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Sobre 80 reais enfiados no cu em novelas pneumáticas e elogios inesperados de um TCC obrigatório.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015


Foi numa sexta-feira, dia 11 de dezembro de 2015, o dia no qual apresentei finalmente meu TCC para uma banca de três professores e mais alguns amigos. Já vinha trabalhando nele há seis meses. Uma releitura da capa de três livros da série Vaga-Lume. Talvez você conheça as obras, talvez não. O link tá no nome, pesquisa aí, já expliquei demais tanto no relatório quanto na apresentação e o fato de eu ter ficado muito satisfeito com minha aprovação, não significa que eu esteja feliz com minha vida de um modo geral. Típico né? Acho que se fosse diferente não seria eu. Apesar da banca ter me tecido dezenas e dezenas de elogios, para mim inesperados e bem-vindos, sinto que não fiz mais do que a situação me obrigou. Dizer que não tive prazer em desenhar seria mentira, mas se existisse um mundo onde você não precisasse ficar provando o seu valor em 99% do seu tempo de vida e passando por testes para ser considerado apto para algo, seria bem melhor. Estou feliz por ver os frutos do meu esforço depois de tanto tempo, mas isso não quer dizer que não esteja cansado. Alguns já me perguntam: “E agora? O que você pretende fazer? Qual o próximo passo? Uma Pós-Graduação, um novo emprego?”. Eu, de minha parte só queria ser deixado em paz, só queria viver mais em paz. “Plus ça change, plus c'est la même chose”, “Quanto mais as coisas mudam, mais elas continuam as mesmas”. Agora sou um designer graduado, isso é bom, não se pode negar que, eu buscando, a possibilidade de novas portas se abrirem para mim aumentou. Não quero reconhecimento, não é algo que me alegre, quero dinheiro o suficiente para pagar minhas contas com tranquilidade. Não creio mais, há algum tempo pelo menos, que vá aproveitam os anos que me restam, sejam lá quantos forem, da forma que eu um dia sonhei, as dificuldades vão surgindo, você cai, se levanta, cai de novo e se levanta novamente e apesar de isso te mostrar o quanto você é mais forte do que pensava, deixa feridas. Algumas delas difíceis de curar. Sou graduado, tenho meu diploma, confesso que mais porque preciso dele do que por desejá-lo. Mas continuo vazio, sozinho e esperando das pessoas coisas as quais elas jamais vão me dar.


Aquela minha novela com os óculos foi resolvida. O médico decidiu voltar para um grau próximo ao que eu já usava e agora estou enxergando “normal” novamente, quer dizer, pro meu padrão de normal. Na verdade, pra alguém que só enxerga com o olho esquerdo eu vejo muito bem. Mas como drama pouco é bobagem e eu sou expert em dramas, reconheço isso (mas não ligo) e como depois de toda novela vem uma outra, o lance agora é com minha bicicletinha querida, que vai me dar boas despesas nos tempos vindouros. Há algumas semanas o pneu traseiro começou a murchar sozinho. Logo deduzi se tratar de algum furo e vi a necessidade de trocá-lo por um novo (não o furo, o pneu). Embora esse tipo de inconveniente me deixe chateado, não era de todo inesperado, já que comprei a “magrela” de segunda-mão e ela já veio meio desgastada. Foi então que, no sábado passado, depois de protelar algum tempo, finalmente decidi ir até uma bicicletaria perto de casa e trocar o pneu, pois gosto de pedalar aos domingos de manhã e pretendo não perder esse hábito. É ótimo pra esquecer problemas e pessoas, mesmo que apenas temporariamente. Bem, fiz a troca e isso me custou valiosos R$ 80,00. Mais caro do que eu imaginava, mas ou era isso ou deixar ela encostada num canto tomando poeira e gordura da cozinha. Saí da loja todo feliz, preparado para meus exercícios dominicais, ainda mais que a noite fui jantar fora com dois amigos queridos para comemorar minha apresentação, grato aos dois. No dia seguinte despertei ansioso, vesti meu figurino de ciclista e mandei ver. Pedalei por quilômetros até perceber que, estranhamente o pneu novinho, o qual eu havia acabado de comprar no dia anterior estava murcho, totalmente, novamente. Ou eu tinha dado MUITO azar (o que no meu caso não é lá muito difícil) e furado o pneu novinho em algum lugar ou algo estava errado com a troca. O caso é que, vendo isso, desci da bike, a uns 15 km de casa e comecei a empurrar, buscando o posto de gasolina mais próximo pra calibrar o pneu mesmo que temporariamente, para eu poder voltar pra casa pedalando e, no dia seguinte voltar à loja, ver o que havia de errado. Bem, achei um posto e, já chateado, fui calibrar a roda, que foi enchendo, enchendo, enchendo até fazer “bum!” e praticamente virar do avesso. Eu, como já disse, estava há anos luz de casa, com uma bicicleta pesada que já não dava mais nem pra empurrar, sem saber o que fazer e com vontade de me jogar na frente do primeiro ônibus que cruzasse meu caminho. Tive que incomodar um amigo, tirá-lo de casa pra ele pelo menos tentar me ajudar, o que, ao final mesmo como todo o esforço e boa vontade dele, acabou não dando certo, estou todo dolorido de ter tentado carregar a bike por um monte de quarteirões e muito, muito irado por ter praticamente limpado a bunda com os R$ 80,00 que gastei no pneu novo. Bom, pelo menos meus 15 dias de férias já estão batendo na porta. Só mais uma semaninha.


EDUARDO MONTANARI
Virginiano, bauruense, estudante de Design, ilustrador e web designer. Amante de cinema, quadrinhos, boa música e outras nerdices. Sonhando com o namorado ideal.



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