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Sobre DeLoreans atemporais, o futuro incerto de amigos amados, alisar genitais e a chegada de dias mais frios.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Não sei se é apenas uma cousa de momento, uma sensação passageira, mas depois que comecei no novo emprego ando bem mais calmo e sem pressa em relação a muitas cousas. Sou da opinião de que por mais estável que seja um emprego, por mais que você esteja em uma profissão que goste, nada garante que o seu dia de amanhã seja melhor do que o de hoje, pois imprevistos acontecem, contudo faz com que você se sinta útil,
produtivo e acima de tudo, vivo. E são essas boas sensações que fazem com que você tenha esperança de um amanha melhor. Apesar do medo de novos desafios que com certeza virão, tenho procurado ir trabalhar todos os dias animado e disposto a aprender coisas novas, pois essa é a primeira vez em minha vida que estou sentindo que algo muito bom pode vir a acontecer comigo, caso eu realmente me dedique nessa nova empreitada. 
Os dias mais frios finalmente chegaram. Embora o sol esteja brilhando em um céu azul sem nuvens, a chegada do inverno trouxe consigo, pelo menos nas manhãs e ao anoitecer, um ar gelado, daqueles que fazem o seu rosto corar e arder. Mesmo sabendo que durante o dia todo vá fazer um certo calor, saio de casa bastante agasalhado. Adoro o inverno quando ele realmente tem cara de inverno, é tão pacato e poético, você consegue se vestir bem, come cousas mais gostosas, calóricas inclusive, mas eu não ligo. Não gosto da minha barriga protuberante, causada pela soma do sedentarismo e consumo de cerveja nos finais de semana, mas ando tão satisfeito por como minha vida tem andado ultimamente que não estou me importando muito mais com ela. Lógico que me cuido, isso gosto bastante, continuo passando meus cremes hidratantes, meus óleos perfumados e até talco nos pés ando usando, mas de uns tempos pra cá, minha aparência física já não tem mais me incomodado tanto. Minha mãe sempre me disse que conforme vamos envelhecendo, vamos deixando de nos importar com um bando de cousas que considerávamos importantíssimas na juventude, principalmente nossa aparência física. Querer estar sempre bonito, bem arrumado, perfumado, acho fundamental em uma pessoa, higiene pessoal e boa educação me atraem muito em alguém, é bom e faz bem, mas o tempo está passando e cada dia mais eu estou aprendendo a admirar as pessoas pelo que elas são interiormente.


Tenho refletido bastante sobre como será o meu ano que vem, caso eu comece realmente a cursar uma universidade, pois trabalharei das oito da manhã as seis da tarde e depois ainda terei que ficar na aula ate quase as onze da noite, na verdade nada diferente do que muita gente faz ou do que eu mesmo já fiz, quando cursei o Colégio Técnico de 2006 a 2008, mas tenho medo de não conseguir nem administrar meu tempo e nem descansar direito. Não sou uma pessoa preguiçosa, mas fico com a cabeça cansada muito facilmente e por conta disso, prezo muito momentos nos quais possa simplesmente desligar meu cérebro, me distrair com algo que goste ou simplesmente não fazer nada, ficar deitado nu no sofá, alisando meus genitais. O certo é que todas as vezes é a mesma coisa, fico pensando sobre o quanto tudo será difícil de corrido, mas no final das contas acabo, mesmo cansado, me adaptando a rotina que me é imposta pela vida, essa vadia xoxótuda e mal paga. 
Matutando bastante também sobre o futuro das pessoas as quais eu amo, alguns dos meus amigos, tenho acompanhado a rotina de vida deles e fico me perguntando onde é que suas escolhas os levarão. Não que eu possa fazer alguma coisa quanto a isso, pois cada um faz o seu próprio destino, podemos influenciar as decisões e os rumos da vida de outra pessoa com nossas ações e palavras, mas a escolha final é sempre dela. Não vou dizer que tenho orado por eles, pois ha tempos não oro, um pouco por falta de fé, um pouco por escolha, mas tenho de certa forma torcido muito e pedindo ao ser que vocês humanos chamam de “O Deus”, para que eles façam as escolhas mais acertadas em suas vidas e sofram o mínimo possível, porque não sofrer é impossível, seja muito ou seja pouco, ninguém esta isento do sofrimento. Tenho os visto enfrentar seus demônios, seus dilemas e seus medos. Assim como eu, com alguns eles se saem muito bem, já com outros, muitas vezes acabam derrubados. A mim cabe apoiá-los o quando puder e torcer para que cheguemos todos ao fim de nossas vidas, seja lá quando for isso, com a sensação de que valeu a pena termos passado por tudo o que passamos. Um abraço forte e toda a minha força para todos os meus amores.


Entretanto nem tudo são flores na minha vidinha rotineira de rapaz latino americano com pouca grana e muitos pequenos sonhos. Continuo tão rancoroso quanto sempre fui e não estou vendo perspectiva de melhora quanto a isso. Não perco mais horas e horas do meu dia como fazia antes, remoendo as magoas do passado e me perguntando por que foi que isso ou aquilo precisou acontecer, aos poucos estou conseguindo parar de me lamentar e maldizer tanto as cousas que não consigo consertar. A vida real é o que é, não existem Deloreans, como na trilogia de filmes De Volta para o Futuro. Há algumas semanas atrás eu estava passando rapidamente pelos canais, buscando alguma coisa interessante para assistir no fim de noite, nesse lixo que é a nossa programação de hoje em dia e passando pelo Rede Globo de Televisão, deparei-me com o trecho final do filme do Chico Xavier onde ele diz: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.”. Não sou aquele tipo de pessoa deslumbrada que vê uma frase assim e fica todo emocionado pensando: “Uau, que frase mais inteligente, única e maravilhosa!”, mas há de se admitir que o velhote mandou bem nessa. Posso torrar todos os meus neurônios pensando no que fazer para resolver algumas situações pendentes do passado, mas a realidade é que fazer isso é puro desperdício de tempo e intelecto, e o meu agora precisa estar focado em algo bem mais útil. Trabalhar nessa universidade na qual estou agora exige muita responsabilidade, percebi que ninguém brinca em serviço lá e qualquer deslize pode significar demissão, então agora preciso parar de pensar no que foi e me focar no que esta por vir. Então aí me vem a pergunta: O que fazer com todo esse meu rancor acumulado que só vai me deixar quando eu sentir que a justiça foi feita? O problema é que meu conceito de justiça pode ser muito, muito distorcido da realidade e é isso que está fazendo com que toda essa mágoa que eu guardo dentro de mim, por tantas coisas do passado não consiga passar nunca. Saudades de quando eu tinha paciência para freqüentar um psicólogo, parei há alguns anos e desde então sempre tenho pensado em voltar. Acho ridículas as pessoas que tem preconceito com psicólogos, achando que são médicos de gente louca, nos três anos nos quais fui uma vez por semana fazer terapia, aprendi muito sobre mim e melhorei bastante. Zerar seus traumas, suas preocupações, seu medos, isso não existe, é impossível, mas um bom psicólogo pode ajudar muito você a conviver melhor com tudo isso.

Eduardo Montanari Sobre o Autor:
Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design. É formado técnico em informática, trabalha como designer e diagramador. Nerd assumido, gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.


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