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Sobre genocídios, curtir a vida, NÃO curtir a vida e perguntas sem respostas.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Onze de fevereiro de 2011 e eu continuo gostando muito do meu trabalho. Essa semana finalmente consegui finalizar uma arte que comecei logo no meu primeiro dia. Uma tela para um programa da empresa que rodará nos Ipods Touch em vários lanchonetes e restaurantes por aí. O cliente faz o
pedido na mesa, o garçom anota no Ipod e tudo fica registrado certinho na hora de cobrar. O serviço em si não é inovador, mas rodar um programa desse tipo num Ipod da Apple e ainda por cima com um design meu, isso é muito, muito bacana mesmo. Infelizmente por ordens do chefe eu não poderei divulgar nenhuma tela do trabalho, mesmo as não aprovadas, normas da empresa contra plágio, mas logo terminarei o layout do site e esse sim poderei colocar no meu portfólio, afinal, vai estar disponível pra qualquer um mesmo. Por hora fiquem com o site antigo da empresa e se conhecerem alguém que se interesse pelos nossos produtos, tá valendo: Site Ótium2 - Tecnologia. Visitem. Quando eu terminar a nova versão, quero ver vocês visitando também.
Embora minha vida profissional esteja boa, minha vida pessoal é que está em frangalhos. Mesmo produzindo no trabalho, me sentindo útil, ainda assim uma angústia filha da puta fica apertando meu peito, me dando falta de ar, uma solidão e uma carência malditas. Na quarta passada trabalhei me sentindo meio estranho durante toda a tarde, sem saber bem o que estava sentindo. Depois, durante a caminhada de volta pra casa no final da tarde uma tristeza muito grande tomou conta de mim. Afinal o que estou fazendo? Pra que estou vivendo, acordando todos os dias? Qual o sentido de eu estar aqui? Eu não aproveito a minha vida, não faço o que eu quero, não sou como eu realmente quero ser, me reprimo de todas as formas possíveis, não tenho vida social, nem amigos com quem possa realmente contar quando eu preciso (só quando eles estão dispostos), tudo o que tenho feito é trabalhar, voltar pra casa, dormir, trabalhar de novo e pagar contas. Essa semana minha mãe apareceu com um boleto de supermercado de mais de R$ 350,00 que eu serei "obrigado" a pagar sozinho. Fazer o que? Que remédio? Fico vendo as outras pessoas seguindo suas vidas, se divertindo, passeando, namorando, casando, enquanto tudo o que eu faço é passar os finais de semana em casa vendo TV ou sendo obrigado a sair sozinho porque não tenho ninguém pra chamar. Paro e vejo que já estou com 34 anos e até agora não fiz nada da minha vida, não tenho vivido, apenas sobrevivido, enquanto outras pessoas bem mais novas que eu já passaram por coisas que eu ainda nem sonho. E quanto mais eu penso nisso mais eu as invejo e as odeio. Não consigo controlar isso.

Você sente como se estivesse ligado no automático, não sente prazer nenhum em nada do que faz e nem fica feliz pelas próprias realizações. Tenho acordado por acordar, trabalhado por trabalhar, porque preciso pagar contas, fico na internet por ficar, pois pouqíssimas coisas me interessam nela, alugo filmes por alugar, vou na lanchonete comer um lanche sozinho apenas para passar o tempo. Que vida é essa? Qual o sentido disso tudo? Estou cansado das pessoas ficarem me dizendo "faça coisas que lhe dêem prazer". Oras, o que posso fazer se nada me dá prazer, nada me satisfaz, tudo o que eu tento fazer pra afastar essa tristeza e essa solidão parece inútil? Sinto que a minha vida é e continuará sendo apenas um amontoado de perguntas sem resposta.
Tenho tentado reatar velhas amizades, já que vivem dizendo que sou tão intolerante e difícil, mas tentar isso só está me fazendo sentir mais com cara de palhaço, não consigo entender realmente o que as pessoas querem de você. Se você não age de acordo com o que elas acham correto, se desagradam e afastam-se de você, todavia mesmo que você reconheça os seus erros e tente corrigí-los, pedir desculpas e tentar ser mais como elas esperam que você seja (o que é um erro), ainda assim elas não se mostram satisfeitas. E tentar decifrar as pessoas é uma tarefa extremamente cansativa.


Embora eu tenha dito que alugo filmes por alugar, os assisto por assistir, isso não é totalmente verdade. Ainda gosto muito de filmes, principalmente quando mexem com meu emocional, como foi o caso dos dois últimos que vi e dos quais falarei aqui. É gozado como as vezes vemos alguns filmes quando crianças, gostamos deles, achamos "legal" mas ainda assim não captamos tudo o que a história quer nos passar, foi esse o caso de Curtindo a vida adoidado (Ferris Bueller's Day Off). Eu nunca me esqueci desse filme sobre o garoto malandro que se finge de doente para matar um dia de aula junto com a namorada e seu melhor amigo Cameron. Com certeza quem já assistiu jamais vai esquecer a cena do desfile empolgante onde Ferris canta Twist and shout, dos Beatles, mostrando que a vida é mais do que obrigações, responsabilidades e que se não vivermos um pouco vamos acabar velhos, frustrados e cheios de arrependimento (um dos meus maiores medos). Achei o filme legal na época porque é divertido, cheio de tiradas engraçadas e toda aquela ingenuidade dos anos 80, a qual sinto muita falta nos filmes de hoje. Mas assistindo novamente na semana passada (e me deliciando com cada minuto), pude hoje, mais maduro, perceber o que realmente cativou toda uma geração de fãs, que foi justamente a mensagem de que sim, temos que ter responsabilidades, que pensar no futuro, mas que se você se prender demais a isso pode acabar não curtindo a vida e que as vezes temos que deixar os nossos medos e inseguranças de lado para conseguirmos dar um passo adiante, como no caso do personagem Cameron, nerd tímido, inseguro e covarde, com medo da vida e do pai autoritário, mas que ao final percebe que não pode sempre fugir das coisas que precisa enfrentar. Eu recomendo esse filme, que hoje em dia pode ser achado facilmente por pouco mais de R$ 10,00 em quaisquer lojas que comercializem DVD's.



Um outro que recomendo muito, muito mesmo, ainda mais pra quem é fã de animação, é um que na verdade pensei que só existisse em quadrinhos. É antigo, do ano de 1983. Gen, pés descalços (Barefoot Gen / Hadashi no Gen).
O quadrinho de Hadashi no Gen, obra da década de 70, é um dos maiores clássicos da narrativa seqüencial japonesa, lançado em mais de dez países e com 5 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo. Gen ganhou versões para cinema, desenho animado e até mesmo uma ópera. A história fala sobre o dia da explosão nuclear em Hiroshima. O ponto central é um garoto chamado Gen. Este deve lhe dar com a sorte após a explosão. O anime mostra muitas cenas fortes, que nada mais são do que a realidade dos fatos que podem ser encontrados em vários filmes. É um anime mais forte que o clássico Túmulo dos Vagalumes, ou seja, é um anime de tirar lágrima de rochas.
Abaixo um trecho da animação, o momento exato da explosão da bomba na cidade de Hiroshima, lançada pelos americanos. Mesmo com poucos efeitos especiais para a época, Gen, pés descalços é mais do que um anime, é um documento histórico.




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6 Divagações

  1. Edu, fique feliz por sair sempre sozinho. Não tem nada pior que ter mil pessoas pra sair com você e um dia elas todas formarem um grupelho e você se ver, sem saber porque (ou melhor $$$abendo até demai$$$$), excluído e tendo que passar a viver micada, como eu. Fora as mentiras que eles passam a divulgar e as perseguições cibernéticas. Antes só!

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  2. Edu quando vc fez esta afirmação;"Estou cansado das pessoas ficarem me dizendo "faça coisas que lhe dêem prazer", fiquei meio sem graça!
    Pois me lembro de ter recomendado tal coisa para você, e peço desculpas se não resolveu muita coisa.
    Só gostaria de te lembrar que não existe nenhuma formula mágica ou milagrosa para resolver qualquer tipo de problema.
    Se realmente tens vontade de mudar porque está cansado do estilo de vida que tens, decida.
    Está em suas mãos,do contrario reclamar só vai te deixar pior do que já estava.
    Podemos tudo quando decidimos algo, é claro que não é só querer, a decisão sem uma ação é neutra.
    Não presta para nada, já passei por esta fase, e sabe o que um desconhecido me ensinou?
    Ele falou visite um hospital infantil onde crianças inoscentes estão lutando contra um cancer, visite um asilo de velhinhos abandonados, e descubra que para eles com muito pouco você fará a diferença!
    Concluindo quando ajudamos as pessoas desafortunadas, aprendemos que podemos realizar muito mais coisas do que antes poderiamos ter imaginado.
    Enfim ajudando aos outros ajudamos a nós mesmos!

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  3. Que bom que seu trabalho está dando certo,que continue assim.Não conhecia esse filme Gen,pés descalços.Em Hiroshima existe um museu que tem toda a história da explosão,não conheço ainda,pretendo visitar,dizem que o museu nos traz fortes emoções,alguns até conseguem sentir os espirítos dos mortos,ninguém consegue sair do museu sem chorar ou sentir alguma presença lá,como ainda não fui,não sei se é verdade essas histórias.Aqui os japoneses acreditam muito nessas coisas de fantasmas e espirítos,acho que por isso acabam vendo e sentindo essas coisas,sei lá.

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  4. Depois de muito tempo estou de volta.
    Sempre gostei de vir qui e "ouvir" você. Sei que posso fazer muito pouco , talvez escrev er algumas linhas, mas também pode ser que alguma palavra te faça sentir melhor.
    Bem, vou dizer o que acho de você.
    Por tudo o que escreve, sem disfarces nem querendo agradar ninguém, posso perceber que é uma pessoa ultra sincera. Infelizmente no mundo atual a maioria das pessoas não estão preparadas a conviver com tanta sinceridade. Hoje o que impera é a hipocrisia, o dizer na frente e desdizer por trás.
    Sei como é difícil ficar sozinho quando se anseia pelo mundo todo. Não dou conselhos. Sei que de nada valem, só desejo de coração que encontre a pessoa certa e que seja feliz com ela. Ela pode estar mais perto que você imagina e pessoas especiais como você certamente tem algo muito bom reservado.

    Abraço
    Angel

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  5. Olá Eduardo,
    seus posts são muito profundos e vc muito corajoso por se mostrar.
    Não é fácil se sentir em uma arapuca sem poder sair... Sei disso porque passo por situações muito parecidas com as suas... O que eu faço? Ultimamente tento fazer mudanças minúsculas, mas que fazem o meu dia um pouco diferente... Só pra mudar a rotina, ninguém nota, mas pra mim faz alguma diferença...
    Mas já que vc gosta de filmes, se vc ainda não viu, sugiro que procure nas locadoras "MARY E MAX - UMA AMIZADE DIFERENTE". É uma animação, mas é um dos filmes mais adultos e questionadores que eu já vi! E mostra justamente as dificuldadaes e a beleza das relações humanas!
    Um abraço

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  6. Ola amigo Edu, quanto tempo, saudades desse seu cantinho, fiquei feliz em ler, que esta num bom emprego e que esta gostando.

    Cara, sabe... eu ja me convenci de que tentar mudar o que se é, só gera mas fustração e tristezas,principalmente se for pra agradar os outros, eu acredito que não adianta lutar contra o que vc é, infelizmente nem todos nascem privilegiados, ou aceitamos o que somos e a vida que temos, e tentamos fazer o melhor disso ou sofreremos pro resto da vida, imagino pelas suas palavras o quanto vc sofre meu amigo, e percebo tambem por muitos posts seus que ja li, que vc tem feito muito pra mudar isso, é muito facil chegarmos aqui e escrever um monte de coisas, quando só vc sabe o que esta passando, o que posso te dizer meu amigo, é que em primeiro lugar vc precisa aceitar o que é e a vida que tem,nem todos nasceram para ter milhões de amigos, ter a vida perfeita, acho que os unicos que temos as respostas para os nossos problemas somos nós mesmos, vc precisa encontrar o lado bom da sua cituação.

    eu acho que não existe vida melhor e nem pior
    o que existe são pessoas, com vidas e cituaçãoes diferentes, enquanto ficarmos olhando pra vida dos outros e acharmos que é melhor que a nossa, sempre sofreremos
    a sua vida, a sua cituação, é unica e particular
    se não acharmos prazer na nossa vida do jeito que ela é, sempre estaremos fadados a angustias e tristezas, claro que temos que sempre buscar melhorar,mas se sou solitario, pobre,orfã, desabrigado e etc... o que vai mudar é a forma em que eu encararmos isso, as vezes a nossa vida é um reflexo do que somos por dentro
    quando encontramos prazer na nossa vida por pior
    que ela seja, as soluções para os nossos problemas sempre ficam mas faces de serem encontrados.

    sei que não é facil
    mas tente ver o lado bom da sua vida
    e tirar prazer nisso
    tenho certeza que fazendo assim
    sera mas facil, encontrar a solução
    para os seus problemas

    gostei da sua indicação do Gen,pés descalços
    vou procurar.

    um grande abraço amigo
    sempre que dé estarei por aqui

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