Mais um final de semana chegou e com ele a depressão. Primeiro por descobrir que o Stênio Garcia pelado tá mais em forma do que eu, além de até mesmo ele ter alguém enquanto eu tô aqui sozinho. Segundo porque, como se já não bastasse tudo o que eu tenho na cabeça, o trabalho, o TCC pra terminar, eu ainda fico bancando o masoquista pelo menos umas duas vezes por mês e xeretando o perfil de uma pessoa que eu, embora sem sucesso, esteja fazendo uma força sobre-humana para evitar, só pra constatar que ele tá bonito, feliz e bem resolvido. E confesso que isso realmente me deixa com vontade de me jogar de cima de um viaduto na Avenida mais movimentada aqui da cidade. Coisa cruel de se confessar, mas sincera. Não consigo mais me enganar. Estou realmente cansado em fazer força para não magoar as pessoas, mas deixar que elas o façam comigo e depois simplesmente vivam suas vidas como se nada tivesse acontecido. Posso até parar de “pegar no pé”, mas a mágoa infelizmente permanece. Além do que, depois de um tempo você percebe que dá tudo na mesma, que você estar bem ou não, pra outra pessoa é irrelevante, pois ela está ótima. 

Embora eu saiba que essa é uma previsão bem pessimista, já beirando os 40 anos e sem ter nenhum relacionamento verdadeiro até hoje, pra mim é quase certeza que vou morrer sozinho em algum canto. Tenho algumas qualidades, mas na minha opinião acho que elas não superam meus defeitos. Sempre me senti sozinho a vida toda, continuo me sentindo e a cada dia estou mais cansado de buscar companhia, compreensão e alguém que esteja disposto a dividir a vida comigo. E quando eu falo em "dividir a vida", não estou falando de namoro ou casamento, embora não vá negar, gostaria de pelo menos uma vez na vida saber o que é namorar verdadeiramente alguém, mas eu falo de pessoas que queiram que você faça parte da vida delas e que queiram fazer parte da sua, de forma constante e alegre. Sei que, falando dessa forma, posso deixar chateadas algumas pessoas que gostam de mim, mas o erro de fato não está nos outros, mas em mim, que pelo visto vou morrer esperando das pessoas o que elas jamais poderão ou estarão dispostas a me dar. No final das contas a gente sofre, faz drama, filosofa mas não faz diferença nenhuma. A gente morre, seja por morte natural, um acidente ou doença e a vida continua pra todo mundo enquanto você apodrece aos poucos embaixo da terra. Gostaria que isso ao menos pudesse me consolar, mas não ajuda. Nos últimos anos tenho visto a morte de alguns jovens, o filho de uma vizinha, estudantes da universidade. Fico pensando o quando isso vai marcar as pessoas que ficaram, mas tudo o que vejo é o mundo continuar rodando enquanto esses que um dia foram alguém, um dia tiveram seus sonhos, um dia talvez tenham tanto quanto eu, desejado uma companhia, talvez um amor de verdade, apodrecerem aos poucos embaixo da terra. Quer saber? Acho que vou parando por aqui. Realmente não ando nos meus melhores dias.

EDUARDO MONTANARI

Virginiano, bauruense, estudante de Design, ilustrador e web designer. Amante de cinema, quadrinhos, boa música e outras nerdices. Sonhando com o namorado ideal.