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Sobre nostalgia incurável, cadernos universitários, término premeditado e confiança no amor.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Uma das características da minha personalidade a qual já estou me conformando em jamais me livrar é a minha nostalgia. Realmente sou uma pessoa bastante emotiva quando se trata disso, as vezes me pego lembrando de amigos que fiz na infância, quando tinha nove, dez anos, os quais nem sei mais se estão vivos ou mortos e muitas vezes me ponho a chorar, imaginando que fim levaram e como eu gostaria de revê-los.
Adoraria ser uma dessas pessoas que não se apega ao passado, tenha sido ele bom ou não, mas por mais que eu tente não consigo. Por mais que eu saiba que o passado passou e nunca mais vai voltar, eu sinto que cada coisa que eu viví faz parte de mim e define hoje muito da minha personalidade e das minhas decisões.
Em minha opinião, ser nostálgico traz mais problemas do que benefícios, ainda mais quando você tem a mania de ficar tentando resgatar o passado. Por mais que não queiramos, por mais que lutemos contra isso nós não conseguimos parar o tempo ou deter as mudanças muitas vezes drásticas que ele tráz. Em muitas ocasiões da nossa vida passamos por períodos tão bons que durante eles nos pegamos pensando: "Nossa, tomara que esse momento nunca passe, se eternize". Puro mazoquismo do ser humano, já que sabemos que isso é impossível, mas somos assim, atrás da nossa orelha sempre fica aquela pequena pulga do "talvez, quem sabe se...".
Se eu for listar os meus defeitos posso encher um ou dois cadernos universitários inteiros com eles, talvez até mais. Auto-piedoso, rancoroso, vingativo quando posso, agressivo, manipulador. Interessante como as pessoas só te julgam pelos seus defeitos, mas nunca param pra se perguntar por que você os tem, o que é que tornou você assim. Sou um espírito enormemente imperfeito, sou sincero nos meus pontos negativos, mas em contrapartida o sou ainda mais nos meus pontos positivos. Posso por exemplo, manipular você para fazer com que você goste mais de mim, puxar o seu saco, lhe dar presentes, lhe elogiar, fazer coisas por você que as outras pessoas não fariam. E imediatamente após ler essa última linha você pode dizer: "FALSO!".
Todavia é comum nas pessoas sempre vislumbrarem apenas as duas pontas da corda, mas nunca a sua extensão total. As pessoas enxergam a coisa automaticamente pelo lado negativo, se eu por exemplo tento lhe agradar, puxo o seu saco, lhe dou um presente, tento te fazer gostar mais de mim é porque alguma coisa eu quero de você, alguma coisa geralmente negativa, seja alguma informação, seja um benefício. "Alguma coisa esse cara está querendo de mim e isso não parece ser bom".
Eu não me considero uma pessoa falsa. Na minha concepção, ser falso é você fingir ser alguém que não é, exemplificando e simplificando, fingir gostar de uma pessoa quando na verdade você não gosta dela nem pintada. Na verdade, dizer que não sou falso não é o correto, todos o somos de acordo com a nossa conveniência. Sempre fui falso com alguns professores, um ou outro "colega" de trabalho, simplesmente por que a conveniência social exige. As vezes somos obrigados a conviver um tempo com determinadas pessoas mesmo que não gostemos delas e para evitar maiores conflitos, bem, acabamos mesmo por reperesentar um papel. Atire a primeira pedra quem ousar dizer que nunca fez ou faz isso. Mas acredito eu que uma pessoa realmente falsa é falsa o tempo todo, porque gosta de ser, porque é da natureza dela ser.


O fato de você primeiro gostar e depois desgostar de alguém não pode ser comparado com falsidade, se assim fosse, todos os ex-namorados, ex-casados, ex-amigos seriam então falsos sem exceção. Com certeza por exemplo, alguns de vocês devem ter ex-namoradas ou namorados, pessoas com quem não querem mais assunto, mas se eu lhes perguntar se durante o seu período de namoro ou de amizade vocês então estavam sendo falsos, vão me responder que sim? Eu acredito que não. A coisa talvez chegou a um fim por esse ou aquele motivo, talvez até uma discussão ou briga definitiva, mas isso não significa em hipótese alguma que durante o tempo que a coisa vingou, tudo o que se passou não foi sincero.
Das muitas coisas que ouvi dos meus antigos amigos depois que me "revoltei" e decidi me afastar deles, depois que fiquei com raiva deles, sim, porque fiquei com raiva, uma das que mais me marcou foi: "Eu realmente não esperava que você fosse uma pessoa assim. Se fez de tão amigo de todos durante 3 anos para depois sair agredindo todo mundo". Opa, opa, opa, por favor volte a fita um pouco. "Se fez de tão amigo de todos durante 3 anos", não, isso não. É mais ou menos como você chegar para o seu ex e dizer: "Oras, se você no final das contas terminou comigo, porque aceitou me namorar de início?". Então houve falsidade? O namoro apenas começou para se seguir de um término premeditado? Não é preciso ser gênio nem muito filósofo para se deduzir que não, não é mesmo? A vida muda, o tempo muda, as pessoas mudam e com elas seus sentimentos e sua maneira de ver as coisas. O seu passado pode moldar o seu futuro, mas seus atos do presente de forma alguma influenciam o seu passado. Se você não gosta hoje, por que não pode ter gostado antes e vice-versa?
Como já disse, sou sincero nos meus pontos negativos, mas em contrapartida o sou ainda mais nos meus pontos positivos. Não duvide de mim quando eu digo que realmente amei você, que realmente considerei você, repito, as vezes até mais do que a eu mesmo. Estranho como as vezes as pessoas adoram fazer citações mas nunca se espelham nelas. Citar Raul Seixas é fácil, frases muito bonitas, muito inteligentes, "se hoje eu lhe odeio, amanhã lhe tenho amor, eu prefiro ser essa metamorfose ambulante". Vejo pessoas tirando isso no violão e escutando o CD o tempo todo, achando tudo muito sábio, mas sempre passando pela porta e esquecendo o rabo nela. Se ontem eu lhe amava hoje posso não amar, se hoje lhe odeio amanhã lhe tenho amor novamente, não confundam isso com falsidade. Não é difícil queimar um pouco de miolos e refletir um mínimo mais a fundo, tentar entender, embora até hoje só tenha encontrado pessoas indispostas para tanto. É aquela história de só ver as duas pontas da corda e não o seu todo.
Acreditem ou não, pra quem a carapuça servir, eu realmente gostei de vocês. Em um ou outro caso eu realmente amei vocês. Cada dia que passamos juntos, cada refrigerante e salgado dividido, cada centavo emprestado, cada confissão feita. Provar isso? Eu não posso, não há nada que eu possa fazer para lhes dar 100% de certeza disso, vocês teriam que confiar em mim e no amor que eu tive por vocês. E é a falta dessa última parte que me dói.







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4 Divagações

  1. Muitas vezes, tudo muda sem muita coisa mudar.
    Me pergunto as vezes pq raios temos criar elos e nos apegar, e um dia ir embora.

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  2. Boas lembranças é tão bom para a alma. Eu e meus dois filhos sempre lembramos da casa da praia, onde passaram grande parte da infância. Das árvores, do parquinho de madeira que meu cumprade fez, das brincadeiras com os cachorros (coitados, esses eram sempre os bandidos hehehe), da piscina de 2 mil litros na varanda - ah, que saudade, como era bom.
    No entanto a vida vai passando, vamos aprendendo - as vezes não né? - e quando nos damos conta estamos em outro tempo.
    Amo lembrar coisas que já se passaram: amizades, músicas, primeiro beijo, primeira transa, porém é necessário Eduardo, vivermos também intensamente o presente, para no futuro termos boas lembranças do passado. Lembre-se disso!

    Amei seu blog, seu post e seu jeito gostoso de escrever.

    Abraços da Kekel

    www.aspalavrasquemedefinem.blogspot.com
    www.quemmoradentrodemim.blogspot.com

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  3. Deus me livre de eternizar o que quer que seja. O momento só é bom porque passa. Eu hein? E eu sou a campeã de ter amigos mais falsos que notas de 30 reais. Imagine eternizar uma vida que já veio com um urubu sobrevoando!!!!!!!

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  4. Todos nós somos um pouco nostágicos...
    Uns deixam transparecer; outros guardam só par si.
    Lindas páginas.
    Parabéns!!!

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