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Sobre exclusão sócio-digital, morte em vida, convites inusitados e pétalas de Sakura.

domingo, 26 de junho de 2011

Na terça-feira passada os noticiários anunciaram a morte da já não mais famosa atriz Wilza Carla, que interpretou a dona Redonda na novela Saramandaia, lá no século passado. Eu particularmente não fazia idéia de quem era ela ou os trabalhos que tinha feito, na verdade Deus me perdoe (ou não), mas nem liguei que a coitada se foi. Todavia uma coisa que a filha dela disse durante a entrevista me chamou bastante a atenção: Ela disse que nos últimos anos a mãe estava muito, muito solitária mesmo, que para os a maior parte dos "amigos" pelo visto ela já era considerada morta há muito tempo. Ouvir isso me deixou bem melancólico, pois
embora não na mesma intensidade, sei o que é isso, sei o que é ser deixado de lado, ignorado, desprezado por pessoas que só são suas amigas quando você está bem psicológica ou financeiramente (no meu caso, só psicologicamente). Também conversando com um amigo por msn, ele me contou que as pessoas nunca quiseram fazer nenhum tipo de programa com ele, que certa vez ele foi ao cinema com os pais e ambos dormiram durante o filme, mostrando desinteresse, isso me deixou ainda mais pensativo. Não é um assunto que eu esteja disposto a desenvolver aqui hoje. Apenas acho engraçado como as vezes coisas tão nada a ver conosco nos fazem refletir sobre coisas diversas.

Será você bonito?
Ainda na linha exclusão social, li uma notícia interessante esses dias falando daquela rede social que aceita somente pessoas bonitas, o BeautifulPeople. pelo que li, recentemente o site foi infectado por um vírus chamado Shrek e isso permitiu que um monte de pessoas consideradas "feias", conseguiram se cadastrar sem terem que passar pela "avalição de beleza" do site. Ao que parece, depois que o problema foi resolvido os administradores do site expulsaram mais de 30 mil "feios" da rede social. O lindíssimo diretor do site, Greg Hodges, se pronunciou sobre o ocorrido, ele disse “lamentar sinceramente pelas pobres pessoas que foram incorretamente admitidas no site e que acreditaram, ainda que por pouco tempo, que eram bonitas. Deve ser difícil aceitar, mas é melhor que elas tenham chegado perto do paraíso do que nunca terem experimentado a sensação”.
Pois é, eu tento, tento, mas a cada dia que passa tô gostando menos da humanidade e do rumo podre que ela está tomando. Tenho lidado com as pessoas nos últimos anos sempre com um olho nas costas. Não confio mais em ninguém e estou esperando sempre um golpe. Pelo visto é só o que posso esperar.



No último sábado recebi um convite inusitado de uma antiga colega de trabalho e sempre amiga para passar o dia em um evento muito bacana e o qual amei de paixão: A 25ª Festa das cerejeiras da cidade de Garça. Essa cidade fica a 40 minutos aqui da cidade de Bauru mas ainda assim eu jamais tinha colocado os pés lá. Essa Festa das cerejeiras é focada totalmente na cultura japonesa, com decorações típicas, comidas, apresentações folclóricas e como eu amo a cultura japonesa, imediatamente aceitei o convite.
O local da festa é lindo, maravilhoso, um bosque imenso repleto de árvores de cerejeira, as quais infelizmente esse ano não estavam tão floridas quanto eu queria, mas nada que prejudicasse a beleza do imenso bosque e da praça, totalmente construídos na temática oriental, com fontes, lanternas e pequenos lagos, além de um grande lago onde se pode passear de pedalinho pagando a módica quantia de 8 reais, a qual eu não paguei pois achei não tão módica. Pode não parecer, mas sou pão duro.
Amei o passeio por vários motivos: Primeiro porque fiquei surpreso pelo convite, pela lembrança, segundo porque embora não viaje muito e nem pra muito longe, já disse que amo viajar, olhar a estrada e as paisagens, mesmo que não tão bonitas me relaxam, sair daquele inferno que é a cidade e a rotina chata. Também como já disse, amo a cultura japonesa e passar o dia no meio disso foi revigorante. Ouvir o som dos Taikos, que são os tambores japoneses, flautas, a melodia se espalhando pelo bosque inteiro enquanto as pétalas das sakuras às vezes choviam, foi muito, muito bacana.

Um dos maiores destaques do passeio foi uma anciã esclerosada que batizamos carinhosamente de dona "Dádádá" e da qual não tirei fotos por motivos de respeito e principalmente processo judicial, mas a coitadinha rendeu boas risadas já que não sabia dizer outra coisa além de dádádá. Interessante como a filha dela entendia tudo e tinha uma paciência de Jó. Apesar da maioria dos petiscos estarem baratos, cerca de 2, 3 reais, não comi muita coisa pois meu dinheiro como todos sabem, é pouco, ainda mais perto do final do mês, mas provei um tempurá muito bom, algumas garrafinhas de uma marca de guaraná fabricada na região e um espetinho de frango que estava realmente muito bom. E como não podia deixar de ser, tirei algumas fotos, menos do que eu queria, já que a bateria da câmera acabou no meio do dia, mas vocês podem vê-las acessando meu álbum do Orkut, meu Facebook ou meu Flickr e deixar algum comentário lá se assim quiserem. É isso por hoje galera. Animefriends chegando e ansiedade aumentando.

Sobre o Autor:
Eduardo Montanari Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design, além de pseudo-web-designer. É formado técnico em informática e sabe estourar pipoca sem deixar muitos piruás sobrando. Semi-nerd assumido (se é que isso existe), gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.


12 Divagações

  1. Nossa, Wilza Carla!
    Eu lembro dela , principalmente no programa de auditório do Silvio Santos.
    Achava ela uma mulher fabulosa, alegre e sempre pra cima, que de alguma forma me contagiava.
    E para quem acredita em energia, achava a energia dela muito boa.
    Mas este seu comentário me levou a refletir um assunto, muito comum em todo ser humano.
    As pessoas quando estão no auge, de suas vidas e rodeadas de amigos e fãs, elas conseguem manter o brilho, como se as nossas verdadeiras essências dependessem disto, mas quando ficam solitárias, elas não conseguem manter tal brilho, e se apagam.
    O que seria isso, falta de auto confiança em si mesma?
    Falta de amor próprio?
    Ou ambos!
    Sabe Edu, acredito mesmo, que agente pode ser melhor , sem precisar ter muitos amigos, ter muito dinheiro ou ter as nossas fotos num site de relacionamento exclusivo para “gente bonita”.
    Cara confesso que não conhecia este site, só gente bonita, como assim?
    O imbecil que criou este site de relacionamento, deve ser “OCO” por dentro, sabe aquele tipo de pessoa que é bonito por fora, mas sem conteúdo algum por dentro!
    Provavelmente uma pessoa egocêntrica e insuportável, narcisista entre outros adjetivos típicos de pessoas, superficiais e tipicamente sem moral algum, para viver entre pessoas verdadeiras com sentimentos humanos!
    Baseado na lei da “causa e efeito” , que acredito muito, pois toda ação gera uma reação, fato.
    Este infeliz, nascerá muito feio, na próxima reencarnação, mais próximo do sherek!
    Quanto ao vírus que invadiu o site, CARA EU ADOREI! Se eu fosse um hacker detonaria este site, e tiraria ele do ar permanentemente.
    E quanto as pessoas, que fazem questão de estar neste site, lamento muito em dizer,; “o problema maior não é aquele que cria a MERDA, mas aqueles que cultuam esta MERDA, e fazem de tudo para estarem e compartilham desta MERDA!”
    Nossa que máximo, EDU, você prestigiando a cultura nipônica, achei o máximo, me senti , lisonjeado!
    Quanto a anciã, que vocês apelidaram de DáDáDá, vou te contar um segredo , mas não fala para ninguém, combinado?
    Ela foi a criadora daquela canção, DÁDÁDÁ, na época cantada por um grupo alemão que roubou dela.
    Tadinha, até hoje esta senhora luta na justiça , reivindicando seus direitos autorais, mas ela diz ter fé que antes dela partir, ela ganhará a causa!
    Por conta disto, e desgosto, diria até uma grande frustração, a única coisa que ela sabe falar é DÁDÁDÁ!
    Tenha um ótimo inicio de semana, com muita energia positiva e pensamentos bons em sua vida.
    NAMASTÊTA, meu amigo!

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  2. Nossa, eu estou indignada com essa rede social das pessoas "bonitas", que ridículo!!! Como assim?
    Quanto a atriz, eu não lembro dela, mas isso é muito consequencia das pontes que criamos, sobre aquilo que construímos, é igual as plantas que precisam ser regadas, o simples fato de existirmos não é o suficiente hoje, é muito triste mesmo assim, porque além disso tem a influencia que as pesssoas exercem sobre nós, etc...

    Um abraço
    Rafaela

    Neste final de semna
    Se você faz o que todo mundo...
    Muito prazer - campeões mundiais de vôlei de praia
    Super liga masculina - Brasil vence e perde dos EUA
    http://apenasumpontoesportivo.blogspot.com/

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  3. Achei o parque lindo nas fotos do Flickr! Que lugar legal... A cultura japonesa é realmente muito rica, detalhada e tem uma história muito legal.

    Em meio a todas as vezes que agem de forma desinteressada conosco, uma vez ou outra aparece alguém que se importa, e assim nos proporcionam momentos especiais, como este convite para o passeio que você fez! E precisamos valorizar essas coisas sempre!

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  4. Oi Edu...
    que fotos lindas!!! Quero ir também!
    Cara, sempre que penso em velhice, duas coisas me vêm à cabeça: Ficar só e não conseguir cuidar de mim mesma....São os casos da velhinha dadada e da D. Redonda... Tenho pânico!!!
    Aqui em BH tem uma festa japonesa nessa época também, mas não se compara a esta que vc foi....
    BJO!!!

    PS.: Você ficou um tempão sem postar.... senti falta dos seus textos...

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  5. Eduardo,

    Realmente quem é mais jovem não faz ideia quem era Wilza Carla. Eu, francamente, por engano, pensei que ela já tivesse morrido antes.

    Quanto aquele site, bom... ele já tinha fama, se inscreveu quem desejou se arriscar, não a ser chamado de feio, mas a fazer papel de palhaço.

    Sobre seu passeio, foi o que mais adorei ver. Eu curto demais festa folcloricas, tradições culturais, danças e comidas típicas. As fotografias ficaram otimas. Que maravilha!

    beijos

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  6. Eu o considero um gênio e sua visita, Eduardo, é sempre uma honra pra mim.

    Abração!

    Pedro Antônio

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  7. Oi Eduardo,

    Uma vez, há anos atrás (eu devia ter uns 15 anos) esbarrei (literalmente) na Wilza Carla no banheiro de um clube onde estava havendo uma exposição de fantasias de carnaval. Ela parecia mesmo uma bola.

    Para quem foi vedete, bonita e cercada de admiradores deve ser horrível ficar gorda, velha e feia. Ela pode ter perdido os "amigos", mas não perdeu o apoio e amizade da filha. Poderia ter sido ao contrário, e seria bem pior.

    A realidade é relativa e depende da maneira como nós interpretamos. Somos nós que damos o significado. Se ela tivesse colocado o foco em quem ficou (a filha)em vez de pensar em quem se foi, teria sido mais feliz.

    Mas, como dizia o Jack (de Lost), a gente vive junto, mas morre sozinho (Live together, die alone). A gente deve querer o melhor, mas pensar no que faria se acontecesse o pior cenário. Saber que pode morrer sozinho é um desses cenários que pode acontecer com qualquer um.

    Sobre seu passeio, achei muito legal tudo o que vc escreveu e as fotos. Aqui no Rio não tem isso. Considere-se um felizardo. Ninguém me chama para um passeio bacana há muitos anos.

    O que eu gosto dos orientais é que eles conseguem manter uma expressão no rosto completamente neutra. É difícil saber o que estão pensando. E eles não dão muita importância aos problemas mais graves. Pra eles é tudo "no big deal".

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  8. Também fui uma vez à Garça para curtir o espetáculos das flores. RSRSRS só encontrei os galhos a florada tinha terminado. Decepção??? Não.. o local vale a pena por tudo isto que você descreveu. Transmite paz mesmo com muitos turistas por perto.
    Abraço
    Angel

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  9. eu já ouvi falar dessa Dona redonda, o caso dela é só mas um, em meio a tantos, no retiro dos artistas aqui no Rio, que é um tipo de asilo para artistas velhos, esta cheio de casos assim, atrizes e atores esquecidos, largados e abandonados, que ninguém liga mas.

    Cara, nada que acontece hoje em dia me surpreende mas, a cada dia a humanidade se torna mas superficial e materialista, dão valor pra aparência e pra quanto vc tem no bolço ou na sua conta bancaria é lamentável.

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  10. É realmente triste o que acontece com pessoas que se acostumam à fama e não sabem o que fazer com ela.
    Deve-se viver o presente e não o passado.
    Incrível como ainda tem gente que acha que a beleza física quer dizer algo.
    Nestes tempos de redes sociais cada vez mais retardadas, elimina-se um suposto "amigo" com um clique.
    Lembra de ficções como Admirável Mundo Novo, onde a eugenia (mesmo que feita embriologicamente) era a solução?
    Pois é, estamos neste caminho...
    Já a festa das cerejeiras simbolizam a efemeridade da vida, já que as flores tem curtíssima duração.
    Ou seja, aproveite a vida enquanto puder.
    Valeu e até a próxima.

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  11. I like to travel, look at the road and landscapes, custom-paper-writing.com/blog/mba-admission-essay even if it’s not so beautiful, relaxing me, getting out of this hell, this is a city and a boring routine.

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  12. In addition, as I said, I love Japanese culture, and spending the day in the middle of it was very interesting and surprising, not only for me but for my family.

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