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Sobre casais de todos os tipos, troca constante de roupas e relacionamentos familiares conturbados.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O tempo vai passando e a cada dia tem se tornado mais complicado lidar com minha mãe e seus transtornos de personalidade. É fato que, algumas pessoas depois que envelhecem se tornam muito difíceis de lidar, pois como alguns dizem, elas voltam a se comportar como crianças, ficando teimosas e achando que, por terem vivido muito, tudo o que elas fazem ou acreditam é cem por cento certo. Isso cansa demais. No caso de minha mãe, soma-se a isso o seu transtorno bipolar, então hora ela está de bem com a vida, super simpática com todo mundo, dizendo que ama a todos e num outro momento ela odeia todo mundo, ninguém presta, são todos falsos e o mundo é um lugar horrível e cruel. Por mais que eu e minha tia saibamos que muito desse comportamento de minha mãe é derivado de sua doença, também sabemos que ela não é nenhuma deficiente mental completa e que tem plena consciência de seus atos, errados ou certos, por isso muitas das coisas que ela faz ou diz, nos irrita ao extremo e torna nosso relacionamento muitas vezes, instável. Com transtorno bipolar ou sem, o fato é que minha mãe é uma pessoa cruel, ingrata e belicosa. Nunca admite que está errada e sempre culpa os outros por sua vida não ser como ela gostaria que fosse. Herdei dela a agressividade, a carência e a inveja, o que já me fez perder muitas coisas ao longo dos anos, mas a diferença entre eu e ela é que eu ao menos admito para mim mesmo e para os outros, todos os meus defeitos. Tento corrigir alguns, outros já não consigo, mas pelo menos tento, ela, nem isso faz. Vive em seu mundo egoísta, só agradando e elogiando as pessoas quando isso lhe é conveniente, quando precisa de algum favor, dinheiro emprestado ou simplesmente quer que as pessoas fiquem do lado dela. 
Por causa da minha mãe eu peguei muita birra de pessoas assim, que mentem pra si mesmas, que não admitem seus erros para com os outros e para si mesmas, que fogem de enfrentar a verdade, de se olhar no espelho por comodismo. 


Finalmente fui até a tal boate GLS que minha amiga tanto queria que eu fosse, para conhecer o ambiente. Há meses ela vinha insistindo muito para que eu fosse, com o intuito de me distrair, conhecer o lugar e também me conhecer um pouco mais, já que já não é mais segredo pra ninguém, sim, curto rapazes
Como eu já disse várias vezes, não gosto de baladas, não sei dançar, não curto barulho em excesso e não sei conversar muito bem, mas ainda assim eu decidi aceitar o convite, depois de inventar desculpas varias vezes, porque além de que querer começar o ano de forma diferente, quis parar de fugir de uma coisa, na verdade, tão simples
Obvio que, sendo como sou, passei noites quase em claro e os dias muito tenso, morrendo de medo do que poderia me acontecer num lugar desses, um ambiente tão... liberal, mas o fato é que, como sempre me acontece, acabei vendo que no final não era muito daquilo que eu pensava que fosse. É um ambiente, como posso descrever... um pouco chocante sim, caso você não vá preparado para se deparar com certas coisas. Gogo boys, Gogo girls, travestis, Drag Queens, transexuais, casais de todos os tipos e de diferentes idades. Para os mais moralistas, um ambiente altamente promiscuo, mas como eu disse, você precisa ir a um lugar desses, seja você, hétero, homo, bissexual ou seja lá como você se defina, com a mente aberta, sabendo o que esperar mais ou menos. 
Nada de ruim me aconteceu no final. Nada de bom também, quer dizer, o simples fato de ter optado ir já foi bom, pois eu acredito que todo tipo de experiência é valida, desde que você não faça nada forçadamente ou a contragosto. Não vou lhes dizer que não fiquei levemente chocado com algumas coisas que vi e ouvi, mas também pude ver lá pessoas felizes, bem definidas e autênticas, que vivem suas vidas da forma que querem, sem se importar com a aprovação da sociedade e presenciar isso me fez muito bem. Fiquei completamente surdo durante todo o sábado seguinte, pois em um lugar como esse você não consegue ouvir nem seus pensamentos, voltei pra casa às 5h da manhã, mas não me arrependo e se alguma hora tiver nova chance, irei novamente. 


Eu costumo dizer que estragamos tanto o clima do mundo que hoje está tudo muito mais agressivo e confuso na natureza. Há tempos não passamos, pelo menos não aqui em Bauru, por um dia ameno, um dia de sol não muito quente ou um dia frio, mas sem chuva. Não temos tido um meio termo aqui. Ou faz um calor dos infernos, fazendo com que você chegue a passar muito mal ou chove o dia todo, inundando a Avenida, causando enxurradas e te obrigando a trocar de roupa umas duas vezes ao dia. Pensar em não se molhar em tempos assim é bem impossível, já que nossos afazeres e obrigações não podem esperar, o trabalho, a faculdade, faça chuva ou faça sol, precisamos estar lá. Nesse instante mesmo, quando escrevo esse texto, estou com as meias e o tênis ensopados. Geralmente quando vou ao trabalho, vou a pé, odeio ônibus e as pessoas que a ele usam, prefiro andar a pé, pensando na vida e nas coisas que tenho pra resolver. Estão visualizando aquele prédio azul ao fundo, bem onde o raio caiu? Eu atravesso bem ali para vir trabalhar, mas em dias chuvosos fica inviável como vocês podem ver, tenho que atravessar pelo viaduto, que foi de onde bati esse retrato. Rogo aos céus que toda essa chuva cesse antes do início do ano letivo na faculdade, pois voltar pra casa de noite, às 23h debaixo de forte chuva, ninguém merece. E o pior é que não tem linha de ônibus que vá direto da faculdade até minha morada. Como eu disse, odeio pegar ônibus, mas não sou tão idiota ao ponto que querer voltar pra casa a pé, todos os dias, depois das 22h.
Lógicamente enfrentarei dias assim, sem dúvida, nos quais chegarei em casa tarde, todo molhado, ansiando por um banho quente, mas a natureza ou a divindade que muitos de vocês chamam de "O Deus", poderia colaborar um pouco com um rapaz latino americano, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e que vive no interior.


Sobre o Autor:
Eduardo Montanari Eduardo Montanari é dono dos blogs Divagações Solitárias e Du-Montanari Design. É formado técnico em informática, trabalha como designer e diagramador. Nerd assumido, gosta de quadrinhos, anime, mangá, entre outras nerdices e esquisitices.



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