o caso é que as cousas não mudaram, a gente é que muda, cresce e passa a ver as tudo de forma diferente, com certeza muitas crianças hoje tem a mesma sensação gostosa que eu tinha quando era pequeno. Mas pra mim atualmente o natal e o ano novo não passam de datas que me fazem lembrar que os anos estão indo embora e indo rapidamente, que mais 365 dias se passaram e pelo menos do meu ponto de vista pouca coisa mudou pra mim. Estou ficando mais velho, mais frustrado, mais dolorido e tendo a impressão de que lutar tanto por tanta coisa no final das contas é um desgaste muito grande. Invejo as pessoas que se contentam em levar uma vida simples e sem abições.

Uma avaliação curta e grossa da minha primeira semana ociosa? Entediante. Principalmente nos finais de tarde, quando o sol está se pondo. Finais de tarde pra mim são como o natal e o ano novo, apenas um anúncio de que mais um pouco do tempo escorreu pelos meus dedos feito areia fina demais. No sábado a noite quase saí pra um barzinho com meus primos, mas o problema de ser extremista e sistemático demais é que você acaba sendo dominado e preso pelos seus próprios instintos. Eu sou extremamente metódico, acho até que devo sofrer e TOC (transtorno obsessivo compulsivo), que óbvio, adquiri depois de crescer e ver que o mundo é complicado. Eu gosto das coisas em seus devidos lugares, na hora certa e do jeito certo. Gosto de planejar tudo com antecedência, mesmo quando sei que isso não adianta, para poder me sentir tranqüilo em relação a uma determinada cousa. Se vou no cinema por exemplo, não gosto de entrar muito cedo na sala e ficar lá sentado olhando aquela tela vazia e ouvindo aquelas músicas retrô, mas também odeio chegar atrasado na sessão. Gosto de chegar bem no momento em que ligam o projetor e começam os trailers. Adoro trailers, quase tão legais de se ver quanto o próprio filme. Mas o lance é que como dizia, sou metódico demais, quando vou sair com alguém eu gosto de combinar tudo com horas de antecedência, de preferência com dias, pra poder me organizar legal, tirar uma grana do banco, me arrumar como se deve, essas coisas. Meus primos me ligaram no sábado já eram quase 23:00h, tudo bem que nesse horário a noite só está começando, mas eu detesto ser pego de surpresa em qualquer situação. Além do que, minha prima foi com o namorado dela e meu primo levou um amigo e apesar de eu e meus primos nos darmos muito bem desde sempre, eu me sinto deslocado e no caso, teria que levar uma companhia pra mim também.

Tenho acordado muito dolorido nos últimos dias, acho que mais por causa da melancolía de estar sem emprego do que pela má postura. Sempre andei curvado a minha vida toda por causa do meu complexo de inferioridade, sou magro, mas desde bem criança eu sempre tive peitinhos salientes, tetinhas. Por conta disso sofri muito bullying no colégio, as meninas tiravam sarro da minha cara e os garotos viviam beliscando meus peitos e dizendo que eu tinha que usar sutiã. Com o tempo comecei a andar cada vez mais encurvado, corcunda, para poder esconder um pouco isso, o que, além de não adiantar muito, ainda me rendeu sérios problemas de coluna. Hoje sofro de dores a maior parte do tempo e até ficar sentado me cansa as costas. Acho que é por isso que hoje fico tão revoltado quando fico sabendo de algúm caso de bullying seja pela TV ou por alguém, tá certo que somos nós que comandamos o nosso destino, mas esse tipo de coisa me faz ver o quanto as pessoas podem prejudicar a vida umas das outras com atos e palavras que podem marcar a gente pelo resto da vida.
No domingo fui votar cedo. Como eram apenas dois candidatos, deduzi que seria fácil e estava certo. A minha zona de votação fica a 10 minutos de caminhada de casa e minha seção é sempre uma das mais vazias em todas as eleições. Entrei, votei, saí e tudo isso em menos de 5 minutos. Minha mãe e minha tia saíram para ir a um chá de bebê logo depois de votarem, eu preferi ficar sozinho em casa mesmo, odeio essas reuniões sociais, aniversários, batizados, chás de bebê, conviver com o resto da humanidade está se tornando uma tarefa cada dia mais chata e cansativa pra mim, as vezes queria que o mundo fosse dizimado por uma praga bíblica e que eu fosse o único sobrevivente na face da Terra. Teria que fazer como no filme Eu sou a lenda e conversar com um bando de manequins, mas pelo menos não teria mais que aturar um monte de coisas típicas dessa raça chata e ainda por cima poderia andar pelado onde eu quizesse.

Aproveitei que fiquei sozinho em casa e subi até a locadora (vide começo da postagem). Queria pegar qualquer porcaria só pra passar o domingo, as vezes é gostoso deitar no sofá, sozinho em casa, sem conversas de terceiros e colocar um filme pra assistir. Como disse, qualquer coisa pra mim estaria ótimo, mas pra minha surpresa assim que entrei na locadora vi um filme que queria muito ter ido ver nos cinemas mas não fui, trata-se de KICK-ASS, QUEBRANDO TUDO.
Kick-Ass é originalmente uma série de histórias em quadrinhos famosíssima e ganhadora de prêmios, escrita por Mike Millar e desenhada por John Romita Jr. Kick-Ass conta a história de David Lizewski, um típico adolescente nerd, desajeitado, fã de histórias em quadrinhos de super-heróis e que mora sozinho com o pai viúvo. Ignorado por todos, impopular e sem perspectiva de vida, David passa a maior parte do seu tempo trancado em seu quarto conversando no Skype com um de seus poucos amigos também nerds, vendo pornografia e se masturbando quase sem parar, até que um dia, depois de ser assaltado com os amigos pela enésima vez, ele revoltado se pergunta: "Por que é que ninguém nunca pensou em ser um super herói?".
Apesar da história parecer clichê e chata ela não o é. O que fez dos quadrinhos um sucesso e gerou essa adaptção pro cinema (que não se compara aos quadrinhos) foi o fato da história ser no mínimo... bizarra. A grande maioria dos personagens são adolescentes e pré-adolescentes politicamente incorretos. A violência extrema tanto nos quadrinhos quanto no filme, litros de sangue jorrando e o grande vocabulário de palavrões por parte dos heróis fizeram a fama da obra, mas que também recebeu muitas críticas negativas, principalmente por parte de pais mais conservadores. Inclusive um dos diálogos do filme que mais me chamou a atenção foi quando o garoto-herói Kick-Ass pergunta para a pequena Hit-Girl de 13 anos, como poderia entrar em contato e ela responde que o prefeito tem um grande sinal luminoso nos céus na forma de um pinto enorme. Hehe...
O fato é que apesar de toda a polêmica, Kick-Ass fez tanto sucesso por se tratar também de uma pesada crítica social à violência dos dias de hoje. Os personagens contemplam um mundo e um tempo onde uma apatia muito grande, uma falta de atitude predominam em relação a tudo de errado que vem acontecendo, crimes, impunidade, injustiça social. Decidem então agir como todo o adolescente age: se vestir de forma extravagante e tentar mudar o mundo a sua maneira.
Defino Kick-Ass como um filme "ácido", quase Tarantinesco (chegando a me lembrar vagamente Kill Bill), recomendo pra quem gosta do gênero, não recomendo para os mais puritanos e moralistas. Particularmente como fã de quadrinhos, me interessei em ler.

Eduardo Montanari

Virginiano, bauruense, Designer, ilustrador e web designer. Amante de cinema, quadrinhos, boa música e outras nerdices. Sonhando com o namorado ideal.

5 Divagações

A Wild Garden1 de novembro de 2010 às 20:06
Quando eu era criança pequena também (agora sou uma criança velha). O panetone era apenas em dezembro, hoje se encontra o ano todo, chocotones e etc... o que tira um pouco a graça das coisas. Por aqui, desde agosto começou a produção das coisas que serão vendidas no natal e a importação de outras tantas. Me admira uma cidade tão pequena ter uma variedade tão grande de coisas. Música retrô igual as da mídia ninguém merece. A trilha da malhação mesmo é para jovens de 76 anos pra cima! Acho que eu ia gostar de Kicks asss!
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Rafaela Andrade1 de novembro de 2010 às 23:47
OI!!!
Força que tudo sem o seu tempo certo. Não se entregue e lute por seu lugar, infelizmente cansa, mas você consegue.

Um abraço
Rafaela
http://www.apenasumponto.blogspot.com/
http://www.apenasumpontoesportivo.blogspot.com/
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Amadeu Paes2 de novembro de 2010 às 08:47
Olá Eduardo, como vai?

Estou ai de novo na área, mas com mais calma, porque a vida anda muito corrida.

Talvez por causa disso é que esta nostalgia natalina bate em nós.

Eu também ando nessa de assistir filmes antigos, assisti Mad Max, A noite dos mortos vivos, fico vendo seriados do Hulk e do Chips.

Talvez isso nos faz lembrar de um tempo sem muitas preocupações.

Um abraço
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Marcos Mariano5 de novembro de 2010 às 13:48
Ola Edu,cara eu compartilho do mesmo sentimento com respeito a natal e fim de ano, quando chega essas datas eu me angustio um pouco, pois sei que mais um ano se passou, como vc disse, quando criança essas datas pra mim também eram motivos de comemoração, hoje em dia ja é diferente, acho que isso deve ter muito haver com o fato de não estarmos completamente realizados, pessoalmente e profissionalmente, acho que pessoas que carregam algum tipo de frustração quando chega essas datas, estão mais propensas a esse tipo de reação, se angustiam e se entristessem, eu sinto um pouco isso.

Cara eu acho que o seu jeito é mais que normal, minha namorada tambem é assim, super organisada, gosta de tudo na hora certa, tudo bem planejado e com antecedencia, eu ja sou totalmento o contrario, sempre chego atrasado, sou desligado e desorganisado vira e mexe agente ta descutindo rsrs, mas o bom é que agente se entende.

cara esse negocio de bullying sempre existiu só que antigamente não tinha esse nome bonito, e nem essa divulgação toda era tido como zuação mesmo algumas de mal gosto, muito mal gosto, nunca fui vitima disso, talvez por que sempre fui alto e ninguem iria querer mexer com um negão de quase 2 metros de altura rsrs, mais cansei de ver garotos no colegioserem vitimas disso.

Cara realmente a luta diaria traz um grande desgaste, principalmente quando se estar sozinho
mas tudo na vida tem um preço, cada montanha tem seu grau de dificuldade, quanto maior a montanha, mais cansativo será, cada um escolhe sua montanha pra subir, uns escolhem as pequenas, outros as medias, eu prefero as grandes
pois sei que o sabor da vitoria sera maior, não desista no caminho amigo continue subindo a montanha que vc escolheu não pare.

nossa isso ta parecendo os ensinamentos do mestre Miague de carete kid rsrs

Cara eu estava louco pra ir no cinema pra ver esse filme,mas aconteceram varios fatores que me empediram, que bom saber que ja chegou nas locadoras vou alugar.

grande abraço
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sateliteabduzido.blogspot.com18 de novembro de 2010 às 10:15
Eu sofri Bullying na infância também. Aliás, acho que isto é milenar. Eu era porque a testa era grande, a boca enorme e me chamavam de 'boca de gamela". Como sofri... e isto é visível em minhas fotos de 8...9 anos. Em todas, como lábio encolhido para não parecer grande o meu sorriso. Agora a Angelina Jolie ditou a moda. Mas só eu sei oque passei. E espero Eduardo que tu fiques tranquilo quanto aos teus traumas. isto faz parte do nosso percurso da vida.
E os panetones...um. Soube de um, na Itália, que o padeiro pendurava no teto os panetones e injetava com uma seringa doses pequenas e diárias de rum-licor, algo assim. Sei que eles eram deliciosos pois uma amiga minha trouxe de lá. Hummm! Atiçou minhas lombrigas!
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