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Sobre um apanhado de pormenores, voar com cuecas vermelhas, férias frustradas de natal e descascar abacaxis.

sábado, 19 de novembro de 2011

        Na última quarta-feira eu tive uma surpresa inesperada que me deixou bastante mexido: Recebi no serviço a proposta de adiantar minhas férias que seriam em fevereiro de 2012 para o mês que vem, dezembro de 2011. De acordo com a secretária, essa proposta se deu pelo motivo de que outro funcionário que entrou dois dias antes de mim, também vai tirar férias em fevereiro e a empresa não tem condições de ficar desfalcada, já que é uma micro-empresa e tirando o chefe e a secretária, somos apenas mais três funcionários.
A verdade é que não foi me dada muita escolha. Se eu optasse por fazer minhas férias em fevereiro mesmo, teria que “picá-las”, tirar 15 dias agora em dezembro e o resto em fevereiro e eu odeio isso, sou muito sistemático em relação a regras. Se eu tenho direito a 30 dias de férias, gosto de tirar meus 30 dias certinhos, sem interrupções.
Depois de conversar com ela sobre essa proposta saí pra caminhar durante o almoço e fiquei refletindo. Não vi muito problema em aceitar, já que férias são férias em qualquer mês e desde que eu arrumei meu primeiro emprego nos Correios em 2003, sempre fiz das minhas férias a mesma cousa: absolutamente nada! Um tédio total e interminável, uma vontade de mudar de planeta, uma cloaca fedida e bem melecada de fezes azedas.
Nunca tive dinheiro sobrando para viajar e mesmo que tivesse, não tinha pra onde. Tenho uma amiga que nas suas férias sempre viaja, já foi pra Machu Picchu no Peru e gostou bastante, mas eu não sou assim. Se for pra eu viajar sozinho, uma viajem meramente turística não serve, mesmo que seja pra um lugar maravilhoso. Ouvi uma vez no filme Na natureza selvagem a frase “A felicidade só é real quando é compartilhada” e isso é verdade. Se for pra viajar sozinho, preciso ir com algum objetivo, encontrar alguém, com uma meta.
Hoje tenho esse objetivo, sei pra onde quero ir e a quem quero encontrar, mas ainda me falta o principal, esse demônio em forma de papel colorido que move o mundo, chamado “Le dinheiro$”. Bom, isso e mais um apanhado de pormenores que preciso resolver, mas que tenho certeza são absolutamente superáveis, um deles é o meu medo de avião. Embora no filme o Superman diga que é o meio mais seguro de se viajar, pra mim a palavra de um homem que usa uma cueca vermelha por cima de uma meia-calça azul não conta muito. Todavia eu vivo dizendo para as pessoas que amo que temos que superar nossos medos, aceitar novos desafios e morrer lutando se for preciso. Além do que, se o avião cair, o meu consolo é que não vou ser o único a morrer.


Uma vez que ainda não possuo o dom de teletransportar pra onde quero, tudo o que farei nessas férias é caminhar muito até fazer bolhas purulentas nos pés, ficar navegando na internet vendo pornografia pesada enquanto me masturbo frenéticamente, conversar muuuuuito com meu amor e quiçá começar a mandar currículo pra algumas empresas aqui da cidade. Eu gosto de onde estou, verdade, o trabalho é facílimo e eu ganho razoavelmente bem, mas o caso é que tenho me sentindo pouquíssimo aproveitado lá dentro. Logo completarei um ano de empresa e nenhum dos meus trabalhos ainda foi realmente utilizado, apesar de o chefe olhar por cima e ficar dizendo que estão todos muito bons. Meu trabalho depende da aprovação dele, mas ele está sem um segundo sequer pra respirar, assoberbado de trabalho, quem dirá então parar um pouco, sentar comigo e me dar um foco maior. Tem dias nos quais me sinto um maior abandonado lá e isso é um pouco desmotivante. Não me entendam mal, meu chefe é ótimo, amigo, me apóia, mas depois de um ano eu sinto que preciso buscar algo que realmente me impulsione, me faça crescer. Mas o que estou dizendo é apenas uma suposição, especulação, vou usar essas férias de dezembro para refletir sobre o assunto e dar um pouco mais de tempo ao tempo. Quem sabe em janeiro quando eu voltar pra empresa algo tenha mudado, ele tenha descascado todos os abacaxis que tem pra descascar e possa me dar mais atenção?
Se eu estivesse enfrentando esses dilemas todos, anos atrás, com certeza há essas horas já estaria neurótico, achando que tenho muita coisa pra resolver, muitas decisões a tomar e que não ia conseguir administrar tudo isso dentro de meu cerebelo, mas não, apesar de toda a incerteza e indecisão quanto ao que fazer do meu futuro eu estou tranqüilo. Posso não ter encontrado a paz de espírito que tantos dizem encontrar ao longo da vida, mas pelo menos consegui sossegar um pouco meu coração ao finalmente perceber que no final das contas, por mais que você ache que tem tudo planejado, as cousas acontecem como querem.
É isso meus lindos.


Eduardo Montanari Sobre o Autor:
Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design. É formado técnico em informática e trabalha como designer e web designer. Nerd assumido, gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.


3 Divagações

  1. uma maravilha de se ler é o seu blog, conteúdo interessantíssimo, parabéns!

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  2. Olá Eduardo, quanto tempo né!
    Desculpa a demora, ando te lendo à uns dias já, mais sem idéias pra te dizer algo. Estive ausente por quase 2 meses, q qdo voltei, não era eu. Parecia q eu estava em um lugar estranho, ou seja, eu estava completamente sem chão na minha cidade, ou casa mesmo, rs. Espero q vc curta bastante suas férias, e Deus ajude q vc consiga um novo emprego, e q te promova, ou seja, te dê novas chances e novos horizontes q vc nem esta tendo neste trabalho. Hoje em dia o mercado de trabalho é assim. Espero q esteja bem, e eu tb estou em atraso até com o meu blog. Ah, eu cheguei tem poucos dias, e graças à Deus consegui já um novo trabalho. Ainda nem comecei, mais já esta tudo arrumado. Qualquer hora volto.

    Um beijão e se cuide!

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  3. Também concordo que viajar sozinho é desmotivante, já fiz isso e foi horrível. Só no meio da multidão. Não serve para mim. Nesses momentos é bom ter família, digo, ser casada mesmo! Pois é como me sinto melhor, mas para os homens é mais fácil, eles são dados a aventuras, então, que sozinho pode ser bem melhor. Para algumas garotas também. E quanto ao trabalho, sei o que sente. Como nada cai do céu, mãos à obra. E boa sorte!

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