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A perda de oportunidades pela ingenuidade, tombos inesperados e humilhações desejadas.

sábado, 12 de julho de 2014

Sou aquele tipo de pessoa, como costumam dizer por aí, "devagar, quase parando". Mesmo com meus 38 anos, continuo extremamente ingênuo em alguns sentidos, principalmente no quesito relações humanas, seja no campo da amizade ou de um provável romance. Certa vez, assisti a uma entrevista do falecido Renato Russo, vocalista da já extinta banda Legião Urbana, na qual ele fala que, se a pessoa não chegar nele com uma placa pendurada no pescoço, com os dizeres "Renato, eu gosto de você", ele simplesmente não percebe isso e deixa passar a oportunidade, muitas vezes até mesmo irritando a outra pessoa pela sua ingenuidade. Eu me considero exatamente assim, uma pessoa ingênua, chegando a beirar a idiotice. Tenho, nos últimos meses, tentado conhecer novas pessoas, não apenas fazer novas amizades, mas quem sabe, fazer com que alguém veja algo mais em mim, contudo, o problema é que, de minha parte, não tomo iniciativa nenhuma para que isso aconteça, quer dizer, tenho tido coragem de iniciar conversas, falar um pouco de mim, perguntar sobre a pessoa, enfim, estreitar a amizade, mas sempre, depois de um tempo, chega um ponto, a partir do qual eu não consigo ir além. Geralmente empaco em um interrogatório sem fim, afinal, duas características marcantes minhas é ser muito seletivo em relação às pessoas com quem quero me relacionar e também muito covarde. Tive uma criação muito fechada, muito regrada e hoje isso faz com que eu simplesmente tenha medo das pessoas. No final, enquanto eu estou ainda "indo com a farinha", a outra pessoa já está "vindo com o bolo". Quando penso que finalmente estou ficando íntimo da pessoa, que talvez haja uma possibilidade das coisas acontecerem, o outro já se cansou de esperar e partiu pra outra, afinal, como dizem, "a fila anda".


Desabafos inúteis à parte, você percebe que está fora de forma quando tem uma quedinha boba no meio da pista e fica quase uma semana dolorido, precisando tomar remédios. Sexta-feira passada, acho que foi num jogo do Brasil, estava voltando a pé pra casa, quando me desequilibrei após torcer o pé e caí bem no meio da rua, rolando no asfalto. Por sorte a rua estava vazia e ninguém viu meu vexame, ralei as palmas das mãos, sujei a bunda de terra, mas nada mais grave que isso. Me levantei e continuei caminhando, morrendo de vergonha (mesmo sabendo que ninguém viu) e desci pra casa, sacodindo a poeira. Teria ficado tudo uma maravilha, se nessa mesma noite eu não tivesse ficado me sentindo como se tivesse levado uma surra daquelas. De repente vi o quanto estou fora de forma e praticar exercícios me faz falta, pois mal conseguia mover os braços e as pernas sem fazer uma careta de dor. Pra poder dormir, tive que me entupir de Dorflex por três dias seguidos. O que me animou em meio aos meus muitos gemidos de dor foi a derrota da seleção brasileira, numa goleada de sete a zero. Confesso que, apesar de ter ficado bastante contente, foi algo inesperado. Acho que pra todo mundo né? Eu não acompanhei o jogo, estava no trabalho, mas confesso que estava curioso pra saber o placar, então acessei a internet, uma espécie de rede mundial de computadores conectada ao mundo todo e quase caí de costas quando vi estampado um cinco a zero. Lógico que eu me levantei na hora da cadeira e comecei a vibrar feito um cão enlouquecido, afinal, era um sonho que estava se realizando. Terminei o expediente, fui pra casa pelas ruas desertas e quando cheguei, a bomba dos sete a zero já estava confirmada.
De fato minha revolta não é contra o esporte em si, o futebol, mas sim contra a idolatria que rola em torno dele, como disse na postagem passada. A maior parte do povo brasileiro realmente fica cego e se esquece de todo e qualquer outro problema que o país venha tendo e isso me irrita por demais. Ver o futebol brasileiro ser humilhado historicamente dessa forma, ver o povo descobrindo que nossos jogadores não são os deuses que eles idealizam, mas apenas humanos falhos é muito satisfatório pra mim. Fora o fato de que, isso só confirma minhas afirmações do quanto somos um povo ridículo e hipócrita, pois quando o Brasil ganha uma partida, todos cantam em hino, feito papagaio de pirata: "Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor!", mas basta que a nossa "invencível" seleção perca um jogo e o discurso já muda: "Que horror! Meu Deus! Tenho vergonha de ser brasileiro"


Sobre o Autor:
Eduardo Montanari Nascido e ainda morando na cidade de Bauru, interior do Estado de São Paulo, sou estudante de Design e trabalho como designer e web designer, áreas pelas quais tenho muito interesse.
Amo cinema, quadrinhos e boa música.



1 Divagações

  1. Edu, fiquei muiiiiiiiiiiito feliz com sua visita. Sobre o que me disse lá: eu sou muito sensível. Quando noto que alguem me olha com jeito invejoso, me sinto mal na hora, fico louca para sair de perto. Estas pessoas tem normalmente uma carga pesada.

    E por isso, lendo seu texto, por ser uma pessoa mais sensível, tambem sempre fui um pouco inocente, sempre acreditei muito nas pessoas. Hoje, depois de tantas decepções, eu sou desconfiada até demais.

    Aquela fatia de bolo ..... nossa.... ok, hoje vou fazer um aqui em casa.

    Bjs

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