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Sobre medo do novo, vidas frágeis e recapitulações gregas.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Se eu lhes disser que estou gostando do cursinho pré-vestibular estarei mentindo. Estou sim o encarando de forma diferente de como o fiz no ano de 2009, mas é fato consumado que não gosto mesmo de estudar. Não gosto de fazer as cousas por obrigação, mas infelizmente estudar é uma das que faço. Entretanto como disse, nesse ano estou encarando essa “aventura” de forma diferente. No início do ano de 2012, disse a mim mesmo que caso fosse fazer um cursinho ou curso, meu objetivo dessa vez não seria o contato humano ou interação social, não que tenha nada de errado nisso, mas o caso é que como sou muito carente, nunca tive controle sobre minhas emoções e acabo dando mais importância aos meus sentimentos do que aos meus objetivos, perco o foco, se é que já tive algum.
Eu terminei o 2º grau no ano de 1994, depois disso não quis mais saber de continuar os estudos, na verdade naquela época eu nem sabia direito o que era um vestibular, minha mãe nunca havia me falado sobre isso e das pessoas também ouvia pouco a respeito, então, terminando o 3º colegial, dei graças a Deus e achei que fosse ser feliz para sempre, arrumar um ótimo emprego e ter tudo o que eu sempre sonhei. Achei que depois de 11 anos estudando eu já tinha toda a bagagem que eu precisava para ter a vida da forma que eu quisesse ter, desde então nunca mais peguei em um caderno. Não vou entrar nos pormenores desse período da minha vida, conto outro dia mais detalhadamente, mas o caso é que por ter ficado tantos anos longe dos estudos, hoje já não sei mais nem o básico, lembro-me vagamente das coisas que estudei. Lógico que sei ler, escrever e fazer as operações básicas: adição, subtração, multiplicação e divisão, mas acreditem vocês ou não, quase para por aí.
Não sou um retardado que come merda, mas estou longe de ter uma mente aguçada. Hoje, depois de tantos anos, mal consigo me lembrar de o que é uma raiz quadrada, fatoração, equações, até mesmo nas contas envolvendo vírgulas tenho dificuldades. Cálculos que essa geração adolescente de hoje leva 3 minutos pra fazer, levo uns 15 e ainda assim o resultado sai com muita dificuldade, muitas vezes errado. Enquanto o professor e os outros alunos já estão terminando o cálculo eu ainda estou fazendo um esforço enorme pra entender o começo dele, e é isso que está me desgastando.
O cursinho pré-vestibular é ótimo, mas o problema é que não estou conseguindo acompanhar. Os professores partem do pressuposto de que quem está lá, acabou de sair do colegial e está com a matéria em dia, falam de cálculos e formulas as quais eu já nem me lembro mais e, se as explicam, o fazem por alto, pois tudo precisa ser muito rápido, já que eles têm que resumir anos de estudo em apenas um.
Estou tentando estudar, estou tentando entender a matéria e as explicações dos professores, mas está difícil, pois 80% do que eles “recapitulam” é grego pra mim. Não pretendo desistir do cursinho como da primeira vez, já disse, mas não garanto que consiga ir bem nele ou no vestibular. Pelo menos vou poder dizer que tentei.


Estou frustradíssimo com o sumiço do meu gadget de Seguidores que ficava aqui embaixo, perto do rodapé do blog. Sei que isso aconteceu porque o serviço Google Friend Connect foi cancelado, permanecendo apenas para blogs do Blogger, mas o caso é que meu blog é do Blogger mas mesmo assim os Seguidores não aparecem mais. Já tentei de um tudo, segui várias dicas, visitei vários sites, mas ao que parece realmente perdi todos os meus 160 seguidores. O que me deixa mais frustrado é que não é todo mundo que está enfrentando esses problemas, visito outros blogs e os seguidores deles estão normais, só os meus não querem aparecer mais. Se alguém souber de alguma dica útil pra me passar, estou aberto a sugestões, caso contrário, só me resta aceitar que como sempre acontece na minha vida, todos me abandonaram. Tudo é dor.
Quanto ao ano de 2012, por mais que eu tente me iludir achando que estou conseguindo levar tudo numa boa, não estou. Já tive muitos anos ruins e este está sendo um deles. Acho errado quando alguém diz coisas do tipo “essa foi a pior coisa que me aconteceu” ou “esse está sendo o pior ano de minha vida”, pois a vida só acaba quando a gente morre e até lá, seja quando for isso, ainda tem muito chão, as cousas podem melhorar muito, quiçá piorar. Por isso não vou dizer que esse está sendo o pior ano de minha vida, mas realmente está difícil de levar. Muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo e poucas delas favoráveis. Quanto mais os dias passam, mais solitário eu me sinto, as pessoas estão cada uma seguindo seus rumos, afastando-se para cuidar de suas vidas e eu como sempre lidando com meus sentimentos e tristezas como sempre fiz: sozinho.
Saí na quarta de manhã para caminhar, fui bem longe justamente pra me cansar mesmo, tenho energia demais acumulada e não consigo gastar. Levei o meu iPod Touch original de 8G para ouvir alguns Podcasts mas não consegui, tudo o que fiz durante quase duas horas de caminhada ininterrupta foi ficar pensando, tentando descobrir o que tanto me falta e como mudar minha personalidade radicalmente. No domingo passado houve um acidente de carro horrível em uma avenida perto daqui, uns jovens irresponsáveis dos quais não consigo ter pena, saíram embriagados da balada e o motorista foi tentar fazer uma ultrapassagem a mais de 150 km/h. O carro ficou destruído e alguns ocupantes morreram de forma trágica, então, durante a caminhada de quarta fiquei pensando o quanto nosso corpo é uma casca frágil, somos apenas sacos de carne moles, que podem morrer facilmente, não somos como o Superman que pode resistir a tudo, basta ferirmos nosso corpo de forma muito grave e podemos morrer. Pensando sobre isso enquanto caminhava, também fiquei observando tudo ao redor, o céu, as cores de tudo, a vida acontecendo, pessoas indo e vindo, sonhando, fazendo coisas. Uma tristeza grande tomou conta de mim.


De repente comecei a ficar com muito medo de morrer e não aproveitar a vida. Tudo acontece tão depressa, a vida parece longa mas passa muito rápido. Pessoas como eu perdem tanto tempo pensando, refletindo, analisando e temendo, que quando se dão conta percebem que só estão assistindo tudo, mas não participando ou vivendo nada.
Eu tenho medo de enfrentar o novo, o desconhecido, tenho medo de arriscar, de ousar, deixo de fazer as coisas que tenho vontade e viver novas experiências com medo das consequências. Porém, enquanto eu fico acuado no meu canto com medo de errar, vejo as pessoas ao meu redor ousando serem como querem ser, fazendo o que querem fazer, às vezes se dando bem, às vezes muito mal, mas pelo menos quando estiverem no final da vida vão poder olhar pra trás e cantar aquela musiquinha ridícula do Roberto Carlos: “Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi!”. Mesmo sabendo que é melhor arriscar do que não arriscar, mesmo tendo consciência de que preciso tentar, o medo da mudança é maior. Tenho medo de cometer erros que não possa mais remediar, fazer escolhas e tomar decisões sem volta e que isso prejudique o resto da minha vida. Por outro lado, viver assim, inseguro, com medo, se poupando com receio de sofrer é muito ruim. Vejo jovens de 14, 15 anos vivendo experiências, fazendo coisas que até hoje não tive coragem de tentar. Eles crescerão fortes e sabendo o que querem, enquanto eu, aos 36 ainda nem sei na verdade quem eu sou ou o que eu quero.
Todo o final de ano eu digo pra mim mesmo que vou ligar a tecla foda-se e fazer o que quero fazer, ser como quero ser, mesmo que isso vá contra tudo o que todos acreditam, mas não consigo, sinto-me sozinho lutando contra todo o resto do mundo e no final a maioria sempre acaba vencendo.
O pior é que sinto que a única pessoa que me prende, que está no meu caminho sou eu mesmo e meus medos. Às vezes sinto que não é tão difícil mudar, basta um pouco de coragem. Mas cadê ela que não aparece?


Eduardo Montanari Sobre o Autor:
Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design. É formado técnico em informática e trabalha como designer e web designer. Nerd assumido, gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.


2 Divagações

  1. Eduardo,
    quando eu fiz o cursinho, junto com o último semestre do 3º colegial, eu me sentia como você. Em frente ao cursinho ficava um colégio particular bom aqui de SP e os que faziam cursinho lá, se sentavam todos na frente, com as camisetas do colégio e os professores achavam que todo mundo estudava lá, só pode. Eles sempre falavam nem vamos ver isso porque vocês já sabem e as vezes eu nunca tinha visto aquilo... ficava perdida!
    Desejo força aí nos seus estudos e que as coisas melhorem pra você. Abraços.

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    Respostas
    1. Pois é Juli, quem está de fora, quem não conhece a situação pensa que você é quem está fazendo o famoso "soft body", o corpo mole, mas não. Realmente está difícil acompanhar. São mais de 12 matérias e mesmo estudando um pouco de todas, quase nenhuma tem me entrado na cabeça.

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