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Heróis com síndrome de Jesus Cristo e uma vida de cão. Literalmente.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

TRAGÉDIAS POR ENCOMENDA
Sempre fui fã de quadrinhos. Comecei, como a maioria das crianças brasileiras que gostam de ler, com A turma da Mônica, depois, já com mais idade, me interessei por histórias de super-heróis, Superman, X-Men, Batman, entre muitos outros. Já tive pilhas e pilhas de quadrinhos em minha estante. Hoje, sem tempo e também sem espaço para guardar tanta coisa, com muita dor no coração estou optando por me desfazer de alguns exemplares, ficando só com as edições especiais e encadernados. Muitos tem um valor sentimental e artístico muito forte pra mim. 
Hoje meus gostos mudaram, ainda amo quadrinhos e arte, mas com uma pegada mais adulta. Ainda gosto de heróis, mas tenho preferido-os na tela grande do que nos quadrinhos, essas “comics” americanas são uma coisa sem fim, sagas atrás de sagas e nada se resolve nunca. O Superman morreu e ressuscitou no terceiro dia, o Batman ficou paralítico e voltou a andar, o Wolverine hora é bom, hora é mal, isso foi me cansando demais com o passar do tempo, e eu fui percebendo que todas essas grandes coisas que acontecem na vida de nossos heróis são apenas frias estratégias de marketing, para aumentar as vendas dos quadrinhos. Hoje, prefiro não dar meu dinheiro a eles, sabendo que não importa quantas vezes o Superman morra, ele vai se erguer ao terceiro dia.

A PERDA NATURAL DA INOCÊNCIA
Já comentei por cima, aqui, sobre a obra de um artista brasileiro chamado Vitor Cafaggi, a qual tenho acompanhado e gostado muito. Foi uma deliciosa surpresa pra mim, ter trombado quase que acidentalmente com a série Valente.
Cafaggi é formado em Desenho Industrial, pela Universidade do Estado de Minas Gerais e é professor da Casa dos Quadrinhos. É bastante conhecido pela criação da webcomic Puny Parker, na qual narra a infância do personagem Peter Parker, o Homem-Aranha, mas foi com a criação das tiras de Valente, que ele ganhou um forte destaque, faturando o troféu HQ Mix, em 2012, na categoria Novo Talento, com Valente para Sempre. No ano seguinte, com a segunda parte da tira, Valente para todas, faturou a categoria Publicação de tiras. As duas primeiras edições (para sempre e para todas) foram lançadas por Vitor de forma independente, em 2011 e 2012. Nas histórias, acompanhamos a vida de valente, um cãozinho adolescente, desde os seus anos de escola até a faculdade.




Valente Para Sempre, o primeiro volume da série, é uma coletânea das tiras que conta não a típica história de amor que se vê nos filmes, seriados e novelas, mas uma narrativa mais próxima da realidade, que mostra como os diferentes parceiros que as pessoas encontram em seu caminho e todas as experiências que passam ao lado deles influenciam em quem são e em quem irão se tornar. Entre sucessos e fracassos, alegrias e decepções, Valente fala sobre as garotas que surgem na vida de alguém antes que surja a garota definitiva.


Na coletânea seguinte, Valente Para Todas, depois de uma vida inteira de amores platônicos, Valente está apaixonado por duas belas garotas que também gostam dele. Definitivamente, suas tardes de sábado jogando RPG não o prepararam para essa situação. Beijos, empadas e corações partidos fazem parte da épica conclusão do triângulo amoroso Dama-Valente-Princesa.



No terceiro volume da série, Valente Por Opção, após viver momentos intensos dividido entre Dama e Princesa, o protagonista é obrigado a lidar com as consequências de suas escolhas. E para ajudar, os anos de faculdade começam agora.


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O que me encantou em Valente, foi o fato de que o autor conseguiu transmitir as experiências de vida do protagonista de forma tão humana e singela, natural, que mesmo que você não tenha passado pelas mesmas situações, ainda assim consegue se identificar muito com o jovem cãozinho, seus medos, suas dúvidas e inseguranças, sentimentos conflitantes. Como eu disse, enquanto se delicia com as desventuras de Valente, nem sempre você vai se pegar dizendo "eu já passei por essa situação", mas com certeza em algum ponto vai parar, fechar o livro por uns segundos, inspirar e poder dizer "eu já me senti exatamente assim".



O traço de Cafaggi é limpo e simples, além de passar uma doçura que faz com que você sinta ainda mais simpatia e se compadeça dos problemas e dramas de Valente, mais do que isso, torça pelo final feliz do "garoto", não apenas desejando que ele encontre o amor que tanto procura, seja com Dama, seja com Princesa, mas que encontre a si mesmo e a resolução de muitos dos seus dilemas existenciais.
Divertido, emocional, com momentos cômicos, outros muito tocantes, a série Valente me conquistou. Ao que parece, mais volumes virão por aí, para concluírem a saga desse nosso amiguinho peludo, mostrando de forma suave que a vida é como é, novas descobertas, experiências, a perda da ingenuidade e da inocência, mas que no final as coisas talvez possam dar certo, se você souber fazer dos momentos que passou, um aprendizado para o futuro. Uma obra que vem me fazendo ter novas percepções sobre muitas coisas.


ATUALIZAÇÃO 10/10/2014:


Pra minha surpresa, acabei de achar em uma livraria aqui da cidade, o quarto volume dessa história épica, o qual eu nem desconfiava que fosse ser lançado: Valente, para o que der e vierO primeiro semestre na faculdade está chegando ao fim, sua ex-namorada está voltando de viagem, seu personagem no jogo de RPG foi capturado por orcs… e, em meio a tudo isso, uma nova garota surge em sua vida. Seja bem-vindo de volta ao mundo de Valente.


Sobre o Autor:
Eduardo Montanari Nascido e ainda morando na cidade de Bauru, interior do Estado de São Paulo, sou estudante de Design e trabalho como designer e web designer, áreas pelas quais tenho muito interesse. Amo cinema, quadrinhos e boa música.



1 Divagações

  1. Olá Edu. Cara, apesar de ser muito fã de heróis de historias em quadrinhos, li muito pouco de quadrinhos, mas sempre acompanhei a saga de nossos heróis, sempre estive muito atento sobre tudo o que acontece nesse universo heroico. Eu sempre curti mais as ilustrações do que as histórias propriamente ditas. Lembro-me, que na minha infância e adolescência, minha diversão favorita era desenhar esses heróis. Houve uma época na minha vida, que eu amava desenhar, por isso gosto tanto de arte, mas não sei o que aconteceu, hoje mau faço um traço (risos)
    Achei interessante a história do cãozinho valente, mesmo não sendo muito a minha praia.

    Abraços meu querido

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