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Sobre sentir a verdadeira relevância das coisas.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Com três semanas faltantes para o meu aniversário de 40 anos de idade algumas pessoas já estão começando a comentar sobre o fato, me indagando se farei alguma comemoração, pois de acordo com elas, se faz necessário comemorar uma data tão memorável.
Se não me engano, há dois anos não comemoro, pois a parte de mim que ainda é muito carente acaba criando expectativas demais e sempre se frustrando. Fico imaginando aquelas festas divertidas, como nos filmes, com todos os meus amigos rindo, confraternizando, interagindo e acima de tudo, me dando atenção. Todo mundo se divertindo muito, feliz por estar ali. Mas não é isso que acontece, a vida real é sempre mais sem sal que os filmes hollywoodianos.
Na última comemoração que quis fazer, em uma pizzaria, me senti deslocado. Convidei várias pessoas com quase um mês de antecedência, para assim não terem a desculpa por terem sido avisadas em cima da hora. Alguns confirmaram presença, outros não, até aí tudo normal, mas no fundo você já começa a perceber que as coisas não vão acabar saindo como você imaginava. Com as negativas, você começa a perceber que as pessoas tem dezenas de outras prioridades prioritárias na vida que não envolvem você.

No dia combinado cheguei ao local com meu amigo Adriano no horário combinado, às 19h. Mas quem foi que disse que, fora ele e eu, havia mais alguém lá, esperando ansiosamente pela comemoração?
Sou bastante sistemático, neurótico com combinações e horários. Se marco de estar em um lugar às 19h, entenda às 18h30 ou 19h em ponto. Tudo bem, imprevistos podem acontecer, atrasos, mas chegar atrasado à um local, simplesmente por não ter pressa de chegar é algo que me irrita bastante.
Quem compareceu, começou a chegar na pizzaria quase 50 minutos depois e ao final, tudo foi apenas uma reunião quase formal. Sei que muitos da mesa não se conheciam bem, mas a visível apatia dos convidados começou a me dar nos nervos, além de ir me deixando mais deprimido a cada minuto, pois nada do que eu havia imaginado para aquela noite estava de fato acontecendo. Ganhei alguns presentes e agradeço por eles. É sempre legal ganhar coisas legais, mas sou o tipo de pessoa que trocaria qualquer presente por calor humano. No final de tudo, era apenas um bando de pessoas estranhas umas as outras, comendo suas pizzas.

Talvez se alguns dos que compareceram no dia acabarem lendo esse texto se sintam ofendidos, afinal, tenho sensibilidade o bastante para perceber o quanto esse “desabafo”, soa como ingratidão. Mas não, não estou sendo ingrato, acreditem ou não, estou apenas externando o quanto é chato quando você sente que as coisas não saem como você gostaria que saíssem.
Certa vez, conversando com um colega de trabalho eu contei sobre esse dia e, para minha surpresa ele me disse: “Ora essa! Se a pessoa me convida para algum lugar, mesmo que seja com hora marcada eu tenho o direito de chegar na hora que eu quiser, pois já estou fazendo a gentilieza de aceitar o convite e ir. Não sou obrigado a chegar na hora que a pessoa quer que eu chegue”. Ouvindo isso fiquei pensando se todos não pensam dessa forma. Não acho correta essa linha de raciocínio, mas não pude deixar de pensar se todos não pensam assim e se eu sou o ingênuo da história, ainda acreditando em consideração e etc.


Em verdade vos digo que, uma comemoração bacana pra mim independe do número de pessoas envolvidas. Já me senti extremamente bem estando apenas ao lado de uma pessoa, assim como já me senti mal cercado de dezenas. O que importa pra mim é sentir que aquilo não está sendo agradável, bacana, divertido apenas para mim, mas para os outros também. Sentir que da mesma forma que eu estou feliz por eles estarem ali, eles estão felizes por mim também. Gosto de sentir a relevância das coisas, e há tempos não sinto isso. Decidi então, depois dessa última experiência não mais ficar criando expectativas, querendo comemorar coisas as quais só eu queria. Não preciso de festas, não preciso que cantem parabéns para mim e nem que me comprem presentes (embora eu aceite os que ganhe, de bom grado). O que preciso é sentir que, quem decidiu estar comigo nesse dia, realmente está feliz por termos conseguido passar mais um ano "juntos", porque gostem ou não de pensar sobre isso, cedo ou tarde tudo acaba. E eu gostaria de ter passado por aqui sabendo que deixei minha marca no coração de alguns e que realmente vou fazer falta.



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