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Sobre a Zona do Crepúsculo, nicks irritantes, asfixia por gás e barreiras invisíveis.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Por mais que se diga que a gente acostuma com a solidão ou em viver sozinho, isso não é verdade. Apesar de já não sofrer mais tanto quando antes por conta disso, todos os finais de semana me sinto morrer em vida um pouquinho mais. Com a rotina da semana você não sente tanto, pois querendo ou não, se vê obrigado a mergulhar nela e isso meio que anestesia seus sentidos, você sabe que a solidão está lá com você, sente as cutucadas dela, mas não a dor, mais ou menos
como ir ao dentista. O Sol nasce e se põe todos os dias e é como se eu estivesse preso no mesmo dia eternamente, como num desses episódios bizarros de Twilight Zone.
Você liga a televisão e é sempre o mais do mesmo: corrupção, chacina, desastres ambientais, programas apelativos de auditório, reality shows com participantes acéfalos feitos para telespectadores acéfalos, fofocas de celebridades, tudo tão igual, tão sem razão de ser.
Internet tem mais me irritado do que distraído, entro no MSN apenas para conversar com um amigo de Minas muito bacana e mais nada, os outros e suas vidas estão me interessando cada vez menos. Abrir o programa e ser obrigado a ler frases como “festa muito legal ontem!” ou “um ano de namoro, te amo” está me deixando cada dia mais emputecido. Apesar de eu saber que essa não é a intenção delas, parece até que as pessoas adoram expor sua felicidade pra rede inteira ver.


Essa merda de calor tem acabado comigo. Os caras não vem nunca instalar o ar condicionado na empresa e estamos sem ventilador. Por volta das três da tarde eu já estou me sentindo como se estivesse coberto de poeira dos pés a cabeça, ainda mais porque a janela do escritório dá pra rua e com todo esse movimento de carros, daqui a pouco vou cair morto na minha mesa por envenenamento por gás carbônico. Na verdade é que estou naqueles meus dias onde quero simplesmente sair por aí, caminhando sem rumo, sem compromisso, sem hora pra voltar, sentar em algum lugar e ficar olhando o movimento de carros e pessoas. Na verdade me sinto tão preso a minha rotina e as minhas obrigações que chego realmente a sentir como se estivesse dentro de uma gigantesca gaiola imaginária, limitando a distância de até onde posso ir. Às vezes saio andando e chego perto de estradas, minha vontade é simplesmente começar a seguir por alguma delas sem parar até chegar sabe-se lá onde, mas é como se barreiras invisíveis me prendessem num determinado perímetro, chego até certo ponto e tudo o que me resta é dar meia volta e voltar por aonde eu vim. A sensação de que estou enjaulado, com os movimentos limitados é muito forte, quase palpável, talvez algo dentro de mim que precise ser liberto, não sei ao certo se adiantaria. Post realmente curto hoje. Não sei o que escrever, não tenho novidades e sei que sou muito repetitivo, então por hora é só isso. Vai ver meu mal é começo de gripe, sei lá.

Sobre o Autor:
Eduardo Montanari Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design, além de pseudo-web-designer. É formado técnico em informática e sabe estourar pipoca sem deixar muitos piruás sobrando. Semi-nerd assumido (se é que isso existe), gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.


3 Divagações

  1. kk.. só rindo! Ou chorando. Ando assim, meio parecido com você. Mas vamos lá, a vida é....

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  2. Tou com gripe tb.
    Pois é, nunca fui de contar as meses de namoro nem espalhar minha felicidade amorosa, enfim.
    Pareço melhor solteira que namorando, parece que foi um alívio.
    Quanto a estar preso, sempre senti essa sensação de querer me libertar.
    Não sei quando eu terei dias normais, sinceramente.

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  3. Oi Eduardo,

    Eu já me senti muito mal por causa de solidão, apesar de eu sempre ter tido muitos colegas, amigos e namorados. Mas alguma coisa mudou dentro de mim (por conta própria) e hoje em dia eu prefiro ficar sozinha. Encontro mais carinho nos animais de estimação do que nas pessoas. Tenho gato, coelho e cachorro. Pelo menos eu sei que o amor dos animais é sincero e verdadeiro. Fico sentada aqui no computador com o cachorro nos meus pés e os gatos sobre a mesa e no meu colo. Às vezes é até difícil digitar. Eles querem ficar perto de mim e gostam de mim de verdade. Quando chego na área da minha coelha, ela vem correndo ao meu encontro. Eles não falam, mas conseguem se comunicar. Hoje eu não sinto mais solidão. Nem sei mais o que é isso, mas eu me lembro como era ruim.

    Quanto às barreiras invisíveis, eu tinha uma. Primeiro porque eu morava numa ilha (ainda moro!) e tinha medo de sair da ilha dirigindo. Eu dirigia a ilha inteira, mas não saía dali. Sendo ilha, a coisa é até mais fácil de perceber. Depois consegui sair da ilha e minha barreira passou a ser a ponte Rio-Niterói. 14 quilômetros de ponte, no vão central uma altura de um prédio alto, os navios passam por baixo. Eu morria de medo de passar pela ponte. Mas finalmente passei (rezando e eu nem sou religiosa!). Apertava o volante do carro com tanta força que minhas mãos ficavam vermelhas. Mas consegui. Pra acabar mesmo com a coisa da barreira invisível, fui aos Estados Unidos sozinha e não conhecia ninguém lá. Tudo tem um momento. Venci as minhas barreiras, mas ainda me lembro muito bem do tempo que não conseguia sair da ilha.

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