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Sobre playgrounds abandonados e a metade de um óculos novo.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Ha alguns anos atrás, um amigo do qual já não tenho mais noticias, me disse que tanto a amizade quanto o amor são como brincar de gangorra. Uma gangorra é o único brinquedo do playground que necessita de duas pessoas para que funcione. Interessante a dinâmica da gangorra, pois ela justamente reflete o status de um relacionamento, onde duas pessoas interagem em sintonia, um mandando o outro para o alto, um ajudando o outro a descer, o peso fica distribuído, equilibrado, é divertido de brincar. Entretanto, quando você tenta brincar sozinho numa gangorra a coisa não funciona, com certeza você já tentou, toda a criança já tentou. Sem o peso na outra ponta, sem alguém pra te impulsionar pra cima ou te ajudar a descer, a gangorra perde o sentido para o qual foi criada. 
Complicado também é quando uma das pessoas, já cansada de brincar, sai da gangorra repentinamente, enquanto você esta suspenso lá no alto. Se é você que está lá no alto, curtindo a coisa e a outra pessoa lá embaixo, se levanta do assento e sai, o que acontece? Você cai com tudo, batendo a bunda na madeira dura e no chão de terra, muitas vezes até caindo, dependendo da força da batida. Acho que nunca havia escutado antes uma definição tão precisa do que é um relacionamento a dois. Na verdade essa comparação bateu tão fundo em mim, que eu realmente depois dela, em relação aos meus relacionamentos de amizade e mais recentemente com meu namoro virtual, passei a quase sentir o balanço do brinquedo. 
Dias atrás, conversando com uma colega blogueira, contando a ela um pouco sobre minha vida, meus dilemas e problemas, ela carinhosamente me aconselhou a acordar para a realidade e descer da gangorra, aceitar o fato de que eu fui deixado sozinho no playground e que o local está para ser demolido para a construção de mais um prédio de apartamentos. Ou eu saio dali e vou procurar outro playground, com novos coleguinhas pra brincar em outra gangorra ou eu fico ali parado, esperando para virar entulho com o resto das coisas que foram deixadas pra trás. Em verdade ela não falou bulhufas sobre gangorra nenhuma, eu só estou adaptando o conselho que ela me deu à pérola que eu ouvi anos atrás. Mas é bem isso mesmo. Entretanto, lidar com relacionamentos, sejam eles quais forem, assim como com muitas outras coisas na vida, infelizmente é muito mais fácil em teoria

Gosto das novelas na ficção, mas quando algo em minha vida se torna uma novela, não gosto nem um pouco. No domingo passado os meus óculos novos se quebraram. Nada grave, não se preocupem, já que sei que muitos de vocês se preocupam, não tive perda total do equipamento, mas foi algo bem chato, pois no dia anterior eu fui até a ótica pagar a última parcela de seis, desse objeto sem o qual não tenho qualidade de vida alguma.
Nesse mesmo dia em que paguei a parcela, já havia notado que as lentes estavam bem frouxas na armação, mal parafusadas, paguei o que devia e então pedi para que eles regulassem o óculos para mim, apertassem os parafusos, deixassem tudo muito seguro, afinal, o óculos é novo e eu acabei de pagar, era obrigação da loja ter me entregado um produto bem montado.
Fiquei esperando no balcão por quase 40 minutos até que o rapaz do laboratório voltou, dizendo que não conseguiu apertar nada, porque precisava de parafusinhos maiores. Meu cu! Por que é então que, desde o começo, já não montaram o óculos com parafusos maiores?
Sem uma solução imediata, peguei os óculos e voltei pra casa frustrado. Fazer o que? Desde que ele não se desmontasse estaria ótimo. Passei o dia com eles numa boa, sem problemas, contudo, a noite, após ver uma coisa muito, muito desagradável para mim no Facebook, dessas que tiram o seu sono... perdi o sono. Fui deitar, mas fiquei me revirando no colchão durante um bom tempo até conseguir dormir, muito mal e porcamente, diga-se de passagem. Lá pelas 3h40 da manhã, depois de muito chorar, xingar e lamentar minha vida, decidi pegar o meu iPod e vasculhar novamente o Facebook, já que tenho um espírito naturalmente masoquista, mas é óbvio, precisava dos meus óculos para poder fazer isso, que estavam em cima do sofá, ao meu lado. Tateei no escuro sem sucesso por uns dois minutos até que eu o encontrei, ou melhor, depois que o peguei e o trouxe pra perto eu vi que só a metade dele estava em minhas mãos, a outra havia ficado no sofá, o parafuso da lente havia soltado.
Bom, resumindo a ópera, já que eu sei que ninguém tá nem aí mesmo, liguei pra ótica, que me prometeu conseguir os parafusos maiores pra prender novamente a lente. Isso já vai para uma semana, ou seja, novela a vista. Enquanto isso estou eu aqui, com os meus óculos antigos de sempre.

Sobre o Autor:
Eduardo Montanari Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design. É formado técnico em informática, trabalha como designer e diagramador. Nerd assumido, gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.



1 Divagações

  1. É Edu, tudo que mexe com sentimento é muito complicado, mas achei que a teoria da gangorra coube muito bem na definição de relacionamento a dois, nunca havia pensado por esse ângulo. Cara eu venho aqui, leio seus posts e percebo que vc tem as respostas para todas suas mazelas emocionais, e fico pensando o que te impede de polas em prática, claro cada da um sabe de si, sabe onde o calo doí, mas acho que talvez, vc deva parar de dar tando valor as perdas, tirar o foco, daquilo que não foi, que não deu, e se focar mas nas conquistas e metas a alcançar, como vc mesmo disse, procurar outro playground.

    Nossa Edu, isso pq vc tinha acabado de pagar os óculos em... No outro dia vi uma matéria na TV que falava sobre os trambiques que essas óticas fazem para vender óculos, não sei se é o seu caso, mas fiquei impressionado como que em tudo nesse país dão um jeito de tirar vantagens.

    Abraços

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