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Sobre uma longa semana, esforço para manter o que se tem, festas surpresa e espetinhos à bessa.

sábado, 27 de agosto de 2011

Essa última semana antes do meu aniversário foi uma daquelas duras de passar. Tem vezes em que uma semana passa voando, você está cheio de cousas a fazer e quando se dá conta já é quinta, sexta-feira e você mal teve tempo para fazer tudo o que tinha planejado. Todavia existem outras como essa que acabou de passar, quando os dias parecem se arrastar, na quarta-feira
você já está pedindo arrego, suas baterias acabaram e tudo o que você quer é deitar no escuro, fechar os olhos e permanecer em silêncio esperando até que um meteoro de proporções gigantescas se choque com a Terra e extermine toda a vida na superfície dela. Embora a semana tenha sido cansativa psicologicamente falando, correu normal como todas as minhas últimas. Pra variar, minha vida caiu novamente numa rotina básica, casa, trabalho, curso, casa, trabalho, curso e finais de semana pouco empolgantes. A verdade é que a vida humana é naturalmente feita de rotinas e clichês, não importa como você decida vivê-la, não há como fugir da rotina seja ela como for, mas as vezes cansa um pouquinho, mesmo quando é uma rotina boa. No trabalho eu estou indo muito bem. Baixei um software chamado Blender, para fazer modelagens em 3D e estou gostando muito. Ao me ver tentando aprender a usar o programa por conta própria o meu chefe ficou muito empolgado com a iniciativa e me disse que futuramente, caso eu consiga aprender bem o programa, quem sabe ele não me passa alguns trabalhos desse tipo para fazer. Por hora meu trabalho oficial lá é desenhar o site da empresa, mas nessa semana deixei isso de lado apenas para ficar fuçando nesse programa 3D todos os dias, o dia todo. Estou adorando meu curso de web designer. 
Finalmente o professor chegou na parte que mais me interessa e eu, apesar de ser um preguiçoso nato, estou tentando me dedicar o máximo que posso. Mesmo voltando pra casa cansado sempre por volta das onze da noite, não reclamo disso, canso sim, como já disse, mas sem esforço não há vitória e modéstia muito a parte, eu mereço a vitória. Tanto eu quanto a minha pessoa especial estamos com rotinas novas e isso apesar de ser bom pro crescimento pessoal dos dois está nos deixando muito abalados. Como se já não bastasse toda a distância que nos separa (muita mesmo) ainda estamos ficando sem tempo com essa correria toda, já que nossos horários não batem muito bem, então isso está gerando em nós um medo e uma insegurança absurdos, pois apesar de não podermos estar juntos fisicamente, é muito bom quando temos tempo de estar virtualmente ou por telefone. Apesar das batalhas que o ser humano trava na vida muitas vezes o forçar a abrir mão de muitas coisas em função de si mesmo, não queremos abrir mão um do outro e quando se está longe, o esforço para se fazer isso acaba desgastando o dobro. Mas é algo que não quero pensar ou me preocupar agora, já tenho muitas cousas no que pensar, problemas, dilemas, dúvidas, contas... E em meio a isso tudo, a todo esse breu, mesmo a distância essa pessoa maravilhosa é o farol, o ponto de luz pra onde eu olho quando me sinto perdido e sozinho no meio dos caminhos tortuosos por onde escolhi caminhar. 


A sexta-feira do meu aniversário, dia 26/08 não começou nada bem. Nada pior para começar o dia do que você sentar pra trabalhar, ligar o rádio na 96FM Bauru, uma rádio famosa aqui da cidade e ouvir o locutor mandar um salve bacana para um desafeto seu, que você sabe que não merece. É o tipo de coisa que me faz querer fazer aulas de tiro, comprar um calibre 38, adquirir porte de arma e cometer os homicídios que tenho planejado. Ser preso por eles é só um detalhe, o mais importante é que as pessoas que devem morrer estariam mortas. Passei a manhã incomodado com isso, pensando sobre o quanto a vida as vezes é injusta dando asas para quem não sabe voar, quando de repente meu chefe chamou-nos para uma reunião na cozinha, num tom sério e autoritário. Eu nunca o vi tão sério, então levantei a bunda do PC e fui ver do que se tratava. Pro meu espanto ele havia me preparado uma micro festinha surpresa, com um bolinho muito, mas muito gostoso, dois pacotes "xicantes" de Fandangos, biscoito de polvilho, refri e até brinquedinhos na mesa, tinha até velinhas de 35 anos as quais ele me obrigou a apagar. 
Apesar de ter gostado da surpresa eu me senti estranhamente muito desconfortável com tudo aquilo. Embora eu goste que as pessoas me dêem atenção, sempre me senti muito esquisito quando elas fazem isso "sem me avisar", sei lá, complicado de externar isso. Parece que por mais que as pessoas façam cousas por mim, nunca é realmente o que eu estou esperando delas. Na verdade nem sei mais o que ou se espero alguma cousa de alguém. Comi o bolo, agradeci, fiquei muito sem graça e o dia continuou como de costume. As quatro da tarde fui à minha consulta mensal à minha ortodontista e ergui as mãos pro céu, já quefinalmente podia ir direto pra casa e descansar um pouco. 
Já tem umas semanas que meu amigo Adriano estava planejando sair comigo no dia do meu aniversário para fazermos uma comemoraçãozinha básica, tomar umas cervejas, comer alguns petiscos e nada mais. Então por volta das sete da noite como havíamos combinado ele passou em casa com uma amiga e mais um amigo e fomos os quatro pra um point muito bacana aqui de Bauru chamado Espetinhos à bessa, onde eu jamais havia estado antes. Um lugar bacana que serve rodízio dos mais variados espetinhos criados pela raça humana, até mesmo de carne de Javali tinha, mas eu não comi, pois javalís me lembram o Pumba. Enchi o cu de espetinhos (essa frase não pegou bem), tomeu uma caipirinha muito boa, uma boa dose de cerveja e pude me distrair bastante. Além de nós quatro, mais amigos do Adriano se juntaram a nós depois e pudemos passar boas horas nos distraindo. Como sempre, a sensação de vazio e extremo desconforto não me deixou. Eu nunca me sinto parte de nada, é como se eu fosse um párea, um objeto de decoração em meio a um contexto do qual não faço parte. Não consigo me sentir querido, estimado, necessário ou indispensável. Dizem que ninguém no mundo é indispensável ou insubstituível e eu acho que é isso que me incomoda, que me faz sentir deslocado onde quer que eu esteja, o fato de que por mais que as pessoas digam gostar de mim e me tenham estima, eu jamais serei pra elas realmente necessario ou insubstituível. Como eu disse, estou num ponto de minha vida onde já não sei mais o que quero pra mim ou o que esperar dos outros, ou talvez até saiba. Quero como disse, ser indispensável, insubstituível e a prioridade de alguém. E aqui como estou agora, cercado das pessoas que estou agora, não consigo sentir isso. Talvez minha cegueira vá além do físico no final das contas.

Eduardo Montanari Sobre o Autor:
Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design. É formado técnico em informática e trabalha como designer e web designer. Nerd assumido, gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.


6 Divagações

  1. Esse lance da rotina eu tenho observado há bastante tempo. Eu não gosto muito de rotina, mas nunca saí dela, realmente não tem como escapar.
    Pelo menos eu nunca gostei da minha rotina, sempre quero fugir pra um lugar desconhecido, mas nunca dá com tantas obrigações.

    Bom, parabéns pelo seu aniversário. Fizeram festa surpresa pra mim este ano e eu também não gostei. Só a parte das comidas deliciosas de criança.

    Sobre ser uma pessoa "insubstituível", eu nunca pensei nisso não. Não me acho uma pessoa muito querida por ninguém, só por uma pessoa (fora meus pais e meu irmão), que sentiria realmente minha falta.
    Quando eu estou num grupo grande de pessoas num bar, eu sempre me acho uma pessoa "insignificante", mas o que me surpreende, é que quando eu não vou quando me chamam, sentem minha falta e perguntam pq eu não fui. Isso me surpreende, apesar de algumas delas não falarem muito comigo quando estou presente, é até estranho.

    Mas enfim! Parabéns aí pelos 35 anos de experiência dessa sua vida única e insubstituível! :)

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  2. Cara, nem me fale de dias que se arrastam, pois parece que quanto mais agente quer que ele passe, mais ele demora a passar, eu acho que isso tem mais haver com a falta de prazer naquilo que esta se fazendo naquele determinado dia, do que propriamente com o tempo, pois se estamos fazendo algo que nos agrada tiramos a atenção do tempo e não percebemos ele passar, quando é ao contrario, colocamos a atenção no tempo, e ai temos a sensação que ele não passa.

    Como vc mesmo disse, por, mais que fujamos da rotina, sempre acabamos nela, acho que não é a toa que o Planeta Terra tem a forma de um circulo, rodamos, rodamos e lá estamos nós, no mesmo lugar de novo.

    Bom, dizem quem planta colhe, em algum momento da vida vai colher, seja pro bem, ou seja, pro mau, eu acredito nisso, tenho certeza que seus esforços serão recompensados da mesma forma acontecera com os seus desafetos, todos colheremos aquilo que plantamos, por mais que demore, uma hora colheremos.

    Acho que essa sua sensação de desconforto é normal, principalmente quando nos abrimos as mudanças e nos permitimos trilhar novos horizontes e conhecer novas pessoas, no inicio sempre parece tudo estranho e incomum, como se aquele universo não fosse o seu.

    Grande abraço

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  3. O Edú ,lá vem você com os teus pensamentos catastróficos ,mesmo no dia do teu aniversário.
    Se não acha que você merece um pouco de felicidade na tua vida , pelo menos neste momento, tão significativo?
    Que ideia ,eu também adoro a idéia de que o mundo, talvez acabe no ano que vem, mas não fico a cultivando!
    Principalmente agora, que você está feliz, em alguns pontos da sua vida, profissional e amorosa!
    Todas as vezes, que consegues extrair um sorriso ,e satisfação,por você estar feliz com alguns
    momentos da sua vida, você vem com uma bomba!
    E começa a dizer coisas , terríveis,como comprar uma 38, e matar o teu desafeto!
    Caramba, Edú, porque você não presta mais atenção em você mesmo!?!?
    Nas coisas que poderia estar fazendo,para a sua própria satisfação pessoal.
    Do que ficar cultivando esse ódio,de quem muito provavelmente nem liga se aquele dia foi a data do teu aniversário!?!?!?
    Não deverias mencionar em nenhum momentos , sobre a rádio, sobre a pessoa que ela mencionou,o nome do teu desafeto ou ter dito da tua intensão, terrorista!
    Pois ela é muito negativa, mas deveria ter nos contado sobre os detalhes,deveria ter explorado, o lado positivo dos teus sentimentos , e nos contado.
    Pelo menos em respeito a você mesma!
    Deveria se amar mais meu caro, ao ponto
    de comer a carne de javali e ter espetado muitos espetos no cú, e não falo literalmente,na prática mesmo!
    Quem sabe assim você aprenderia a te amar mais um pouquinho.
    E este lance de você , sentir que não faz parte de nada, é típico de pessoas que não se ama !
    POIS VOCÊ ACHA QUE NÃO MERECE SER FELIZ!
    Ai Edú, eu não sei se tú vai gostar do que estou escrevendo, mas se não gostar tudo bem, mas falo de coração, e gostaria que vivesse a sua vida plenamente.
    Pelo menos não sofresse com coisas que não mereça a tua valiosa atenção ou energia vital.
    Curta as pessoas que te tratam bem,isso vai te fazer um bem danado.
    Ah falei se você não gostou e ficar me odiando, problema é seu!
    Mas fique sabendo que eu gosto de voce,e me importo, muito embora possa estranhar este meu sentimento.
    Mas sou assim mesmo, então feliz aniversário atrasado!, meu amigo ESTIMADO E QUERIDO rabugento! rsrsrsrsrsrs

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  4. Laupo
    50% da minha satisfação pessoal está na insatisfação pessoal dos meus desafetos.

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  5. Oi Edu, vim te dar os parabéns atrasados (já que eu não parei de trabalhar um segundo no fds.... ninguém merece!!!!)
    Cara, eu ODEIO festas de aniversário. Não sei se canto junto com as pessoas ou não,fico sempre com aquela cara de interrogação horrível!
    Seja feliz, meu amigo querido. Já reparou que quando você dá sinais de felicidade ou de sucesso, tem gente por aqui que fica feliz junto???

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  6. Eduardo, que correria essa sua, mas a vida é assim mesmo. Também estou com a sensação da semana que passa e as incompletudes do caminho. Ainda não lido com isso mmuito bem.
    Feliz aniversário, felicidades, sei que é clichê, mas é de verdade.

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