1

Sobre sonhos que voltam e uma nova balada.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Quando eu era criança, durante alguns anos sempre tive o mesmo sonho, não noite após noite, mas muitas vezes e era sempre o mesmo, como um filme reprisando sem parar na minha cabeça. Pesadelos infantis, acho que até já contei aqui, sonhava que era perseguido pelos integrantes do grupo musical Secos e Molhados. Na época, sua maquiagem extravagante, para mim, era assustadora. Dava voltas e voltas em torno do quarteirão do hospital aqui da cidade, até que me cansava, caia no chão e deixava que eles me pegassem. Sempre nesse momento eu acordava muito apavorado.
Cresci e esses sonhos pararam. Continuei tento alguns pesadelos, mas eram comuns, se é que pesadelos são comuns. Contudo, há alguns anos atrás, mais especificamente entre 2006 e 2008, voltei a ter pesadelos que se repetiam sempre da mesma forma, com o mesmo começo e o mesmo fim. Eu sonhava que estava caminhando pelas ruas da cidade com os meus amigos do Colégio Técnico, rindo, conversando, se divertindo, até que em dado momento em olho para baixo e percebo que um dos meus cadarços está desamarrado. Eu então paro e chamo a atenção dos meus amigos, peço para que eles parem também, que esperem um pouco até eu terminar de amarrar os cadarços. O que acontece é que eles não me ouvem, me ignoram, continuam andando e conversando, sem me ouvir, sem olhar para trás, como se eu não estivesse lá com eles. Eu então começo a ficar tenso, me abaixo e começo a amarrar os cadarços apressadamente, pedindo pra eles esperarem, gritando pra eles pararem um pouco, mas eles me ignoram e continuam seguindo, até que eu, desesperado, começo a correr atrás deles mesmo com os cadarços mal amarrados. Nesse momento todos eles viram em uma esquina alguns metros a frente e desaparecem, quando eu dobro a esquina na esperança de ainda alcançá-los, eles sumiram. Eu então entro em pânico e começo a percorrer todas as ruas por perto, chamando-os, procurando-os, mas não os encontro, nem sinal. É geralmente nesse momento que eu acordo muito, muito abatido. 
Decidi contar sobre esse sonho novamente, pelo fato de que eu voltei a tê-lo nas ultimas semanas, mas o caso é que agora não se trata mais dos meus antigos amigos, mas de uma pessoa muito, muito especial pra mim que eu estou morrendo de medo de perder, perder para o mundo, para a rotina, para as mudanças que virão e principalmente para as outras pessoas. Agora é somente ele que tem seguido em frente, não me esperando enquanto eu tento amarrar os meus cadarços, por mais que eu grite, pois mais que eu implore. E assim como antes, quando eu dobro a esquina na tentativa de alcançá-lo, ele já não está mais lá. Se foi, como tantos já se foram, tornando meus pesadelos realidade.


Já fui em algumas festas, baladas, shows e boates, mas nunca fui uma pessoa extrovertida, que vai nesses lugares e "bota pra quebrar". Mesmo nas festas e lugares mais agitados, com muita música, muita gente e muito agito, gosto de pegar uma bebida, alguma coisa para petiscar e ficar no meu canto quieto, observando o ambiente e o comportamento das pessoas. Acho que eu já disse aqui, muito mais de uma vez o quanto o comportamento humano me fascina, seja ele para o bem ou para o mal. Se eu não fosse designer, acho que escolheria ser psicólogo, pois amo trocar experiências de vida. Não me sinto mais culpado por ser assim, acho que cada um deve agir do jeito que se sentir melhor e eu gosto de ser assim, quieto e observador.
Há anos não piso em uma balada, mas ao que parece dessa vez não vou conseguir escapar. Há tempos uma grande amiga e eu estamos planejando de ir até uma badalada boate GLS aqui da cidade. Eu, que depois de duas garrafas de cerveja já fico morrendo de sono, estou me preparando psicologicamente para o passeio, pois todo mundo sabe que balada corre madrugada afora.
Decidi ir para testar o quanto ainda tenho pique para esse tipo de coisa. Como disse, nunca fui agitador e nem baladeiro, mas já passei várias noites em claro, curtindo com os amigos, mas isso foi antes (olha eu falando como se fosse um velho de 60 anos). Além do que, talvez um pouco de agito, de música e gente extrovertida possa me fazer bem. Uma noite na balada não vai me matar, além do que, como eu disse para minha mãe, vai ser uma forma diferente de começar 2013. Vai correr o risco de eu encontrar lá uma pessoa muito, muito desagradável, mas eu preciso começar a treinar a arte de ligar o foda-se no nível extreme e fazer com algumas pessoas o que elas fazem comigo: ignorar.
Conversei bem com minha amiga, que é uma pessoa muito saliente em alguns pontos e lhe expliquei que realmente não estou indo lá pra agitar, dançar ou sair agarrando todo mundo. Quero achar um canto bacana, beber um pouco e conhecer o ambiente a meu modo, sem pressão ou estresse. Ela concordou e disse que vai respeitar o meu jeito de ser, agora é literalmente pagar pra ver, já que o convite pra balada hoje em dia é sempre bem salgadinho. E logo nesse mês, que eu já recebi tão pouco. pagando todas as contas que preciso pagar, só vão me sobrar 390 reais pra passar o resto do mês todo. Mas aí, eu paro e penso como o cara do filme O Iluminado: "Trabalho demais, sem diversão, transforma você num bobão". Então que venha a baladinha.



Sobre o Autor:
Eduardo Montanari Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design. É formado técnico em informática, trabalha como designer e diagramador. Nerd assumido, gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.



1 Divagações

  1. bom, sobre os sonhos,acho os também acho os mutantes bem assustadores... rs
    já o sonho mais recente, deve ser porque não só vc, mas todos nós, temos medo de perder alguém ou alguma coisa... e isso se manifestar no sonho, pelo menos é o que eu acho!
    Balada de vez em quando é bom, se divertir é importante para que a gente não enlouqueça de vez... se vc curte, bora lá... pode fazer muito bem pra vc!

    ResponderExcluir

Muito obrigado por comentar. Sendo contra ou a favor de minhas opiniões, as suas são muito interessantes para mim. Tenha certeza!