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Sobre gozar por 30 dias seguidos, reencontros dispensáveis e macacos marionetes.

domingo, 19 de fevereiro de 2017


Não sei dizer se foram as férias de 30 dias que gozei em dezembro passado, as quais estava mesmo precisando, mas comecei 2017 me sentindo diferente, um pouco mais calmo, mais paciente com algumas pessoas e situações. Realista como sou, não espero que essa sensação seja permanente. Encaro a vida, o dia-a-dia como ondas do mar, inconstantes, irregulares, hora calmaria, hora agitação. A propósito, rumo aos 41 anos e ainda vi o mar. Aceito convites.
Uma das minhas metas para esse ano foi tentar me organizar melhor no trabalho para evitar possíveis dores encefálicas. Tenho tentado, mas está complicado, pois o estagiário que me ajudava saiu e eu estou um tanto quanto sobrecarregado. Até que tenho dado conta do recado, mas obviamente me canso mais fácil e a probabilidade de erros aumentou em alguns por cento. Já andei levando uns belos puxões de orelha desde o começo do ano. Aprendi a lidar bem com pressão e prazos de entrega, mas isso não significa que sou infalível no que faço. Sinceramente, nem faço questão de ser.

Há alguns dias fui mencionado em uma postagem no Facebook por uma conhecida dos tempos do colégio técnico, o qual cursei de 2006 à 2008. Esse ano o colégio vai completar 50 anos e ao que parece vai rolar uma mega festa em um Haras, tipo essas reuniões de ex-alunos que acontecem. Observando a postagem, muita gente comentando, muita gente felizinha, marcando outras pessoas, acredito que, pra quem goste, realmente vai ser um evento bacana, a mim só incomodou. Muita gentileza dela me marcar na postagem, mas sinceramente tenho me esforçado cada dia mais em deixar algumas coisas do passado onde elas devem permanecer. Não que os 3 anos de curso tenham sido horríveis, foram muito válidos pra mim em vários sentidos, aprendi muito sobre informática e sobre o ser humano, mas não foi nem de longe a Hogwarts que eu imaginei ingenuamente que fosse na época.
Hoje não espero mais que as pessoas que passem pela minha vida permaneçam comigo pra sempre. Depois de muito me decepcionar e criar expectativas infantis, percebi que você só tem mesmo o controle de sua própria vida (e mesmo assim nem tanto), quanto aos outros, cada um deve fazer suas próprias escolhas e seguir o caminho que quiser. Conheci boas pessoas lá, mas esse período foi turbulento pra mim, pois foi bem na época em que minha mãe começou com suas tentativas de suicídio e isso me afetou bastante. Concentrados nos estudos e em seus próprios problemas, muitas das pessoas que considerei meus amigos não compreenderam, achando que eu estava "fazendo drama demais", enfim, uma história que já contei dezenas de vezes aqui. Simplificando, nenhum deles tem hoje o menor interesse em mim e eu graças aos seus aprendi a perder o interesse por eles. Não tenho porque rever pessoas para as quais sou irrelevante.



O martírio do meu jovem amigo continua e isso está me deixando cada dia mais emputecido com os pais dele. Secretamente ele grava o áudio das discussões com a mãe e o que eu ouço da parte dela me faz ter vontade de vomitar e logo depois, limpar o vômito da boca e assassina-la. Fanática religiosa, ela chegou ao ponto de dizer que ele é um retardado por estudar tanto e que se continuar assim vai acabar louco, dizendo que o demônio está agindo por ele. Típica e esperada reação de pessoas sem caráter ou personalidade. Se o seu pastor ou os irmãos da igreja lhe disserem pra comer um prato de merda em nome do Senhor, com certeza ela comerá. Quando ele tenta argumentar de forma inteligente, ela logo o interrompe, pedindo ao Senhor que tire o demônio do corpo do garoto. Me lembra muito aquela estátua dos três macaquinhos, "não fale, não veja, não escute". Creio que no fundo a pessoa tem medo, medo de ouvir algo que sabe que é verdade e perceber o quanto é acéfala. Tem medo de perceber que talvez esteja desperdiçando sua vida sendo apenas uma marionete da religião.
Nesse final de semana fiquei bastante angustiado, pois tudo o que tenho podido fazer é assistir a ele e a irmã sofrerem nas mãos daquela louca, sem poder ajudar. Ele e eu nos vemos quase todos os dias, por alguns minutos apenas antes dele precisar ir pra aula, eu tento conversar, tento mostrar apoio, mas nunca sinto ser o suficiente. Me orgulha muito o fato de alguém tão novo conseguir suportar isso, eu, no lugar dele já teria cedido. Vejo tantos casos de filhos que acabam cometendo suicídio por pressão dos pais e isso me destrói por dentro. Tudo o que posso fazer é oferecer meu ombro e desejar que ele seja forte, que aguente até essa onda gigante de merda passar, pois um dia vai, nada dura para sempre.





2 Divagações

  1. Ele sabe que o único jeito de vencer é se tornando forte, se ele ceder a suicídio ou drogas ele estará com a guerra perdida e estará assinando o atestado de burrice ... ele é esperto vai vencer essa guerra um dia

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  2. Você certamente está fazendo o que pode - não são todos que permanecem ao nosso lado quando precisamos de apoio.

    Beijos.
    Blog: *** Caos ***

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