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Sobre manequins malditos, uma dieta balanceada e parasitismo recíproco.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Já não é de hoje que gostaria muito de mudar o meu estilo. Usar umas roupas mais modernas, um penteado ousado, adereços diferentes e até mesmo, quem sabe fazer uma tatuagem discreta no braço. O problema, além da constante falta de grana pra fazer essas coisas, pois se vestir legal custa meio caro, é que sou dessas pessoas que não conseguem se sentir bem consigo mesmas, não importa o que faça.
Depois dos 25 comecei a me soltar um pouco mais, mas ainda assim aos poucos. Me lembro que tomar a decisão de, por exemplo, furar a orelha e usar um brinco pequeno foi muito difícil pra mim. Eu queria muito, mas morria de vergonha e demorei pra me acostumar. Sou desses que, se usa alguma coisa nova ou diferente, fica morrendo de vergonha, achando que tá todo mundo me olhando e criticando, mesmo que em pensamento. Gosto muito de pulseiras, brincos e anéis, tudo na medida certa é claro, e hoje sempre compro quando tenho oportunidade, mas ainda assim demoro quase uma semana pra me sentir bem usando aquilo e muitas vezes acabo abandonando o adereço por achar que não ficou bom em mim.
Sou assim com roupas também. Deus amaldiçoe os manequins de lojas de departamento, pois eu não sei qual é o segredo, mas toda e qualquer roupa fica infinitamente mais elegante em um manequim de plástico sem rosto do que em mim. Bem, os desgraçado afinal são fabricados com o corpo de acordo com o que a sociedade acha atraente. Raro ver manequins gordos. Se já vi, foram poucos.


Adoro comprar roupas novas quando tenho um dinheirinho sobrando. Vejo no maldito manequim, acho a coisa mais linda, me imagino dentro daquela camiseta ou bermuda e não resisto, vou lá e compro pra dois dias depois estar me sentindo dentro de um saco de batatas. Por conta disso peguei uma birra muito grande de pessoas bonitas. Tem gente que anda de sandálias Havaianas, barba por fazer e cabelo despenteado e ainda assim consegue ficar elegante. Odeio isso! Dá vontade de pegar um vidro de ácido e derramar na cara dela.
Adoraria conseguir fechar a boca também, realmente ter força de vontade pra fazer uma dieta de verdade, comendo só coisas saudáveis e não engordativas, cortar a cervejinha de final de semana, massas, frituras, mas é interessante como uma coisa leva a outra. Não sou nenhum glutão, mas compenso a minha frustração comigo mesmo comendo. Quanto mais triste estou, mais vontade de comer porcarias eu tenho. Um círculo vicioso. Não gosto da minha barriga, fico deprimido, como calorias pra me compensar, fico chateado por comer calorias e com ainda mais inveja dessas pessoas “ajeitadas”. Até poderia ir a um nutricionista, mas depois ficaria com vontade de mata-lo também. Eles falam que devemos comer somente coisas saudáveis como se tudo fosse muito barato. Esses produtos “fitness” são o olho da cara. Mas fico pensando que, talvez mesmo se eu tivesse dinheiro pra manter uma dieta saudável constante, talvez ainda assim não o fizesse, pois me sinto infeliz em muitos aspectos e como eu disse, compenso a solidão e a tristeza comendo porcarias.

Já fiz alguns meses de natação, alguns de academia, mas no final das contas acabo desistindo. Alego falta de tempo, falta de disposição, o clima frio, mas a verdade é que mesmo quando tento fazer as coisas para meu próprio beneficio, minha solidão atrapalha. É chato ter de sempre fazer tudo sozinho, sem companhia, sem alguém com quem compartilhar meus momentos bacanas. Isso me desmotiva muito. E desisti de tentar explicar esse sentimento aos outros, não que eu tenha que fazer isso, mas instintivamente estou sempre querendo fazer as pessoas entenderem porque sou tão... estranho. Bem, eu me acho estranho.
Conheço pessoas que se viram muito bem sozinhas, sem companhia constante, que dizem ter aprendido a conviver em paz consigo mesmas e gostar disso. Também conheço pessoas como eu, que sentem um vazio grande e difícil de ser preenchido, que por mais que tentem se bastar, sempre sentem que algo está faltando. Eu sinceramente gosto mais das carentes, talvez porque eu possa parasitar nelas e elas em mim, se precisarem. Pessoas independentes demais não precisam de você e assim como eu sinto falta dos outros, precise deles, gosto de pessoas que precisem de mim. Como eu disse é uma relação meio parasita, mas quando sinto essa reciprocidade é quando me sinto bem, confortável, preenchido.
Acho que se fosse seguir os conselhos que me dão eu já teria seguido: tentar me bastar, tentar me satisfazer sozinho. Acredito que pessoas assim vivam bem mais em paz. Mas estou cansado de ouvir sempre a mesma coisa. Creio que algumas pessoas infelizmente acabam levando para o túmulo alguns pontos destrutivos de sua personalidade. Algumas vezes é mais forte do que você.





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