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Sobre drenagem e absorção, terminar o que comecei, visão distorcida e transformar sentimentos

sábado, 11 de setembro de 2010

Certa vez, durante uma conversa com a minha psicóloga, confessei a ela que além de muito ódio de determinadas coisas e pessoas, em alguns casos eu cultivo muita inveja também. Infelizmente não é como costumam calssificar, aquela chamada inveja "boa". Não, é aquela inveja ruim, nociva, destrutiva.
O problema com esse tipo de inveja é que o que te incomoda não é você não ter alguma coisa, mas sim as outras pessoas terem, mesmo que elas tenham lutado pra isso e você não. Eu sei que é um sentimento tenebroso, sei que é errado e que não deveria me sentir dessa forma, mas automaticamente me sinto. O lado legal de um psicólogo é que ele não julga você. Se você diz que matou um gatinho por prazer, ele não vai pegar um porrete e arrebentar o seu crânio em sinal de protesto (mesmo que tenha vontade), ele simplesmente vai querer descobrir junto com você, o porque você sentiu prazer em matar o bichano (não, não matei nenhum gato). Quando contei a ela sobre a minha inveja e meu ódio pelas pessoas, ela me disse que apesar de eu estar cultivando sentimentos tão errados e nocivos eu deveria tentar transformá-los de forma que eles agissem a meu favor. Ela disse que sentir raiva de algo ou alguém, sentir inveja de algo ou alguém não é de todo ruim se você souber administrar isso de forma que esses sentimentos trabalhem para impulsioná-lo. "A inveja é um excelente mecanismo motivador", ela disse.


Já estou há quase um ano tentando terminar uma coisa que não consigo terminar. Aceitei fazer isso porque achei que conseguindo vencer esse desafio a minha auto-estima melhoraria, mas não é isso que vem acontecendo ao longo do ano. Como tudo o que eu me proponho a fazer na vida, estou fazendo isso apenas por fazer, apenas para tentar me equiparar às outras pessoas. Porque fulano fez, eu também quero fazer. E eu sei muito bem que devemos fazer as coisas por nós mesmos, não pelos outros, mas mesmo sabendo disso eu continuo fazendo tudo o que faço apenas para ver se consigo chamar a atenção dos outros para mim, para fazê-los me notar, me elogiar. O caso é que, o que vai melhorar a minha auto-estima na minha visão distorcida, não é o fato de eu concluir o que estou fazendo e ter sucesso, o que vai melhorar minha auto-estima é a reação das pessoas perante esse meu sucesso. O que vai me deixar feliz não é o "Eu consegui! Parabéns para mim!", mas sim o "Eduardo, você conseguiu! parabéns para você!".
Como sempre, eu até procuro trilhar o caminho certo, o problema é que faço isso sempre pelos motivos errados. E quando você não sabe qual é o verdadeiro motivo de você estar fazendo algo, esse algo não tem sentido nenhum de ser. Não faço por mim, faço pelos outros, o grande problema no caso é que esses outros não estão nem aí. Não importa o quanto eu me esforce para chamar a atenção deles, pra tentar fazê-los gostar de mim de novo, eles nem sequer desconfiam disso ou sequer se importam. Tenho buscado a motivação que quero no lugar errado. "Se eles me notarem, se ficarem felizes por mim, se gostarem do que estou fazendo, aí sim terei motivação pra seguir em frente", penso. Infelizmente esse meu pensamento já se tornou compulsivo. Quanto mais eu faço as coisas para que as pessoas me notem e elas continuam me ignorando, mais eu procuro fazer coisas para ser notado.


O que estou tentando fazer nesse ano, já tentei duas vezes e falhei nas duas vezes, vontade de desistir é o que não tem me faltado. Nessa segunda tentativa e segunda falha eu chorei feito um menino de 5 anos de idade. Me sinto incapaz, inferior, burro. E o pior é que esse sentimento de inferioridade faz aumentar ainda mais meu ódio e a minha inveja de pessoas otimistas, confiantes e que além de tudo, podem contar com o apoio das pessoas que amam. Não que eu não tenha apoio de ninguém, mas como disse em outro dos meus posts, as pessoas apenas me desejam boa sorte, me mandam suas boas vibrações de lá de onde elas estão. Elas não me dão seu colo, seu abraço e seu ombro. E isso me faz falta. Deus! Como me faz falta um ombro amigo pra poder chorar. Desabafar num blog, por um celular, por um chat, qualquer um pode fazê-lo, mas sentir um abraço amigo, um ombro, um colo e uma voz no seu ouvindo lhe dizendo "Vai acabar tudo bem", isso hoje em dia é escasso.
Mas como eu "disse que disse" minha psicóloga, no começo do post, a inveja e o ódio podem ser magníficos motivadores. Depois de dois fracassos vou tentar de novo pela terceira vez. Não, não vou desistir apesar da vontade, eu jamais me perdoaria por isso, mas vou seguir o conselho da minha psicóloga e transformar meus sentimentos de forma que eles parem de me consumir feito um câncer. Aprendemos coisas pelo amor ou pela dor, no mesmo patamar, conquistamos nossos objetivos. Estou com ódio, muito ódio, muito muito mesmo, um ódio doentio, psicótico e homicida. Mataria com prazer determinadas pessoas sem que elas ao menos soubessem o porque, simplesmente para apagá-las da existência, mas não, venho sendo consumido por isso e já me sinto uma casca de árvore seca e vazia. Não quero mais que esses sentimentos drenem as coisas de mim, quero usá-los para absorver o que eu preciso e que está ao meu redor.







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6 Divagações

  1. O importante é tentar até conseguir realizar o irrealizável, mesmo que os sentimentos que o impulsionam não sejam os mais 'politicamente corretos'. Sorte e sucesso, sempre!

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  2. Desde a primeira vez q vc me enviou um comentário dizendo q gostou do meu blog, e q iria me seguir, eu estava te devendo um comentário decente, vamos dizer assim. Além disso, vc mesmo se explica, e diz q se for para comentar aqui, q seja pelo menos algo q faça valer a pena. Pois bem, por mais q vc ache q eu não te CONHEÇO, eu te conheço e muito. Sempre estou nas comunidades q vc participa como a Depressão, e leio tuas postagens.. Umas mais coerentes, e outras um tanto exageradas no meu ponto de vista. Mais como eu quase nunca tinha, ou tenho algo a acrescentar, sempre fiquei na minha. Não quero te julgar, porque como eu disse, não te conheço além dos teus desabafos... seja lá na comunidade ou aqui. Claro q eu tb tenho meus medos, minhas neuras, angústias e muitas vezes nem consigo controlar. Carência é o meu sobrenome, seja ela por um amor verdadeiro, ou por uma(as) amizades sinceras. Mais acho q isso é cobrar demais de mim, pois sou tão carente q chego ser até CHATA. É isso mesmo, sou extremamente chata. E não tenho inveja do q as pessoas são, ou tem... mais faço é admirar à aquelas q tem tudo, ou quase tudo. Acho q o espaço aqui é pouco, e nem é recomendável eu te dizer TUDO que eu queria te dizer. Mais vc sabe agora onde me encontrar, e não posso te dar aquele abraço, e te ouvir olhando nos teus olhos, mais posso tentar te ler como estou fazendo sempre q vc postar algo.. seja aqui ou na comunidade lá. Não sou de ficar postando mentiras, e não sou de aumentar, e muito menos diminuir o q sou, e como sou, no meu blog. Aquela pessoa lá SOU EU. Não sei se é para a alegria ou tristeza da nação, aquele espaço, este blog q uso, é o meu espaço para desabafar sem medo de ser feliz. Acho q agora chega, né! rs e como eu te disse ali do lado, estou adorando te acompanhar aqui, e conhecendo mais um pouco das suas divagações solitárias. Boa sorte, e tudo de bom pq vc merece isso... mesmo q ainda não tenha conseguido realizar os seus maiores desejos. Tenha fé e se cuida. Beijão!

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  3. Edu, distorcer fatos é uma das piores coisas que uma pessoa pode fazer contra outra(s). É tao ruim quanto a mentira. Infelizmente é possível apontar pessoas ardilosas, que nao tem piedade nem de criancinhas.

    Bom domingo!

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  4. Amigo, na verdade o ódio faz mal pra nós mesmo. Arde como fel em nossa boca e fecha nosso coração.

    Abraço

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  5. Eduardo, até uns anos atrás, eu agia exatamente como você em relação a fazer de tudo para agradar. Falo sem medos que de certa forma, sou uma pessoa que não sabe muito como viver solitariamente, do tipo que gosta de dividir os sentimentos e somar experiências de vida.

    Devido à vários problemas, o único caminho que eu consegui trilhar, foi tentar fazer o bem para as pessoas. Sempre me coloquei em segundo plano. Mas como não poderia deixar de ser, um dia a casa caiu. Num dado momento, no meu trabalho, eu não recebia salários, e trabalhava praticamente de 8 as 20h todo dia... as vezes até no fim de semana. Eu não me importava com isso, pq queria fazer o melhor pra todo mundo. Porém meu sócio estava sempre andando de carro. Sempre comendo nos melhores lugares. Um dia me acendeu uma lâmpada que me disse pra conferir as contas da empresa e olhando apenas os registros de 2 meses, vi que foram gastos mais de 2400 reais em coisas pessoais do meu sócio. E eu sem salário, trabalhando como um condenado.

    Quando eu percebi isso, sem chão, comecei a entender que fazer algo esperando que as pessoas te retornem com a mesma atenção e importância que você dá para elas é algo completamente destrutivo. Demorei anos... 4 ou 5 anos pra me desligar completamente desse fato, pois era uma pessoa da familia que fez isso. Foi um baque tão forte que eu, que acreditava que não podia mudar, mudei. Com lutas diarias. Me reeduquei para não fazer as coisas esperando retorno das pessoas. Hoje, se eu coloco uma pessoa na minha frente, não é para ter aprovação. É apenas pq acho que ela merece. Se vier retorno, ficarei muito feliz mas se não vier, terei feito algo por mim. As pessoas que me fizeram mal, jamais mudaram. E isso reforçou ainda mais minha idéia de que pessoas não mudam.

    Amor e amizade são o sentido da vida. E não é ruim tentarmos buscar isso. Porém, as vezes, ficamos tristes sem conseguir o carinho que buscamos. Eu não sei o que falar pra você, por que busco o mesmo que você busca, e não sei o que responder pra mim mesmo. Apenas vou seguindo em frente, sozinho, sem o ombro pra chorar. Mas fico feliz de ter encontrado seu blog, pois me deu o empurrão que eu precisava pra fazer o que eu sempre tive vontade, mas nunca tinha realizado... escrever. Embora sempre tenha gostado, nunca pratiquei. Não sei se sua intenção é desabafar ou se é tentar encontrar pessoas com experiências parecidas. Mas sei que você inspira muitos à reflexão. Leio os comentários dos seus posts, e fico feliz de ver que sendo ou não sua intenção, você ajuda pessoas. Aprendi com o tempo, que apenas o fato de poder falar sobre um problema, já alivia a carga que carregamos. Principalmente pessoas como eu, que não explodem por nada. Apenas vou guardando pra mim sentimentos, feridas, tristezas e nunca deixei ninguém me ver chorando para jamais parecer uma pessoa fraca. A verdade é essa. Porque o travesseiro não perdoa. A hora que você coloca a cabeça nele, é a hora de refletir sobre você, sem ninguém por perto. É a hora que você se enxerga como é sem ninguém te julgando. Apenas você. E temos tendência de sermos muito mais cruéis quando fazemos nosso próprio julgamento.

    Quem guarda tudo pra si mesmo, não consegue guardar de si proprio na hora do travesseiro. Quantas e quantas noites não cai em choro sozinho na hora de deitar, colocando pra fora tudo o que fiquei guardando.

    Siga em frente meu amigo. Se você falha hoje, chore, exponha seu sentimento pra si mesmo, e acorde leve no dia seguinte. A vida jamais pára... e mesmo que não entendamos porque as coisas acontecem conosco, temos que seguir em frente, porque um dia tudo fará sentido. Tenho certeza disso.

    Te agradeço por compartilhar de coração. Sei que virtualmente não é como um abraço real, mas saiba que você não está sozinho nessa vida. Existem pessoas que sofrem, que são naturalmente tristes, mas que como eu, acharam em suas palavras uma fonte de força pra dar o próximo passo... obrigado.

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  6. Você realmente tem coragem para expor-se desse modo verdadeiro. Todos temos inveja, todos sentimos ódio e todos somos sozinhos. Todo mundo precisa de colo, mas poucos o tem, é verdade. Mas o importante é que você está tentando conviver, se adaptar com o mundo do jeito que ele é. Infelizmente a falta de colo não é um flagelo imposto apenas a você. Todos queremos, todos precisamos, mas pouco colo damos e também pouco colo recebemos. Modificamos aos poucos a nossa real condição: embora na essência sejamos sós, precisamos dos outros para seguir em frente, e sofremos. Abraços.

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