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Sobre bolos bizarros, inclusão religiosa digital e não ser mais tão jovem quanto se pensa.

domingo, 11 de setembro de 2011

Por gostar apenas de conviver com pessoas mais novas do que eu, às vezes me esqueço de que já não sou tão novo quanto penso que sou. Por não ter vivido uma infância e adolescência satisfatórias, hoje eu prefiro, apesar de todas as minhas responsabilidades (as quais cumpro com certeza), relacionar-me com pessoas mais novas do que eu. Por mais que me esforce, acho pessoas da minha idade ou mais velhas, muito enfadonhas e sem graça, a maioria delas não sabe diferenciar o desenho de um chapéu, com o de um elefante dentro de uma jibóia. Na verdade a maioria delas nunca sabe do que estou falando quando digo algo assim. Mas o caso é que, como disse, vivo pensando que ainda sou mais jovem do que realmente sou, esqueço-me que o
tempo passou voando e que no mês passado cheguei aos meus 35 anos. Não me considero um idoso logicamente, mas é fato que depois dos 30 você já começa a sentir que o tempo não está sendo mais tão generoso. Fazer uma caminhada, dependendo de até onde você decide ir, acaba cansando mais do que relaxando e o calor, que antes apenas lhe fazia suar, agora altera a sua pressão arterial. Você percebe que precisa cuidar melhor da alimentação, menos sal e açúcar, menos cerveja. Trinta e cinco não são 60, mas por outro lado são praticamente 40 e isso me assusta, muito. Os primeiros cabelos brancos já estão teimando em nascer e a minha pele já não é mais tão jeitosa quanto era aos meus 20 anos. É o tipo de percepção que faz você não querer mais ter espelhos em casa. 
Conforme você vai adquirindo mais e mais ciência de que sua vida passa rápido e de que você não ficará pra sempre jovem, os espelhos e as manhãs começam a te deprimir. Na quinta-feira passei bastante mal com todo esse calor que vem fazendo. Sei que não é bolinho pra ninguém, mas eu fiquei realmente preocupado, pois passei o dia todo com falta de ar, vista cansada e muita tontura, vontade de ir pra casa deitar na cama e dormir tipo, até o ano que vem, quem sabe. Não sou um expert em medicina, mas sei perceber quando tenho alterações de pressão e acho que o que aconteceu foi isso, pois também me senti formigando em algumas horas do dia. Até mesmo uma latinha de cerveja que tomei um dia antes não me caiu bem, estava mais pra ácido de bateria do que pra cerveja. E assim, hoje aprendi a não culpar e nem criticar as pessoas que tem medo de envelhecer, pois embora seja inevitável e necessário, a menos que você tenha condições de envelhecer com saúde (subentenda, dinheiro), é um processo meio triste. E sei que apesar de estar falando tudo isso, ainda estou longe de ser um velho, mas é que tem períodos nos quais é assim que me sinto. Um cara de 35 anos com um espírito já velho. 


Outro dia enquanto ia a pé para o centro da cidade, acho que era em um sábado qualquer, passei em frente a uma igreja e nela estava pendurada uma faixa com os seguintes dizeres: "JESUS: Você já o adicionou? - 2ª semana jovem". Uma explícita referências às redes sociais da internet, tão famosas e populares entre os jovens de hoje. Saquei o celular do bolso, tirei uma foto e fiquei pensando sobre o quão é ridícula a forma como os chamados "adultos", tentam cativar seus jovens buscando igualar-se ao intelecto e aos gostos deles, seja na religião, televisão, produtos. Fico imaginando por exemplo quem teve a idéia dessa faixa pensando: "Já sei! Os jovens de hoje são tão ligados à internet, ao Facebook, vamos então usar uma linguagem jovial e moderna na faixa, com a qual eles se identifiquem, isso os atrairá".
Podemos ver isso na televisão assistindo programas como Malhação ou aquela novela Rebelde da Record. Eu não sei se sou eu, mas acho bem ridículo o estereótipo de jovem/adolescente que é mostrado. Um bando de gente sem química nenhuma, falando gírias imbecis e agindo de forma imbecil porque os produtores acham que é com isso que a "galera jovem" se identifica. No caso das religiões isso fica ainda mais ridículo, pois apenas demonstra claramente o quanto elas fazem uma "jogada de marketing" barata para atrair o público jovem. Pranchas de surf no lugar do púlpito, ambiente colorido, gírias, pra por trás disso impor as mesmas regras boçais, arcaicas e repressoras de sempre. 


Em homenagem ao 11 de setembro de 2001, também conhecido por mim como dia "antes eles do que eu", minha mãe que já não é a mesma de antigamente em se tratando de forno e fogão, decidiu fazer uma receita simples de bolo de fubá, caso algumas visitas aparecessem por aqui. Não sou muito chegado à bolo de fubá, pois sempre achei um doce sem graça, mas como a maioria da humanidade gosta, ela e minha tia vivem fazendo por aqui, só que desse vez algo deu errado, muito errado. Fermento antes do leite quente? Leite quente antes do fermento? Vai saber. Só sei que quando fui descobrir a criatura pra ver o que estava embaixo do pano de prato a mesa, encontrei isso (vide foto). 
Perverso como sou, óbvio que tirei a foto e a publiquei no meu Facebook no mesmo instante, enquanto chorava de rir. Opiniões lá são divergentes, eu particularmente acho que ficou bem parecido com uma camisinha, mas há quem diga que está mais pra um cogumelo nuclear. Não posso zombar muito, pois meu primeiro bolo de chocolate teve um resultado semelhante, cresceu, cresceu, ficou todo bonitão e depois ficou murcho e pouco apetitoso, mais ou menos como meu pênis depois da masturbação, mas enfim, é errando que se aprende, embora depois daquele fatídico dia nunca mais tenha tentado me aventurar no mundo das guloseimas comestíveis culinárias. 
É isso aí amiguinhos, é só por hoje. Ando muito, muuuito sem assunto relevante pra postar. Deve ser uma fase

Eduardo Montanari Sobre o Autor:
Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design. É formado técnico em informática e trabalha como designer e web designer. Nerd assumido, gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.


3 Divagações

  1. Moço, eu sou o contrário de você.
    Gosto de conversar com as pessoas mais velhas, talvez pelo conhecimento que elas transmitem. Mas gosto das pessoas que tem sensibilidade de meninos. Na realidade, a nossa idade só importa diante do outro.
    Beijos.

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  2. Cara, eu concordo com vc, quando diz que muitas pessoas da nossa idade são enfadonhas e sem graça, digo nossa pq também já cheguei aos 30. Mais no meu caso, eu sempre procuro me relacionar com pessoas que pensam como eu, pessoas com quem me identifico, seja jovem, seja da mesma idade que eu ou mais velhos.

    Confesso que as vezes me angustio igual vc, quando penso na minha idade, e em tudo que quero realizar e ainda não realizei, bate meio que uma insegurança sabe, mais ai eu começo a pensar em muitos que começaram suas vidas, aos 40,50, e fizeram grandes coisas e acabo me animando, no outro dia vi uma reportagem de um senhor de 80 anos que se formou em advocacia e fiquei pensando o quanto a gente perde tempo se culpando, pensando no tempo que perdemos ou nas oportunidades que não aproveitamos, ao invés de agir.
    Cara eu sempre digo pra mim mesmo
    EU QUERO QUE MINHA IDADE SE DANE
    eu tenho muito pra fazer, realizar e viver
    e é assim que eu sigo.

    Não é só vc não Edu, eu também sempre achei essa linguagem que eles usam nesses seriados e novelas para jovens, muito vazia e superficial, e fica mas ridículo ainda quando eles usam isso como estratégia para atrair fieis ou seguidores, acho que o só ser natural já basta.

    Cara, eu olhei esse bolo ai e me lembro um cogumelo nuclear kkkkkk trágico rsrs

    grande abraço

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  3. Ei amigo, não há nada de mal sair ou estar entre pessoas mais jovens do que agente!
    Aliás porque tú fala como se você um vovô? Já te falei sobre isso você só tem 35 anos, uma idade bonita, onde você deveria, sabiamente, convergir, a experiência da tua maturidade e a energia vital que ainda lhe resta nesta tenra idade.
    Quando tinhas meus 15 anos sempre andava com “amiguinhos” mais velhos, amiguinhos que tinham 20 pra cima, a minha mãe ficava preocupada e sempre perguntava, por que eu não saia com meninos da minha idade?
    Quer saber, Edú, eu não me arrependo, sair com pessoas mais experientes, me deu uma outra visão de mim mesmo e do mundo.
    Hoje sei mesclar bem, saio com adolescentes, pessoas da nossa idade na faixa dos 30 e até com pessoas acima de 50 anos.
    Todos eles me rendem , me agregam sabedoria, e alegria de vida únicas, não dizem que uma existência é pouco , então tento estar juntos com pessoas as quais me revelam experiências incríveis, e tento viver as fases da minha vida que deixei passar, na convivência deles.
    Isso tudo nos rejuvelhesce , nos tornamos em pessoas melhores, na convivência delas.
    No budismo aprendi que o corpo segue o seu estado espiritual, se você se sentir espiritualmente um velhinho, o corpo começa a demonstrar sinais característicos de um velho.
    Diz na minha filosofia que o corpo é a sombra das nossas almas, o espelho que reflete o seu interior para o mundo.
    Estar jovem é um estado de espirito, não se entregue espiritualmente, conheço pessoas idosas, que ainda estudam e que tem uma energia de por inveja a qualquer jovem dos seus 30 e poucos anos.
    Do contrario é verdadeiro, conheço jovens com seus 25 anos que parecem um ancião, um matuzalem, parecendo ter uns 100 anos.
    Não sou psicólogo, mas pelos sintomas descritos , mal estar, falta de ar, cerveja que não caem bem, você deve estar depressivo, é obvio, amigo, sugiro que conviva mais com pessoas, faça alguma atividade esportiva, pratique qualquer tipo de esporte, faz bem para o corpo e principalmente para a alma.
    Quando nos isolamos nos tornamos estranhos para nós mesmos, e começamos a criar doenças, inexistentes, mas o pior de tudo é que passamos sentir e manifestar os sintomas destas doenças!
    Sobre a igreja e propagandas para atrair a juventude, fazendo uso da linguagem moderna, eu acho uma besteira, pois a igreja católica continua a mesma, desde a época da inquisição, ou seja ela prega o medo,o castigo, o pecado,e quer atrair os jovens , fazendo o uso das redes sociais.
    É algo ilógico, incompatível, eu acho que a igreja tem que mudar o seu pensamento e raciocínio sobre o que é sagrado nesta vida!
    Edu, sobre o bolo acho mesmo que você torceu, rezou, fez figa, para ele não crescer e se auto destruísse!
    Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, tadinha da sua mãe tudo bem que você não gosta de bolo de fubá, eu adoro, mas praticar tal ato de terrorismo, foi cruel.
    Com direito a uma foto no facebook, um ato terrorista sem precedentes, comparável ao ataque de 11 de setembro.
    Comentarei aos poucos, perdoe me pela demora, é que estou perseguindo o sonho de me tornar um chef da cozinha oriental.
    Abraços carinhosos e afetuosos do teu amigo que adora a tua dramática, mas cultura relevante!

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