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Sobre gripe, bullying, estar na chuva e calor demais.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Realmente as coisas nunca são 100% como nós esperamos que sejam. Estou indo para a terceira semana no meu novo emprego e continuo gostando bastante do que venho fazendo.
Apesar desse calor todo que tem me feito passar muito mal, as horas lá passam depressa, pois quando se trata de fazer o que tenho afinidade, me concentro bastante. Todavia foi apenas questão de tempo para acontecer o que eu já sabia que ia acontecer, algo com o qual eu convivo e já estou acostumado desde pequeno: piadinhas a meu respeito.
Desde que eu passei a me entender por gente eu sou vítima desse tipo de coisa, o hoje chamado bullying. Sempre fui motivo de chacota e piada de todo mundo por causa do meu jeito diferente de ser. Sou uma pessoa quieta, introvertida, que prefere falar só quando é necessário, não vê graça nas mesmas coisas que todo mundo vê e que tem suas próprias manias e forma de ver as coisas. Sempre fui do tipo nerd-bobão-esquisitão. Não fico falando sobre futebol, sobre mulher e sexo, sobre carros, não faço piadinhas machistas e prefiro comprar o livro do Senhor dos Anéis capa dura do que a revista Playboy. Nunca vi nada de errado em querer ser como sou e continuo não vendo, mas confesso que é muito difícil, irritante e cansativo lutar contra uma sociedade inteira cheia de regras estúpidas que ela mesma criou. É muito difícil tentar se encaixar numa sociedade que não aceita absolutamente nada nem ninguém que esteja um milímetro afastado do que é considerado o jeito correto de ser.


Eu nunca me dei bem com homens, sempre preferi a companhia das garotas, elas geralmente tem uma conversa muito mais agradável, tem sensibilidade, sabem valorizar o que realmente tem que ser valorizado numa pessoa e raramente me cansam. Já a companhia masculina sempre me fez sentir muito, muito desconforto. Confesso que não entendo essa mania que os homens tem de quererem se sentir bem diminuindo o outro. Notem isso, desde pequenos os garotos gostam de competir um com os outros, quem é mais macho, quem cata mais mulher, quem sobe mais alto na árvore, quem tem o pinto maior. Meu Deus, como esse comportamento sempre me cansou. me lembro que ficar numa rodinha de garotos ouvindo suas conversas vazias e machistas me fazia ter vontade de me jogar do viaduto. Até hoje na verdade fico pasmo em ver o quanto os homems não sabem falar de outra coisa a não ser carro, sexo e futebol. E eu, como não entendo de carros, odeio futebol e pego mais gripe do que garotas, sempre preferi ficar fora desses assuntos, pois conversa vai, conversa vem, sempre acaba sobrando pra mim. Alguém da rodinha precisa ser humilhado. Então porque não o Eduardo, o nerd com jeito de viado?
Com o passar dos anos aprendi que o ser humano é como é e nunca vai mudar. Não adianta você reclamar, pois quando você reclama está mostrando que a pessoa conseguiu o que queria, mas também não adianta você ignorar, pois acaba deixando a porta aberta para mais chacotas. Se correr o bicho pega e se ficar o bicho come. Só me resta como sempre suportar calado.


Os caras do meu serviço na verdade são todos boas pessoas, eles não fazem por mal e na verdade nem fazer piada apenas de mim particularmente. Como eu disse, o homem tem a necessidade escrota de tirar sarro um da cara do outro pra se sentir bem, então o tempo todo eles estão fazendo piadinhas um com o outro, tirando sarro, eu no caso, apenas acabei dentro da roda. Dizem que se você está na chuva é pra se molhar, mas eu acho que ninguém é obrigado a gostar de nada que não queira gostar. Alguns me aconselharam a entrar na brincadeira, "já que eles fazem piada de você, faça deles também, concorde com a piada", mas não, infelizmente eu não sou assim, não gosto de fazer piada com ninguém e nem que façam comigo, não vejo graça e nem necessidade disso.
Não significa que eu seja uma pessoa fria, cisuda, mal-humorada, sou até palhaço demais quando quero, mas acho que esse é justamente um dos motivos que me fazem ser vítima de chacota, as pessoas confundem as coisas. Você tenta se soltar, ser engraçado e as pessoas acabam tomando com você uma liberdade que você não deu. Se você é quieto demais, passa por chato, anti-social, mal-humorado, mas em contrapartida se você tenta se soltar acaba tendo que aturar coisas que não gosta. Por isso que eu falo que cada dia mais estou me afastando das pessoas, pois cansa demais tentar ser igual a todo mundo só pra agradar, fingir que estou interessado em pessoas que não estou, conversas que não estou, cada dia vai ficando mais difícil.





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8 Divagações

  1. Caro Eduardo não se julgue o "estranho", você na verdade é o normal!
    Na verdade estas pessoas que você chama de machão na verdade são umas bichinhas enrustida e frustradas por não terem coragem de se assumirem.
    Quanto ao fato deles só discutirem futebol, mulher gostosa entre outros assuntos que eles julgam ser de cunho masculino, ledo engano são típicos de gentinha sem cultura!
    Já conversou com alguem que realmente superior, que tem cultura, que fale mais de uma lingua que estudou nos melhores colegios e faculdade e que já tenha viajado o mundo?
    O assunto é outro o papo é cabeça, nada conversinhas banais ou piadinhas sem graças ou depreciações dos seus semelhantes!
    Portanto não se sinta sem graça diante desta RALÉ, eles NÃO TEM CULTURA, E SEJA APENAS VOCÊ!
    Mostre a sua capacidade profissional e faça da ignorancia deles a própria desgraça pessoal deles mesmo!
    Cara, ñão te conheço mas te admiro, há muito de você na tua arte, e eu capto há muito tempo a vossa essência!
    Valeu?!!?!?

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  2. É chato mesmo, qdo eu era menina, meu apelido era espanador..kkk.. pois eu era alta, magricela e tinha muito cabelo, ainda tenho, continuo alta, menos magricela. Mas hoje vejo que sou mais bonita que minhas ex-colegas. Sinceramente, me acho. Mas o meu marido tb não gosta de futebol, não bebe, prefere um livro a playboy, embora baixe as fotos de todas as mulheres peladas, eu vejo, e não tô nem aí... tb não fala das mulheres, nunca vi e nem ouvi, se dá melhor com homens mais velhos ou como vc diz, com as garotas.
    Agora, piada no trabalho é o que não falta, pois ele é baixinho, menor do que eu. Mas com o tempo ele aprendeu a se virar, legal, não é. Mas o que importa é que vc está trabalhando e gosta. E com certeza, os seus colegas nem precebem ou sabem do teu desconforto. Homem é assim, um tanto insensível. Beijos

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  3. Edu, Dudu da tia: o povo gosta é de perturbar. Quando bem mais nova, era a estrela da escola e mais tarde a Madonna do lugar onde trabalhava. Aí falavam: gente bonita, é burra. Quem toca em banda, é dorgada e traficante. E mais um milhão de horrores. Se não fosse ter me acostumado a viver com o foda-se ligado, teria metido uma bala na cabeça há tempos. Sempre tinha uma galerinha ali, me dando força, mas descobri mais tarde que era por interesse, quando perdi o emprego e a saúde. O ser humano é podre. Tendo consciência disso, sua vida ficará muito mais fácil.

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  4. Sei lá...não acredito - já acreditei, apesar de ter mais amigas mulheres - em amizades fortes entre homens e mulhres. Minhas melhores amigas são casadas. Explico: é porque sendo casadas, você não entra em paranóia e fica matutando se você sente algo por ela ou ela por ti. Acredito que a mulher contemporânea tem uma necessidade excessiva de querer ser cortejada a cada minuto num exercício insano narcisista. Você vive rodeado de mulheres - e pela lei das probabilidades você deveria estar 'pegando', mas não parece que é isso o ocorrido.
    As companhias de homens, desde que seja os que compartilhem os seus valores, é válida. Veja ao seu redor, e verá que os relacionamentos - casamentos - que são duradouros, o homem tem seus momentos de descontração com amigos. Será que vc está escolhendo bem seus amigos? Digo amigos, não colegas, daqueles que entram na sua casa se tiver festa, mas quando vc está lascado, sem grana e pra baixo nem aparecem. Amigos não cobram, não rebaixam. Daí acredito que esse povo não é 'amistoso'. Amizades podem surgir de ambientes de trabalho e acredite, em todo lugar existe competição. Talvez esse assédio nem seja tão forte assim, e talvez haja um ciúme entre eles por possivelmente vislumbrarem em vc uma ameaça a seus postos. E veja pelo lado bom, se eles veem em você algo diferente, significa que você se destaca. Pior seria se você ficasse largado igual um saco de batatas e ninguém o notasse.

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  5. E a antonomásia - denominação através de atributos pessoais - é algo corriqueiro e desde que não seja ofensivo ou calunioso, é válido como representante de sua personalidade. Ser calado não é crime, várias pessoas caladas são bem sucedidas em suas áreas. Veja o Luis Fernando Veríssimo, é muito raro vê-lo dando entrevista, porque ele trava e fala pouco. Mas é inacreditável como ele é bem humorado escrevendo, parece outra pessoa. Pautar-se pelo que os outros observam, seria o mesmo que lastimar-se por não ser rico, sendo que todos apontam e querem que sejamos bem sucedidos (principalmente as mulhres, rsrsrs)
    Você não precisa não ser você mesmo para quebrar isso. Será que todo homem só sabe falar de carro, sexo, etc? Será que a sociedade inteira tem regras estúpidas? Você não faz parte da sociedade?
    Um dos grandes males da sociedade contemporânea é o individualismo que alguns assumem com individualidade. A individualidade é algo seu e deve ser respeitada. O individualismo é uma distorção disso e tem vários responsáveis, entre eles a exaltação de direitos individuais que por vezes são impossíveis quando postos em prática. Eu tenho direito de ouvir música alta em casa, mas o meu vizinho tem direito de dormir ou repousar. Daí entra a ideologia individualista. Se vc não compactua com a cínica idéia de que 'o mundo vai ter que me engolir' vc não é individualista e deve ser respeitado (tal qual o individualista, se bem que alguns são insuportáveis). Mas mesmo sendo respeitado em sua individualidade, podemos sempre nos aperfeiçoar, revendo conceitos, idéias, tabus. Será que esses conceitos atribuídos a você mesmo são realmente seus? Você é só isso mesmo? Você falou sobre sensibilidade - algo tão importante e caro a nós todos; mas será que sensibilidade basta? E o altruísmo? Qual dos dois é mais original? Conheço altruístas que num primeiro contato são pessoas insociáveis mas que valem a pena; já outras são sensíveis e muitas param na página três. Não somos seres isolados, causamos e percebemos impressões em ações, pensamentos idéias, dos outros e de nós mesmos. É impossível criar um ambiente saudável sem que haja respeito. Mas o respeito deve ser recíproco, deve ter diálogo. É o famoso 'descutir a relação', mas só que consigo mesmo e com os que estão ao seu redor. Se você tem amigos de verdade, nem precisa disso, pois amigos fiéis são solidários, não cobram, não exigem. Mulheres são ótimas, maravilhosas, mas a companhia de amigos também é boa e acrescenta muito. Tenho poucos amigos (que crime, não?) mas são de verdade. Procure verdadeiros amigos, talvez até tenha bons em seu serviço que o respeitem.

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  6. Mas antes de tudo é necessário rever alguns conceitos e isso é uma questão que ninguém no universo possa resolver - apenas você mesmo. A introspecção ajuda, mas a 'matutagem' sem altruísmo é nula. Aprender a nos reconhecer nos outros em ações que exaltem o que temos de melhor é algo valioso e duradouro e por vezes vale muito mais do que uma terapia. Basta arriscar

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  7. Estou chateada, preocupada... pq minha filha ficou "agonizando" 3 anos numa turma de patricinhas que fiquei pedindo para a escola dar mais atenção e trocar de turma. Somente quando o pai disse que ia tira-la da escola, eles trocaram no ano passado. MAS este ano vão mesclar as 3 turmas... estou aqui so pensando com quem vai ficar! Eu nunca passei por isso na infancia, nem tive amigas sofrendo bullying, hoje quando vejo essas coisas fico horrorizada!

    Bjs

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  8. Oi Eduardo,

    O que mais tem por aí é bully. Eu acho que para lidar com isso tem que recorrer às técnicas que já descobriram. Eu tenho um livro cujo título é "Take the bully by the horns" (Pegue o bully pelos chifres)porque a palavra "bully" vem de "bull", que é "touro" em inglês. Esse livro, por exemplo, contém muitas dicas de como se esquivar de pessoas do tipo que vc descreve. Curioso é que vc citou a frase "Se correr o bicho pega...". Esse livro fala exatamente dessa frase e diz assim: "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come, mas quem disse que só existem duas opções?" O problema é que o bully leva vc de volta à "pré-história" onde só havia a opção de correr ou ser digerido por alguém mais forte. O segredo é sair dessa "era pré-histórica" e vir pro momento atual, colocando o cérebro e a mente pra funcionar pra encontrar outras opções, que não seja apenas correr e fugir ou ficar e ser comido.

    O negócio é procurar as técnicas atuais para evitar esse tipo de problema. Esse livro que eu tenho, não existe a versão traduzida para o português, contém muitas técnicas que de fato funcionam.

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