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Sobre padecer e perecer, divisão com vírgula e não ser nenhuma múmia.

terça-feira, 20 de março de 2012

Das cousas que estou sendo obrigado a aprender nesse início de 2012 com a mudança da minha situação de vida é a ter calma e paciência, cuidar de um assunto de cada vez e não perder o controle emocional com a demora de alguns problemas em se resolverem, ou melhor, em eu conseguir resolve-los, pois problemas de ninguém se resolvem sozinhos, ingênuo quem acha isso. Sabem aquele ditado que diz que “a vida ensina”? Pois é, em certos períodos de nossa existência terrena podemos sentir esse aprendizado acontecendo.
Continuo desempregado e sem previsão de alguma contratação. Só tenho mais 600 reais no banco e a cada dia sou obrigado a gastar mais um pouco com pão, leite, material escolar, já que voltei a estudar, entre outros gêneros de primeira necessidade para eu, minha tia e minha mãe.
Estou completando hoje uma semana de cursinho pré-vestibular e já estou começando a sentir as dificuldades. Como terminei o colegial no longínquo ano de 1994, já não me lembro quase nada do que aprendi e estou passando um sufoco muito grande, pois as matérias do cursinho são muitas e a maioria delas envolve cálculos os quais eu já não faço mais a mínima idéia de como desenvolver. No meu tempo de escola era tudo muito mais simples, matemática era matemática, física era física e biologia era biologia. Hoje estou pirando por ter que estudar química orgânica, físico-química, física mecânica, biologia orgânica, chega a me dar raiva em ver que tudo está infinitamente mais complicado do que antigamente e minha cabeça está dando um nó. São dezenas de matérias diferentes pra estudar e eu estou tentando, juro que estou, mas está difícil, quando começo a me confundir todo com uma equação ou fórmula, ou até mesmo uma simples divisão com vírgula, já me dá vontade de chorar e desistir de tudo, mas não pretendo fazê-lo de fato, quero me esforçar pra fazer o cursinho até o fim, mesmo que depois de tudo não consiga passar no vestibular. É meio que um desafio pessoal. Não sou aquele tipo de pessoa que fica afirmando veementemente “vou estudar com afinco e com certeza passar no vestibular”. Não faço isso porque não quero criar expectativas nem para mim e nem para os outros.


Liguei para meu antigo emprego para saber as quantas anda o processo de baixa da carteira de trabalho e se já foi marcada alguma data para a homologação. Nada ainda, e o pior é que como eu disse, conforme o tempo vai passando o meu dinheiro vai acabando, parece que não, mais 600 reais não duram nada. Já estou começando a me desesperar e como eu disse no começo, manter o controle emocional nessas horas está me exigindo um bom esforço. Pra poder passar pelo mês de fevereiro fui obrigado e pedir dinheiro para amigos, já em março, recebi alguns dos meus direitos e pude passar o mês normalmente, mas agora preciso da minha carteira de trabalho e da homologação feita para poder sacar meu FGTS e dar entrada no meu seguro desemprego. E pelo que sei esse seguro não sai na hora, demora mais ou menos um mês pra ser liberado. Dependendo do quanto continuar demorando, serei obrigado e “mendigar” novamente a ajuda das pessoas. Apesar de saber que quem me ajuda, ajuda de coração aberto, é humilhante pra mim, um homem feito, de 35 anos ter que pedir dinheiro aos outros para poder passar o mês.
Ao menos consegui ser atendido no posto de saúde. Após dois adiamentos a oftalmologista me atendeu super bem e como eu pedi, providenciou meu laudo médico de deficiência e fez para mim um encaminhamento, o qual usarei para ir até a SORRI, uma instituição daqui que entre outras coisas encaminha deficientes para o mercado de trabalho. Em verdade não me considero deficiente, mas como a lei me considera, usarei isso para conseguir algumas coisas às quais tenho direito, inclusive andar de ônibus de graça.
Fui na terça-feira ao Poupa-Tempo aqui de Bauru atrás de conseguir passe de ônibus especial pra deficientes. Passei a manhã toda lá, até que não me estressei muito, pois o lugar é bem estruturado, mas perdi meu tempo ao ser atendido e descobrir que me faltam documentos para requerer a tal carteirinha. Além de alguns documentos da minha mãe e minha tia, também preciso da minha carteira de trabalho, a qual como vocês já sabem, não está comigo e não tem previsão de devolução.
Óbvio que embora às vezes eu aja como uma, não sou uma múmia e assim que saí do Poupa-Tempo liguei pra empresa e como eu desconfiava, o contador do meu ex-chefe ainda não deu entrada em nada, problemas na Caixa Econômica, de acordo com ele. Pedi gentilmente certa agilidade no processo, já que agora mais do que nunca vou precisar de tudo acertado.


Ando me sentindo bastante sozinho novamente, ainda mais agora com essa nova responsabilidade do cursinho, sendo obrigado a estudar e também estando desempregado. Estou logicamente procurando emprego, enviando currículos, mas na maior parte do tempo fico preso em casa, estudando, navegando na internet, vendo TV. Talvez eu achasse isso legal se ainda fosse um adolescente de 15, 16 anos, mas com a idade que estou, ficar ocioso não é nada agradável, você se sente um lixo inútil que mais merece padecer e depois perecer.
Com meus amigos cuidando cada um de suas vidas e meu amor pedindo pra ficarmos só na amizade, o vazio imenso que eu sempre senti dentro de mim e que por um tempo foi preenchido agora está de volta.
Pra piorar a situação, com meu dinheiro acabando eu nem sequer posso sair pra passear direito. Qualquer cerveja com pastel já fica pelo menos em 10 reais e vocês bem sabem, de 10 em 10 reais, quando você percebe o dinheiro já acabou. Estou controlando minhas despesas ao máximo, cinema agora só quando arrumar outro emprego. Graças a minha carteirinha de estudante made in Photoshop posso pagar meia entrada, mas quando se está desempregado, meia entrada é uma fortuna, fora a pikó-k que dependendo do tamanho é mais cara que o próprio ingresso. E justo nesse ano, quando a maioria dos blockbusters mais legais vai estrear, Os Vingadores, Diários de Chernobyl e é claro, Prometheus. Esse último, se eu não for assistir vou me suicidar.
Quando não estou estudando ou passando o tempo no PC, o que tenho feito pra espantar essa angústia toda é dormir, fugir da realidade. Deito, durmo e fico pensando em coisas simples, a excursão desse ano para o Anime Friends, a qual quero muito ir e não faço idéia de como, os filmes que quero assistir e é claro, sexo, coisa a qual eu não sei mais o que é a muito, muito, muito tempo.
Esqueci de dizer: meu grau aumentou e eu vou precisar de óculos novos. Alguém pode me dar colo? Por favor?


Eduardo Montanari Sobre o Autor:
Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design. É formado técnico em informática e trabalha como designer e web designer. Nerd assumido, gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.


2 Divagações

  1. Ah, Edu como é difícil lidar com o mau caráter de burrocratas! Eu passei isso muitas vezes. Assim que resolver tudo aí, faça um cadastro nas empresas daqui (Malwee, Weg, Killy, Cativa e etc...) e tente vir pra cá. Aqui a falta de profissional qualificado e talentoso como você é imensa! A praia é perto, é bem melhor!

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    1. Não posso sair de bauru por que preciso ficar com as duas aqui. Não posso deixá-las sozinhas.

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