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Sobre coisas já ditas, mas não superadas.

terça-feira, 8 de outubro de 2013


Quando tivemos nossa ultima conversa, há meses atrás, na qual de propósito quis saber de sua vida com o intuito de ter um motivo forte o bastante para conseguir me desligar de você, eu já, antes mesmo de começar sabia como isso tudo iria terminar: com você seguindo sua vida, me ignorando, e eu preso a você, no inicio sim, por amor, mas depois pela necessidade doentia que sempre tenho, de que a justiça seja feita. O problema nessa minha linha de raciocínio é que a justiça é relativa para cada pessoa, eu busco reparação porque considero que você foi injusto comigo, me machucou, me magoou, me ofendeu com seu desprezo e indiferença. Já você, do seu ponto de vista, acha que não fez nada disso. Sinceramente eu prefiro acreditar, mesmo que crer nisso seja ingenuidade de minha parte, que você tem sim consciência do quanto seus atos acabaram comigo. Na verdade qualquer uma dessas duas possibilidades me ofende, porque, se na sua cabeça você acha que não me fez nada de ruim, é sinal de uma indiferença gritante para com meus sentimentos, por outro lado, se você sente ou já se sentiu culpado pela forma como me tratou, não demonstrou em momento algum e creio que seja inútil esperar isso de você atualmente. E isso me ofende. 

Me lembro que quando te perguntei se você se sente culpado pela forma como me tratou, por ter, antes do fim, me ignorado, me afastado, me desprezado, muitas vezes de forma fria, até rude, você me disse com toda a calma do mundo que sim, se culpou, mas apenas inicialmente, depois “se perdoou” e seguiu adiante com sua vida. Soou estranho, pois eu acredito que nessas situações quem deve decidir se perdoa ou não, é quem foi ferido, não quem feriu. É mais ou menos como se você chegasse em alguém e lhe desse um soco na boca do estômago, causasse dor e depois simplesmente se virasse e fosse embora dizendo: “eu sei que fiz algo muito ruim, mas não vou me culpar por isso”. O fato de você “se perdoar” e seguir adiante, só serviu para aumentar ainda mais a minha mágoa pela forma como você me tratou no final, e embora eu esteja tentando fazer como você e seguir em frente com minha vida, a sensação de injustiça e de que há um assunto inacabado permanece. 

Acredito realmente nas coisas que você me disse, que não deseja meu mal, que quer minha felicidade, que me ver feliz te deixará feliz. Acredito em partes, na verdade, pois creio que talvez assim o fosse no começo, mas hoje, depois de tudo o que você passou, das pessoas que conheceu após ter se afastado de mim, duvido veementemente que você perca dois minutos do seu dia pensando no que ando fazendo de minha vida ou como estou me sentindo em relação a você e todo o resto. Me lembro que você me disse que o que eu desejo é que você pare com sua vida e fique sofrendo e chorando eternamente por mim, se culpando até o fim de seus dias pela forma como agiu comigo. Bem, em partes você está enganado, não desejo que você pare com sua vida, que deixe de estudar, trabalhar, que não queira mais conhecer nenhuma outra pessoa, seria egoísmo demais, obsessão demais, e embora eu sinta enormemente a sua falta, como você mesmo disse, eu já sabia desde o começo que muito provavelmente as coisas acabariam como acabaram, com você aí em Salvador, seguindo a sua vida independente do que eu sinta ou não, e eu aqui, tendo que juntar os caquinhos do que restou, na velocidade de tartaruga que eu sempre tive. 

Nunca quis e ainda não quero que você pare sua vida, mas me ofende muito ainda o fato de você ter “se perdoado”, de não se sentir mais culpado por ter me feito o que fez. Como disse, você está certo em partes, você pode ser feliz onde e com quem achar melhor, pode fazer o que quiser de sua vida, mas o mínimo que você poderia fazer para compensar o sofrimento que me causou era manter a sua culpa com você, carregá-la com você, pois a meu ver, quem deve decidir se perdoa você ou não, sou eu, embora eu saiba com certeza que hoje isso lhe é irrelevante, eu perdoar você ou não, não vai mudar sua vida, não fará com que você se sinta melhor ou pior. Busca o perdão quem se sente culpado, e como esse não é o seu caso, você não faz a mínima questão de que eu o perdoe, e eu tenho uma opinião sobre o perdão: dizem que perdoar o outro lhe faz bem, mesmo que a outra pessoa não queira seu perdão você deve perdoá-la para que se sinta livre, leve, para mostrar que pelo menos a sua parte você fez. Eu já sou de outra opinião: acho que perdoar quem não deseja ser perdoado é perder o seu tempo. Perdoar quem não faz questão do seu perdão, a meu ver é ilógico, vazio. O que dá sentido ao perdão e a quem perdoa é o sentimento de que fazer isso valeu a pena, de que a outra pessoa, arrependida pelo seu erro, desejou o seu perdão e que esse lhe fez bem. Quem perdoa, se sente bem por ter perdoado e quem foi perdoado se sente bem por ter sido perdoado. Me diga, do que adianta eu perdoar você se pra você isso não vai fazer diferença alguma? Você não acha que errou, você não se sente culpado por nada, então o perdão, vindo de minha parte, perde toda a razão de ser. 

Você me disse (e cada vez que eu lembro disso, me sinto sangrar novamente) que não há nada melhor para esquecer um amor antigo do que encontrar um novo amor. Até hoje paro e penso como você pôde ser tão insensível, ainda mais quando você completou a frase com “eu que o diga”. Me disse que quando eu encontrar uma outra pessoa tudo vai melhorar, que eu vou deixar você de lado, que aos poucos as magoas que você me causou irão se tornar irrelevantes. Você dizer isso me irritou e só me magoou ainda mais, pois deixou claro o quanto foi fácil pra você ter optado por me afastar de você, pois foi o que você fez se comportando da forma que se comportou, me escondendo coisas, se recusando a conversar e recusando o meu amor o quanto pôde. Ficou claro que o que você queria era se libertar de mim, que eu fazia você se sentir preso a uma coisa que você não queria mais levar adiante. Não estou dizendo que você não tenha o direito de querer isso, repito pela milésima vez que ninguém é dono de ninguém, o problema não foi você querer se desligar de mim, mas a forma cruel que você escolheu para fazer isso. Você não é burro, pelo menos eu quero acreditar que não é, você sabia muito bem o que os seus atos causariam em mim, mas mesmo assim você os tomou, tendo consciência de quanto isso me magoaria. Acho que esse é um dos pontos que mais me dói nessa historia, você agir como agiu, sabendo o que suas ações causariam em mim. 

Pra você tudo parece muito fácil, acredito que isso se deva a sua imaturidade. Achei que você fosse diferente mas você é como todos os outros, se liga e se desliga das pessoas com uma facilidade incrível, agindo de acordo com o que considera melhor pra você, sem se importar com as coisas que você deixou pra trás. Pra você foi fácil, se desligou de mim, interessou-se por outra pessoa, pelo que eu soube foi dispensado por essa pessoa por ser covarde demais para assumir o que realmente quer para sua vida e agora está conhecendo novamente outro alguém. A meu ver, muita coisa num curto período de tempo, chego a me perguntar se há sentimento envolvido nisso ou são apenas seus hormônios reprimidos
É ingenuidade de sua parte achar que eu ser feliz aqui, conhecer uma outra pessoa, me apaixonar novamente, conquistar coisas, ter sucesso, vai fazer com que a mágoa que você me causou suma, uma coisa não esta absolutamente ligada à outra, são duas coisas distintas, as feridas que você deixou em mim com o fato de eu ter alguém aqui comigo ou não. Mesmo que eu encontre uma outra pessoa pra preencher o vazio que você deixou em mim quando deliberadamente me afastou de você, ainda assim vou carregar comigo esse sentimento de injustiça. O problema não é de fato eu decidir perdoar você ou não, mas sim você desejar do fundo do coração o meu perdão ou não. 

Você me disse o quando gostaria que mantivéssemos a amizade, do quanto ela é importante pra você. Eu sinceramente continuo duvidando, justamente pelo fato de você não mais estar se importando com como me sinto em relação a você. Amigos se importam um com o outro e depois de todo esse tempo em que estamos afastados, fica cada dia mais claro pra mim o quanto sou irrelevante pra você. Alem do mais, como disse, você enxerga as coisas de forma muito simples, me espanta você não conseguir alcançar a complexidade dos meus sentimentos, achei que você fosse capaz. Como você pode pensar que as coisas se resolvem assim, de forma tão simples? Você toma atitudes que me magoam, me despreza, me isola, me evita, e pior, sabendo que agindo assim você vai me machucar, pra depois querer que sejamos bons amigos.
Tenho pensado muito sobre os reais motivos de minha magoa com você, não apenas com você, mas com todas as outras pessoas com as quais já me magoei e continuo magoado. Não me eximo de culpa, fiz coisas ruins para pessoas boas, inclusive pra você, que apesar de ter agido comigo da forma que agiu, é uma pessoa boa, negar isso seria cretinice minha. De inicio, tomado pelo ódio eu me confundi, achei que toda essa minha revolta, minha raiva e magoa era porque você quis romper comigo, quis deixar de ser meu amor pra ser só meu amigo, mas hoje, refletindo bastante, percebo que não foi isso, ambos sabíamos que desde o começo esse era um relacionamento que não conseguiríamos levar adiante. Por mais amor que tivéssemos um pelo outro, você esta ai na Bahia e eu aqui, no Estado de São Paulo. O sentimento existiu sim, o amor foi verdadeiro, contudo platônico. Embora tenhamos algumas coisas em comum, somos duas pessoas muito diferentes com estilos de vida muito diferentes, então é inteligente admitir que nosso relacionamento talvez jamais saísse do virtual e isso não seria saudável pra nenhuma das partes, ambos apenas nos paralisaríamos

Então por que toda essa magoa, essa revolta? Percebo hoje que foi porque fui posto de lado, descartado, e odeio me sentir assim, sempre odiei desde criança. Suas justificativas para ter feito o que fez você já deu, mas acho que já deu pra perceber que eu não ligo a mínima pra elas, pois não justificam a forma como você conduziu o final do nosso relacionamento. Por maiores que tenham sido os problemas e dilemas pelos quais você passou, nada justifica a frieza e a falta de confiança que você demonstrou para comigo. Falando de forma prepotente agora, talvez nessa época eu tenha sido, apesar dos erros que cometi, a pessoa que mais se preocupou com você, passando noites em claro pensando em mil formas de ajudá-lo, mesmo a uma distancia tão grande. Eu sofri por você, eu chorei por você, não só por amor, embora esse tenha sido o motivo principal, mas por amizade, por sentir que eu tinha a obrigação de tentar fazer algo por você, mesmo sem saber como ajudar, mesmo que meus esforços em nada resultassem, mas você, ao agir como agiu, jogou tudo isso no lixo. Agindo da forma que agiu, você demonstrou um enorme pouco caso por meus sentimentos em relação a você. Brigar, brigamos sim, eu fui injusto com você mais de uma vez, magoei você mais de uma vez, mas sempre voltei arrependido de coração, lhe implorando perdão e, pelo que me lembre, nunca deixei de lhe estender a mão. Você falou de amizade, mas quando se sentiu sufocado por mim, quando percebeu que eu não tinha mais nada a lhe oferecer, recusou minha ajuda, minha amizade e meu carinho. Fico espantado em como você espera que eu possa me sentir bem conversando com você após a forma como me tratou. Na verdade, pra terminar ao menos esse texto, porque o assunto em si, para mim nunca estará terminado até você realmente desejar ser perdoado por mim, digo que fico espantado em ver o quanto você se tornou uma pessoa fria e indiferente, alguém para quem todas essas palavras não farão a menor diferença.


Sobre o Autor:
Eduardo Montanari Nascido e ainda morando na cidade de Bauru, interior do Estado de São Paulo, sou estudante de Design e trabalho como designer e web designer, áreas pelas quais tenho muito interesse. Amo cinema, quadrinhos e boa música.



2 Divagações

  1. Pessoas sensiveis sao cada vez mais raro de se encontrar. O que se ve sao pessoas que tratam sentimentos com a mesma superficialidade que tratam objetos. usam e jogam fora, colocam no fundo do armario, esquecem com uma facilidade que me espanta.
    Tudo o que escreveu faz um sentido enorme para mim, infelizmente tenho conhecido ultimamente muitas pessoas assim. Espero que vc supere este momento pois tenha certeza que e o melhor pra vc mesmo.Sei por experienci propria que o que estou aconselhando nao e facil de colocar em pratica, mas e o que merecem pessoas que usam os demais.
    Obrigada pelo elogio ao meu blog e pelo comentario.

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  2. Amor, ah, o amor, será q ele ainda existe verdadeiramente dentro de nós seres humanos, ou ele foi extinto com o decorrer dos anos? Eu nunca fui iludida e sempre fui desacreditada no amor, mais posso te dizer q com certeza plena q nestes ultimos 3 anos, ele deixou de existir dentro de mim, e não é por mim, mais pela outra pessoa para comigo, é um amor estranho, q deixa a gente sempre em segundo plano, ou ultimo plano. Isso é amor? Isso pode ser tudo, menos amor, Espero q sua experiência de vida em um relacionamento tenha te ensinado q não vale nuca a pena vc sofrer e se entregar a outra pessoa pq eles nunca vao nos entender e vão ser capazes nem de se amar, muito menos amar o proximo e quem sabe construir familias, se é q isso ainda existe. Hoje as pessoas se casam hoje já pensando em se separar amanhã ou depois, cadê o amor num ser desses será? Eu sei q não existe, e vai ser difícil nascer em uma pessoa q pensa assim. O amor é só mais uma palavra no vocabulário dos seres humanos hoje. Espero q vc dê a volta por cima, e qdo tiver o próximo relacionamento, vai com a razão em primeiro lugar, só pra depois entrar de cara no q diz respeito ao "amor". Quem ama sofre, e quem é amado não dá a mínima pra gente! Pense nisso com carinho. Um beijão!

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