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Idolatria e chantilly demais e o medo de reabrir feridas.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Já devo ter escrito uns dois ou três textos aqui criticando o futebol e dizendo o quanto jamais gostei de tal esporte, fazer isso novamente seria perda de tempo, tanta gente pichando a cidade com “não vai ter Copa” e isso só serviu pra emporcalhar ainda mais uma Bauru que, me desculpem, já não anda bem das pernas há muitos anos. No final das contas está tendo Copa e sempre vai ter, de quatro em quatro anos, independente de eu gostar disso ou não. O que posso fazer, como li recentemente, não me lembro onde, é simplesmente não assistir, estou em férias das aulas e agora tenho tempo pra conseguir colocar a leitura em dia, apesar de ter ficado de exame de Tipografia e ser obrigado a estudar seis meses de disciplina para a prova do dia 1º de julho. Acho que, do que eu não gosto, não é do futebol em si, mas da forma como as pessoas o idolatram como se fosse a coisa mais importante do universo conhecido, aliás, odeio qualquer tipo de idolatria, artística, religiosa, esportiva. Eu já disse religiosa, né? Cada um tem o direito de gostar do que quiser, muito ou pouco, mas o que eu percebo é que muitas pessoas são propensas à um exagero desproporcional irritante e devido à isso, acabam mostrando seu lado mais babaca. Pior, não se importando em fazê-lo. Admiro pessoas ecléticas, que gostam das coisas de uma forma racional e controlada, que não se deixam levar, não se deixam seduzir ou influenciar, coisa difícil de achar hoje em dia, já que tudo parece tão “modinha”, todo brasileiro é obrigado a gostar de futebol, todos tem que ter lido A culpa é das estrelas e chorado, todo homossexual precisa ser fã da Lady Gaga, não curto isso, não consigo ser assim, esses padrões me sufocam. Enfim...

Estou me curando de uma gripe chata que contraí e já vem se arrastando há quase duas semanas, nada grave, eu raramente fico doente, mas é sempre assim, quando fico, é um saco pra conseguir melhorar em 100%. Odeio ficar doente e agora ainda mais, nesse tempo de frio, pois, como disse, parece que a gente demora mais pra conseguir melhorar, bem, pelo menos no meu caso em particular. Pra piorar, eu, que gosto de doces, mas já não sou muito chegado, posso passar sem, numa boa, comi anteontem um pedaço de bolo, desses que são 90% chantilly e 10% massa, muito bonito, muito gostoso, com lascas de chocolate por cima, mas que atacou meu fígado, um órgão que todos nós, humanos, possuímos, de uma forma tal que faltou pouco para eu não botar os bofes pra fora. E quando digo “bofes”, não estou falando de caras gostosos, sarados e besuntados de óleo. Comi o bolo logo de manhã, ao chegar no trabalho e passei o dia todo me sentindo estranho, como se a vida fosse uma bosta mole e bem fedida, indisposto, enjoado, pernas bambas, logo liguei os pontinhos e percebi que todo aquele chantilly não me caiu muito bem. Nessas horas percebemos o porque da gula estar listada como um dos sete pecados. Por sorte, mães são iguais em qualquer parte do mundo e a minha, percebendo minha cara de cu, quando cheguei em casa depois do trabalho, já me deu um daqueles frasquinhos de remédio com cor de xixí e em cinco minutos eu já estava me sentindo melhor. Um bom cochilo de mais ou menos umas duas horas, ajudou bastante também. Pau no cu de quem acha que trabalhar com informática e design não é extremamente estafante.

Tenho pensado muito, nos últimos dias, sobre um conselho que um bom amigo me deu recentemente, sobre ter certeza das coisas que desejo, antes de embarcar em algo que acabe mexendo com meus sentimentos, ferindo à mim e à outra pessoa, ter certeza do que realmente espero de uma amizade ou de, quem sabe, um possível relacionamento, pra depois não me arrepender e querer pular fora, como foi feito comigo. Senti o quanto isso pode ferir você mais do que se imagina e depois dessa, pensar duas vezes antes de embarcar em algo novo é algo que sinto quase como uma obrigação. Não apenas não quero me machucar novamente, como também não quero machucar outra pessoa, como, tenho plena consciência, o fiz. Ao mesmo tempo em que tenho me sentido muito, muito sozinho, carente, largado, também estou com muito medo, medo de tentar mais uma vez e sofrer, medo de ser novamente substituído, posto de lado, ignorado, de não ser considerado bom o bastante. Já se passaram quase dois anos e eu ainda sofro por isso, afinal, ficar mastigando histórias do passado, que já acabaram há tempos, é um dos meus dons. E embora eu não pretenda mais ficar fugindo das coisas, evitando novas oportunidades, isso não significa que eu não esteja apavorado, receoso e inseguro. O problema é que apesar de todo esse meu pavor e trauma, sou altamente suscetível à elogios e quando a pessoa te pergunta: "Você existe mesmo?", minha vontade é dizer: "Sim, eu existo e no momento, venho me sentindo como se fosse a última pessoa da face da Terra. Me encontre".


Sobre o Autor:
Eduardo Montanari Nascido e ainda morando na cidade de Bauru, interior do Estado de São Paulo, sou estudante de Design e trabalho como designer e web designer, áreas pelas quais tenho muito interesse.
Amo cinema, quadrinhos e boa música.



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