6

Sobre a percepção da mortalidade.

quinta-feira, 17 de março de 2011


Embora seja uma coisa na qual não goste de ficar pensando, às vezes pelo menos para mim é inevitável me pegar refletindo sobre isso, sobre a finitude da vida. De uns anos pra cá comecei a realmente me dar conta disso, observando minha mãe. Você já parou por alguns minutos na sua vida corrida e observou quieto sua mãe, seus pais? Reparou o quanto o tempo passou pra eles? O quanto já não são mais tão jovens, tão ágeis? Não, acho que não, poucos filhos costumam fazer isso. Só vão vivendo, vivendo e achando que os pais vão estar sempre lá. Lógico, sabemos que tudo acaba é que todo mundo morre um dia, mas inconscientemente temos aquele sentimento de negação sempre nos dizendo “mas meus pais nunca”. Um mecanismo de defesa contra o inevitável.
Na quarta feira passada foi um desses dias em que do nada me peguei pensando sobre isso. Minha tia foi dormir fora de casa, pra cuidar dos cães de outra tia que foi viajar, só ficamos então eu e minha mãe.
Acordei na manhã seguinte me sentindo esquisito, como se estivesse faltando alguma coisa. Estou tão acostumado a levantar todos os dias e tê-las comigo, minha mãe passando o café e minha tia cuidando dos canários, que apesar de gostar de ficar sozinho em casa às vezes (por motivos óbvios), tem horas em que me dou conta do quanto minha vida vai ficar vazia sem as duas por perto. Mais do que isso, me dou conta de que isso não é uma questão de “se”, mas sim de “quando”.

Tenho a cada dia me dado mais conta de que um dia estarei realmente completamente só. Tenho família sim, tios, tias, primos, mas o caso é que cada um tem sua vida, sua rotina, todos formaram sua própria família onde eu na verdade, não é que não possa, mas não quero ter lugar. Minha família pra mim sempre foi apenas minha mãe e minha tia, mas ninguém. Foram elas que me criaram, que sempre estiveram comigo e as únicas a quem eu realmente devo algo.
Tenho visto o quanto nos últimos anos elas tem envelhecido a olhos vistos, criando rugas, se enchendo de dores. Minha mãe que antes atravessava a cidade a pé, hoje nem tem mais vontade de sair de casa. Minha tia que sempre cuidou de todo mundo, hoje quase não tem mais forças pra cuidar de si mesma. Apesar de ser completamente natural não deixa de ser assustador pensar que cedo ou tarde vou levantar pela manhã e estarei sozinho. Vou levantar, passar meu café, me arrumar pra ir trabalhar e quando voltar, encontrar a casa vazia, sem a presença das duas, não temporariamente, mas permanentemente.
Adoramos a idéia de morar sozinhos, ter nossa privacidade, nosso espaço, isso é muito cômodo quando sabemos que temos pra onde voltar se necessário, quando sabemos que nossos pais vão estar lá pro nós.
Por mais que nos últimos anos eu venha me preparando pra isso, sabendo que pode ser uma coisa que demore muito ainda ou não, me imaginar completamente sozinho é um pensamento bem incômodo.
Reflexão pra vocês. Olhem pros seus pais, vejam como o tempo passa e percebam através deles sua própria mortalidade.



Mudando de assunto pra terminar a postagem de forma mais amena. Dias atrás ganhei mais um selo. Dessa vez foi da colega blogueira Marcela, do blog Mais do mesmo. Agradeço muito mesmo pela lembrança. Sucesso.
Por regra devo postar o selo e responder a uma série de pequenas questões e depois indicar o selo a alguns blogs que julgue merecedores. Abaixo, minhas respostas e os indicados:

Nome: Eduardo Montanari.
Uma música: Rain - Cid.
Humor: Que humor?
Uma cor: Preto.
Estação: Inverno.
Como prefere viajar: Em boa companhia.
Um lugar: Jardim Botânico de Bauru.
Um filme: Trilogia O Senhor dos Anéis.
Um livro: O Pequeno Príncipe.
Um prazer: Cinema.
Um seriado: Smallville.
Time do coração: Odeio futebol.
Frase mais dita por você: "Queria que... morresse."
Porque tem um blog: Por falta melhor do que fazer, pra provocar pessoas e chamar a atenção.
Sobre o que você escreve: Sobre meus sentimentos.
Escreva a primeira coisa que vier a cabeça:"Oreishituretêtiriúgunda". 
O que achou do selo: Muito bem trabalhado.

Blogs indicados para receber o selo:

Para tudo na vida há uma solução – Paulo Rideaki
Blog in Test – Andressa
Rebobinando Memória – Marcos Mariano
Amanheço brilhando mais forte - Mikaele Ephemeron



Sobre o Autor:
Eduardo Montanari Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design, além de pseudo-web-designer. É formado técnico em informática e sabe estourar pipoca sem deixar muitos piruás sobrando. Semi-nerd assumido (se é que isso existe), gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.


Bookmark and Share

6 Divagações

  1. Eu do final do ano passado pra cá sempre me pego pensando nisso também Edu.
    E fico mais angustiado quando percebo que sou em muuuuuitas coisas dependente deles, sou muito apegado e preso, cada um deles se mostra uma porto em uma área diferente.
    Sei lá... deixa quieto.

    ResponderExcluir
  2. Não é nada fácil pensar em morte... minha irmã morreu. Um vazio. Meus pais estão bem velhinhos, minha mãe doente. Estou longe há 10 anos, mais de 2 mil km. Lembro-me de quando casei, eu morava numa casa com minha irmã, ao lado de meus pais. Ela casou em setembro e fiquei só. Mas casei no mês seguinte e chorei muito a falta de minha mãe, pois fui morar noutra cidade, no ano seguinte vim para Brasília. Mas a saudade já havia diminuido, nos acostumamos com a falta das pessoas, assim como nos acostumamos com a presença. Quando sua mãe s sua tia se forem, você vai sofrer, depois tudo vira costume, não sentirá mais falta. Minha irmã faleceu há 7 anos, não a vi nem no enterro, pois não deu tempo, precisou fazer o funeral as pressas e eu já morava aqui. Passeei pelo shoping, inerte, o cérebro paralisa para não sofrer. Estranho, mas é a nossa defesa. Durante 2 anos lembrava do soriso dela quando fui visita-la e levei uma boneca, pois morreu como criança. Mas hoje, não lembro de seu rosto, só quando vejo suas fotos. Não sofro e nem deixo de sofrer, a saudade amenizou, passou até, é assim. Parece duro, mas isso é ficar, é estar vivo. Agora aguardo a vez de minha mãe, suponho, mas pode ser meu pai, que bem sincero, nunca senti falta. (Filosofei) Abraços.

    ResponderExcluir
  3. Puxa Eduardo este texto mexeu na minha
    ferida, após a morte da minha mãe.
    Parece que perdi gosto de muitas coisas!
    Antes as pessoas me falavam, que eu me
    permitia certas arrogancias, pois a minha
    mãe estava viva. Fato, quando ela se foi,
    parece que perdi minha identidade, parece
    que a solidão é uma constante em minha vida.
    Cara nunca pensei que um dia ia me sentir,
    deste jeito, "perder" a mãe é horrível!
    Fiz tudo que pude pela minha mãe enquanto
    viva , mas outro senti, que poderia ter
    abraçado mais ela!
    Senti uma puta falta disto!
    Outra questão é o fato de voce voltar para
    casa e não ter a comida quente te esperando,
    roupas lavadas ou como escrevi no meu post
    do carinho que uma mãe tem pelos seu filhos,
    como faz falta.
    Parentes, amigos, nunca vão substituir nossas
    mães.
    E sobre o selo, como diria um amigo meu
    EMO, "Voce é muito fofo!" Adorei o carinho!
    Me permita uma zueira contigo:
    Você é o rabugento mais doce que conheço!
    rsrsrsrsrsrsrsrsrrsr brincadeirinha heim EDÚ!
    AGradeço mesmo, mas não mereço, na verdade
    não ligo para selos, SABE O QUE É MAIS
    RELEVANTE PARA MIM!
    É VOCÊ ESTAR ME SEGUINDO E FAZENDO
    COMENTÁRIOS TÃO INTELIGENTES,ESTE
    É O MEU MAIOR PREMIO E SELO DE
    QUALIDADE QUE UM BLOGUEIRO PODERIA
    CURTIR!
    Mas mesmo assim EDÚ , VALEU !
    ABRAÇOS MEU AMIGO VIRTUAL!
    TE ADORO!

    ResponderExcluir
  4. Nossa, que graça você, pra mim é uma honra te ter como leitor , sério mesmo, sempre admirei tudo que vc esrevia, e simplesmente pro ser honesto, realista e bom no que faz.

    Já te elogiei tantas vezes que até faltam palavras...rs, mas é que vc é bom mesmo, continue escrevendo sempre, sobre qualquer assunto, é assim mesmo que se faz! Parabéns e Obrigado!

    ResponderExcluir
  5. Eu tenho essas reflexões olhando mais pro meu pai. Minha mãe também, mas ela se cuida mais. Mesmo assim, mesmo vendo que meu pai envelheceu, pela idade dele, parece que ele tem menos.
    O que me preocupa é ter uma vida sedentária, eu sempre quero estimular ele a praticar alguma coisa. Ele tem alguns problemas, e sei que é falta de exercício, 8 horas sentado e não se exercitar é foda. Já minha mãe tem outros problemas nada a ver com sedentarismo.
    Quem mais tem vida longa é quem pratica, dá pra fazer essa comparação com os orientais.
    Acho que quanto maior a temperatura, mais as células morrem e a pessoa envelhece. Mas a morte chega mais rápido pra quem deixa a morte por perto, sem se cuidar.... ENfim... eu penso na morte dos meus pais, sentirei falta deles, mas um dia eu penso que vou morrer também. Isso não me preocupa tanto. O que me preocupa mais é o que vem depois.

    ResponderExcluir
  6. Ola Edu, sinceramente eu num penso muito nisso, mas aplico todos os meus esforços em fazer o maximo que puder, enquanto tenho minha mãe por perto, pro caso do dia em que não tela, ter a cosciencia que fiz o meu melhor, e o mas é deixar a vida segui, não me preocupo em me preparar, pois sei que por mas que me prepare, nunca estarei preparado, pois eu acredito que não ha como se preparar, para perda de uma mãe, pai, esposa ou alguem muito importante em sua vida, por isso, faço agora, o maximo que puder pelos que amo, tenho certeza que isso amenizara a minha dor quando perdelos, e me dara forças pra continuar, sabendo que cumpri o meu papel.

    Edu, eu só tenho a te agradecer cara, tu não faz ideia o quanto esse seu jesto, de presentear meu blog, significa, principalmente vindo de vc, que sei que é um cara, de senso critico e de opinião bem definida, obrigado mesmo grande abraço.

    no sabado ou domingo estarei postando no Rebobinando

    ResponderExcluir

Muito obrigado por comentar. Sendo contra ou a favor de minhas opiniões, as suas são muito interessantes para mim. Tenha certeza!