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Sobre transtornos e traumas herdados, comemorações supervalorizadas e um novo dia de um novo tempo que começou.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Nesse último dia 31 de dezembro repeti para minha mãe e minha tia o mesmo discurso que venho fazendo nos últimos anos, sobre o quanto todas as datas comemorativas são supervalorizadas. Carnaval, páscoa, dia dos namorados, natal, ano novo, todas datas que um dia, sabe-se lá quando, foram inventadas por alguém. Sim, pois ao contrário do que muitos possam pensar, quando a vida surgiu pela primeira vez na face da Terra as datas comemorativas simplesmente não começaram a ser comemoradas magicamente. Alguém em algum momento da
história humana teve a brilhante idéia de estipular datas especiais para celebrar essa ou aquela ocasião. Deus, ou seja lá qual for a energia positiva que criou todas as cousas, com certeza não disse "faça-se a luz, faça-se o ano novo, faça-se o natal".
Eu digo a elas que sou da opinião de que todo esse simbolismo, misticismo e encantamento que se vê ou se sente (eu não) na passagem do ano é sem propósito. Os dias chegam e vão embora, assim como as semanas meses, anos, um dia após o outro com milhares de coisas aleatórias acontecendo na superfície do globo.Tem sido assim desde os primórdios, assim é na nossa era e vai continuar assim até que a vida suma da face da Terra, quiçá do universo.
Todos os anos é a mesma ladainha de sempre e os mesmos rituais sem razão de ser. Comer lentilhas, pular ondinhas, se vestir de branco. O pior são as promessas de ano novo, as quais eu acho ridículas não pelo fato de serem bobas, como "achar o amor da minha vida, ganhar mais dinheiro, ter uma promoção", afinal o otimismo é fundamental para se conseguir realizar alguns sonhos, contudo, por que cargas d'água é que as pessoas só fazem esse tipo de promessa na virada do ano. Temos 365 dias para mudar nosso comportamento, correr atrás desse ou daquele objetivo, ajudar alguém, nos tornarmos pessoas melhores de alguma forma, mas não, todo final de ano é aquela mesma babaquice de "o ano que vem vai ser o meu ano".
O caso é que as pessoas usam todo esse clima de renovação que o ano novo proporciona para mascararem sua falta de foco nos objetivos que traçam.
Por mais que as pessoas tenham se vestido de branco na virada de 2010 para 2011, tenham cantado Simone, Roberto Carlos, John Lennon e a vinheta enfadonha da Rede Globo "hoje é um novo dia de um novo tempo que começou", as coisas continuaram as mesmas, as pessoas não mudaram, hoveram enchentes, terremotos, tsunamis, pessoas nasceram todos os dias e morreram, algumas de forma bem trágica até.
Não estou dizendo que temos que ver tudo sempre pelo lado negativo, mas também ser otimista demais sabendo como andam as coisas hoje em dia chega a ser ridículo.


Sou uma pessoa naturalmente dúbia, estou sempre sentindo duas cousas opostas ao mesmo tempo. Assim como posso estar muito feliz por algo ou alguém, posso estar morrendo de ódio de outra cousa ou pessoa e conviver muito bem com isso. Posso estar satisfeito com algo (o que é difícil) e extremamente desiludido em outros aspectos de minha vida. Já cheguei e as vezes ainda penso que talvez tenha uma dupla personalidade, uma psicose de algum tipo ou simplesmente seja bipolar como a senhora minha mãe, humana de quem herdei muito dos meus transtornos e traumas. Não creio que seja falso, caso contrário acho que não confessaria esse meu defeito publicamente, se é que conseguir sentir duas cousas opostas ao mesmo tempo possa ser considerado um defeito.
Estou feliz por estar amando, mas muito infeliz por não poder estar com quem amo. Feliz por estar conseguindo tirar certas pessoas do meu coração, mas chateado por saber que elas também optaram por fazer o mesmo. Feliz por estar trabalhando, ganhando o suficiente para sustentar minha família, mas muito frustrado por estar em um emprego no qual não sou valorizado.
Meu 2011 foi longe de ser ruim, se eu disser que foi vou estar sendo injusto. Fiz um curso no SENAI, mesmo que meia-boca, uma pessoa maravilhosa entrou em minha vida e eu nunca quero que ela saia, meus dentes estão cada dia mais alinhados com o tratamento ortodôntico, então se eu for ver, tenho um saldo positivo grande. Todavia o ano passado também passou longe de ser como eu queria, mas bem, acho que o ano de todos são assim, o Lula por exemplo acho que nunca pensou que fosse ter câncer, o Senna, anos atrás no auge da sua carreira nunca pensou que fosse morrer tragicamente, ou seja, a vida de ninguém é perfeita, o ano de ninguém é perfeito e vendo por esse ângulo chegamos a conclusão de que as coisas são como as enxergamos e tem o seu desfecho de acordo com a forma como lidamos com elas.
É isso amiguinhos.


Eduardo Montanari Sobre o Autor:
Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design. É formado técnico em informática e trabalha como designer e web designer. Nerd assumido, gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.


3 Divagações

  1. olá edu como vai?

    Aliás você acabou roubando minha ideia sobre datas comemorativas. (brincadeira).

    Acho mais deprimente esta mega-sena da virada, fica todo mundo na esperança de ficar milionário, ai não vira nada e bate aquele depressão de 2ª feira tudo volta ao normal.

    então ser bipolar é uma coisa natural.

    Sempre que possivel tô lendo teus texto, eu sumo e apareço, o mais legal é que te considero como um amigo, espero um dia podermos tomar um chopp e divagar sobre coisas futeis.

    Um bom 2012

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  2. Nossa Amadeu, que legal isso. Eu adoraria tomar uma bebida alchorrólica com você. Um abração.

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  3. Ola Edu, cara concordo com vc em tudo, mas acho que a questão em si é mais de herança cultural se é que se pode chamar assim, é algo que já esta enraizado em nós, aprendemos a agir assim, pensar assim, acreditar assim, são tradições e rituais passados de geração a geração, acredito que em alguma época tudo isso eram ações sinceras e verdadeiras, hoje em dia não passam de ações fazias que foram plantadas em nossas mentes e puro interesse comercial

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