6

Sobre você e eu.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Eu não estou conseguindo mais agüentar, sinto muito, a cada dia está mais difícil de levar. Calma, não estou falando em suicídio nem nada parecido, embora as vezes me venha a vontade de cometê-lo, é algo que me dá e passa, pois no fundo a gente sempre sabe que a vida é imprevisível e não é só porque o sol está escondido atrás de nuvens escuras hoje que não vai brilhar amanhã. Tampouco estou dizendo que vou cortar relações com você, me afastar, sumir, embora as vezes eu sinta, não apenas em relação a você, mas a todas as pessoas que me cercam, que se eu fizesse isso não faria muito diferença na vida de ninguém, afinal, a vida continua.
Eu fazendo parte ou não da sua vida, da sua rotina, ela vai continuar da mesma forma, não vai? Você vai continuar fazendo tudo o que sempre fez, não vai parar seus planos por minha causa e embora eu saiba que essa é a forma correta de se agir, me dói saber, me dói mais do que você imagina, saber que minha intervenção ou não na sua vida é irrelevante, que nada do que eu faça ou diga vai mudar o fato de que na verdade é uma ilusão eu achar que você precisa de mim. Como eu disse, não se preocupe, eu apenas comecei o texto dessa maneira como forma de um desabafo, aquele fôlego que você toma depois que emerge do fundo da piscina, buscando ar, já cansado de tanto prender a respiração, tentar agüentar o máximo que pôde. Eu acredito que você confie em mim, acredito que você se importe comigo, que queira o meu bem assim como acredite, eu quero o seu, só não sinto mais que isso seja como antes. Tenho minhas crises de ciúme, mas vejo isso como uma coisa natural. O que tivemos, mesmo que a distância, mesmo sem um toque, um beijo, foi pra mim algo especial, um presente que você me deu. Sejam detalhes grandes ou pequenos, eu sou uma pessoa que dá muito valor às pequenas coisas. Eu sinceramente até antes de conhecer você achei que não, achei que fosse frio, durão, sempre levantando a bandeira de que o amor, o sentimentalismo bobo jamais me afetariam, por isso é que eu sempre digo que isso tinha que acontecer, que eu precisava te conhecer, precisava de você pra me mostrar que não importa a máscara que eu use, seja com as pessoas na vida real, seja nos meus textos aqui no blog, eu sou tão sujeito a tudo quanto qualquer um. Você vive me dizendo que eu subestimei e ainda subestimo você, talvez em alguns aspectos isso seja verdade sim, admito, mas eu percebo só agora que a pessoa que mais subestimei nessa historia toda foi eu mesmo, achando que poderia lidar com tudo isso de forma adulta, madura, que não cairia nas armadilhas que todo mundo cai quando está apaixonado. Sinceramente na verdade antes de conhecer você e sentir o que eu senti, olhando seu rosto, ouvindo sua voz, sabendo dos detalhes de sua vida, eu achava que esse negócio de “se apaixonar” era uma babaquice, uma ilusão idiota sofrida por pessoas que eram fracas, que não conseguiam lidar com as coisas sozinhas, mas aí os dias foram passando, os meses e quanto mais eu me sentia parte do seu mundo, mais eu queria fazer parte dele, de forma constante, intensa, permanente. Eu queria que você pudesse se colocar no meu lugar, queria poder te dar os meus olhos para que você pudesse ver o que eu via quando durante varias noites, observei você dormir, vendo a paz e a luz no seu rosto, a tranqüilidade de uma criança inocente quando eu percebia que você finalmente havia pegado no sono. Talvez você não se lembre disso ou não tenha percebido, mas houve mais de uma vez em que eu me despedi mas não desliguei minha câmera, assim como você também deixou a sua ligada, pois havia dormido, fiquei apenas ali, quieto, observando você por vários e vários minutos. Cheguei a chorar em silêncio, pedindo a Deus que cuide de você, que te dê a vida que você quer, mesmo que eu não esteja incluído nela. Contudo como eu disse, sou tão ingênuo quanto julgo muitas pessoas.

Achei que libertar você seria fácil, que fazer o que é certo seria fácil, pois sou adulto e é assim que os adultos agem. Acreditei que ficar observando sua vida, seu dia a dia, sem eu fazendo parte constante dele, como era no começo seria fácil, que isso já bastaria pra me deixar feliz, mas não. As tantas mensagens de bom dia, os tantos “te amo” trocados ao acordarmos e antes de irmos dormir, as longas conversas ao telefone quando minhas palavras de carinho ainda pareciam importar, quando você me ligou naquele dia, durante seu intervalo me dizendo que não estava agüentando de saudades, que precisava ouvir minha voz. Tem idéia do que é isso para alguém que até então só tinha ouvido coisas como "ninguém nunca vai querer você, porque você é feio, é burro", para alguém que sofreu bullying no colégio, que foi humilhado desde cedo, de repente ouvir alguém me dizer que "precisava ouvir minha voz". Eu jamais ouvi algo nem sequer parecido antes de você entrar na minha vida e, depois disso, mesmo que a distância, se tornaram como um sopro de vida para mim, um motivo para que eu quisesse me tornar uma pessoa cada dia melhor. Sei que devemos querer ser melhores por nós mesmos, mas atire a primeira pedra qualquer um, atire a primeira pedra você, caso jamais tenha sentido o que eu senti, a necessidade de ser melhor não apenas por você, mas pela outra pessoa. É algo bastante fora do controle e você sabe disso. Descobri que o amor não tem sentido nem tampouco controle, que a maioria das coisas que acontecem em decorrência dele são puramente instintivas, que procurar uma razão lógica para o que você sente ou a maneira que você se comporta é perda de tempo, que amar de verdade não é entender, mas sim sentir. Me machuca, me dói feito uma ferida aberta saber que você não quer mais que as coisas sejam como já foram antes. Como eu disse, subestimei você achando que eu estava com o pé na realidade enquanto você talvez, pudesse estar se iludindo, mas não, eu vejo agora que o tempo todo você estava vendo as coisas como elas realmente são, que você estava com o pé no chão, sabendo que a realidade era mais complicada do que os sonhos que tínhamos, do que os planos que chegamos a fazer. Mas saiba que eu não culpo você, pois embora você não me conte tudo pelo que está passando agora (sim, eu sei dos menores detalhes das coisas que aconteceram, me odeie se quiser) eu sei que não é porque você é uma pessoa falsa, ruim ou egoísta, mas sim pelos inúmeros erros que eu cometi com você. Eu digo que sinto sua falta agora, mas que direto eu tenho de dizer isso se nas horas que você mais precisou de mim, do meu ombro, do meu apoio, de que eu apenas ouvisse o que você tinha a dizer, eu falhei com você, não fui de longe o que você esperava que eu fosse pra você. Sim, pois mesmo que diga que não, você esperava coisas de mim, todos esperam coisas de todos, mesmo dizendo que não. 


Eu jamais vou esquecer a expressão no seu rosto, o jeito que você me olhava naquele momento quando disse que eu te decepcionei, vou lembrar disso pra sempre. Eu acredito, por mais que você me desminta que foi naquele momento que as coisas começaram a desandar. Eu sei lógico, que não foi apenas por isso, sei de seus problemas, de suas dores e do quanto tudo pelo que você vem passando nos últimos tempos mudou você, eu mesmo lhe disse tantas vezes que vez ou outra, passamos por algumas coisas que nos fazem sentir uma necessidade grande de mudar nosso modo de agir e pensar, não vou me fazer de mártir e dizer que você mudou unicamente por minha causa, isso seria me dar valor a mais do que eu tenho, mas é inegável que eu, com minha insensibilidade, com minha prepotência, achando que talvez pudesse ser pra você o que estava te faltando, colaborei para isso, para sua decisão de seguir em frente me deixando fazer parte de sua vida apenas como um expectador, um torcedor na arquibancada do estádio. É assim que eu tenho me sentido, como um mero observador irrelevante. Antes, mesmo com a distancia que nos separa eu podia me sentir tocando você, podia me sentir parte integrante da sua vida, mas agora, é como se eu só pudesse observar você através de um vidro, ficar olhando de longe sua vida acontecer, batendo nesse vidro com todas as minhas forças pra fazer ele quebrar, pra ir até onde você está e implorar para que a gente não desista, para que você não desista. Mas esse vidro é inquebrável e à prova de som e por mais que eu bata e grite, tudo o que me resta é ficar observando sua vida acontecendo longe de mim, observar que, ao contrario de mim, você está conseguindo levar tudo muito bem. Na verdade estou orgulhoso em perceber o quanto você é uma pessoa tão mais forte do que eu, tão jovem ainda e contudo, mais forte do que eu, por eu amar você como amo, isso é para mim motivo de orgulho, por outro lado, constatar isso me faz ver o quanto eu continuo tão mais fraco do que todos como sempre fui, achando que as pessoas precisam de mim quando na verdade sou eu quem precisa delas na minha vida, que não sou eu quem as completo, mas o contrário. Sei o quanto isso soa egoísta, mas me dói ver o quanto aparentemente, e digo aparentemente porque não posso afirmar nada com certeza, o quanto foi fácil pra você deixar de lado certas coisas, o quanto para você parece estar sendo fácil seguir em frente, estar com quem você quer estar, conhecer as pessoas novas que quer conhecer, estar se reconstruindo, juntando seus pedaços partidos. Eu gostaria de conseguir fazer isso mas não consigo, gostaria de conseguir acordar todas as manhãs e pensar em outra coisa que não fosse em você, ver uma pessoa na rua parecida com você e não sentir um aperto no peito como se o meu coração fosse estourar, ouvir uma música, ver algum filme, um objeto que não me lembre você, mas não consigo, só que agora é diferente, por mais que talvez você ainda pense em mim, se preocupe comigo, sei que não é e talvez jamais seja novamente, da forma que eu ainda penso em você. Sei que você me ama, mas não é o mesmo amor de antes, sei que você quer que eu seja feliz, mas não ao seu lado, sei inclusive que lhe dói me ver assim, quero acreditar muito nisso, mas sei que apesar de lhe doer me ver assim, você não pode fazer nada, pois você já tomou sua decisão e a mim não cabe questioná-la, mas apenas aceitá-la e me resignar. Mas pelo menos por hora e não sei ate quando, eu não consigo aceitar, não consigo me resignar, não consigo seguir em frente. Tudo o que consigo ver é que eu espantei mais uma pessoa da minha vida como sempre tenho feito desde que me conheço por gente, que deixei mais uma vez as coisas escorrerem por entre meus dedos como quando enchemos as mãos com muita água e não conseguimos segurar, só nos resta esperar que tudo se esvaia. Infelizmente essa se tornou uma daquelas situações nas quais não importa o que você diga, não importa o quanto tente me consolar, nada vai mudar, é por isso que eu sempre te digo que não vai compensar conversarmos sobre isso, pois eu vou lhe dizer simplesmente tudo o que disse aqui hoje e você, talvez sofra, talvez se entristeça, reflita sobre tudo, mas no final o que tinha que acontecer já aconteceu, decisões já foram tomadas, coisas que não incluem a mim já estão acontecendo na sua vida e eu não tenho o menor direito de impedir isso ou te prender a mim, embora eu confesso, minha vontade seja essa. Gozado Né? Acho que uma das coisas que mais conversamos no começo foi em respeitarmos a distância que nos separa, em nos deixarmos livres para viver nossas vidas da forma que achássemos melhor: “É claro! Sim, combinado então,vai ser fácil fazê-lo”. Deus, como eu fui um idiota ingênuo e infantil. Acho que sempre serei, trinta e seis anos não me ensinaram nada. Por fim, embora seja clichê e você bem sabe o quanto eu detesto clichês, acho que pra terminar por aqui, aquela frase que até a um tempo estava aqui no blog vai servir bem, porque expressa muito do que eu estou sentindo:
”Espero que o mundo mude, e que a situação melhore, mas o que mais quero é que você entenda, quando digo que ainda que eu não te conheça, apesar de talvez jamais encontrar você, rir com você, chorar com você ou beijar você, eu te amo de todo coração, eu te amo.”


Sobre o Autor:
Eduardo Montanari Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design. É formado técnico em informática, trabalha como designer e diagramador. Nerd assumido, gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.


6 Divagações

  1. É amigo, tu pegou a doença, é amoooooô hehehe. não o viva com medo, mas sim com amor, muitas vezes são as nossas inseguranças que prejudicam, confia que se essa pessoa está a seu lado é porque te escolheu, e não outro qualquer :D

    ResponderExcluir
  2. Eduardo, que lindo tudo isso que vc postou hoje. Seu texto é de uma sutileza e sinceridade incrivel. A impressão é que vc tirou seu coração pra fora do corpo e colocou aqui literalmente escancarado e aberto. Me fez pensar num poema de Caio Fernando Abreu.."Quando você ama, tenta demonstrar de alguma forma. Do jeito errado, do jeito certo, sem jeito, do seu jeito, mas tenta." Te agradeço por nos dar a oportunidade de conhecer vc de uma forma tão intensa e sincera. Independente de não nos conhecermos, nunca ter te visto ou poucas vezes postar aqui...sou sua fã, e indiretamente vc faz a diferença na vida dos que te acompanham aqui, pode acreditar nisso.
    Ainda que as pessoas costuma aconselhar qdo sofremos por amor dizendo, "sempre haverá outras dores, outros amores"..muitas vezes o que a gente mais quer na verdade é ....MAIS DO MESMO.
    Abraços
    Andrea

    ResponderExcluir
  3. Grande Edu, cara, senti uma dor na alma ao ler esse texto, mas o que posso dizer, o amor é uma terra traiçoeira com jardins floridos, mas o problema é que agente nunca sabe onde estamos pisando, quando pensamos que a terra é firme, afundamos, como se caíssemos num abismo profundo.

    Faço minhas as palavras da pessoa ai encima:

    Ainda que as pessoas costuma aconselhar qdo sofremos por amor dizendo, "sempre haverá outras dores, outros amores"..muitas vezes o que a gente mais quer na verdade é ....MAIS DO MESMO.

    Cara sem palavras pro seu blog, ficou show. É aquilo né, profissional é outra coisa.

    ah... Eu ri do seu comentário, quando disse que meu blog tinha ficado bonito e sensual rsrs achei engraçado isso.

    Grande abraço

    ResponderExcluir
  4. Bom, não querendo me meter, mas já me metendo... esse negócio de namorar só pela internet não dá certo! Nunca deu! Talvez seja o que ocorre com você. Cadê aquele esforcinho para se conhecerem mais de perto? Só um toque. Quem sabe as coisas mudem de vez. Beijo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pois é. Eu ando me sentindo meio idiota, pois antes, não acreditava nesse negócio de namoro virtual, achava que não daria certo, pois um namoro sem toque pra mim, sem presença, sem visão na visão, parece que falta alguma coisa. Aí depois, me envolvi, me apaixonei, fiquei com os quatro pneus arriados, passei a acreditar que tudo é possível, até mesmo com grandes distâncias, mas agora, percebo que foi tudo uma ilusão, foi infantilidade minha achar que daria certo, sonhar, fazer planos. Até começar a guardar um dinheiro pra um dia poder viajar eu guardei, mas a vida é imprevisível e agora deu no que deu. Só ficou um espaço vazio.

      Excluir

Muito obrigado por comentar. Sendo contra ou a favor de minhas opiniões, as suas são muito interessantes para mim. Tenha certeza!