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O mundo não muda, as pessoas sim.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010


De tempos em tempos faço um balanço da minha vida. Como fui, como sou e como quero ser. Analiso meus erros, procuro não repetí-los apesar de muitas vezes não conseguir, mas acima de tudo atualmente penso muito em como fui e como eu sou. Estou aprendendo a não só enxergar as minhas derrotas, mas também as minhas vitórias e conquistas. É uma história antiga, que muita gente já sabe, mas nunca fui muito “sociável” durante minha juventude. O típico rapazinho isolado, que pegava seus carrinhos e brincava sozinho no quintal. Aquele tipo de garoto que na escola, sentava num banco num canto qualquer e ficava espiando as outras crianças, imaginando o quanto seria bom ter coragem para agir como eles. Poder correr sem ter medo de quebrar os óculos, que sempre usei desde que me conheço por gente, subir dois galhos de uma árvore qualquer sem sentir uma vertigem avassaladora, poder conversar normalmente sem parecer que tinham borboletas voando dentro do meu estômago.




Embora pareça, esse não é um discurso auto-piedoso. Parei com eles. Auto piedade não atrai compaixão, você só consegue a pena dos outros. E não há nada pior no mundo do que ser digno de pena, enquanto o que você espera é amizade. Hoje eu só relato minhas frustrações porquê gosto que me conheçam, gosto que os amigos saibam quem é o Eduardo com quem estão lidando. Gosto que saibam pelo que eu passei. Novamente digo, não para que me tenham pena, mas para que possam compreender porque hoje eu faço muitas das coisas que faço e tenho muitas das opiniões que tenho. 
A cada dia que passa eu estou percebendo que o mundo jamais será perfeito. Na verdade, o mundo não precisa ser perfeito, e nem eu. Tenho que procurar dar o melhor de mim no bom sentido, mas ser perfeito, ter a “vida ideal” é pretensão demais, acho que pra qualquer um, não só pra mim. Tive e tenho dias em que desejei não ter acordado de manhã, e com certeza, ainda terei dias assim. Não é pessimismo, nem conformismo, mas uma conscientização esquisita de que algumas coisas não podem ser mudadas, mas podem ser contornadas com uma boa dose de força de vontade que só pode vir de mim e de ninguém mais. 
A gente tem a mania de buscar as respostas da nossa vida em tudo e todos, menos onde realmente elas estão, em nós. Onde? Não sei. Vou achá-las amanhã, semana que vem? Ou daqui mais dez anos? Não faço idéia. Mas já ter uma idéia de onde procurar ajuda muito. No fundo acho que a gente sempre sabe onde elas estão, mas não queremos aceitar isso porque parece óbvio demais, e isso nos faz sentir meio idiotas. Acho que sabemos na verdade o caminho para solucionar todos os nossos problemas, mas é o nosso próprio orgulho tolo que nos impede de fazer o que tem que ser feito pra mudar. De alguma forma distorcida achamos que o mundo nos deve. Que é ele que tem que mudar, não nós. Que são as pessoas que tem que vir até nós e não o contrário. Achamos que porque o mundo não se esforça para nos aceitar, não devemos também fazer esforço algum para sermos aceitos ou aceita-lo. 
Na verdade, depois que você acalma um pouco o turbilhão de pensamentos e dúvidas na sua cabeça tudo parece meio óbvio, quase logicamente matemático. A partir do momento que você se dá conta de certas coisas ao seu redor, fica mais fácil se voltar para si mesmo e resolver alguns dilemas internos. Então, pelo menos para mim, são fatos que: O mundo e as pessoas nunca vão mudar, nunca serão como eu quero. Então nesse caso tenho duas óbvias escolhas: Continuar esperando e me frustrando a cada vez que essa verdade óbvia bater na minha cara ou aceitar isso e, já que nada é como eu quero, que pelo menos EU o seja. Não posso controlar nada no mundo além de mim mesmo
Ou eu sou feliz assim ou eu nunca o serei. Não querer aceitar isso é de uma burrice e uma teimosia infantis. Outro fato é que, para mudanças, sacrifícios são necessários. Você não consegue nada sem abdicar de algo valioso em troca. Seria uma maravilha se não fosse assim, mas é. E cada vez que eu tiver que fazer isso, sei que vai doer. Muito. Mas um outro fato que aprendi ao longo desses últimos anos em que venho mudando é que, a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional. É impossível viver uma vida realmente plena, sem tristezas ou dor. As vezes uma dor dilacerante. Mas a dor sempre passa e o que acaba ficando são só os resquícios dela, que pensamos ainda ser a dor, mas que é só o sofrimento. E cabe a mim decidir se fico amargando isso ou não e por quanto tempo.


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3 Divagações

  1. Mudanças são sempre bem vindas,pois sempre nos ensinam alguma coisa, seja ela boa ou ruim.

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  2. A mudança exige muita coragem. Nem todos têm. Gostaria de ser mais forte e aceitar algumas delas. Por vezes as adio. A maioria das pessoas acaba adiando o inadiável...

    Abraços !!!

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  3. Reflexão profunda
    É a pura realidade
    Parabéns

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