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Sobre as desventuras de uma crise hídrica, a super-valorização do sexo e gastos muito bem planejados.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Finalmente depois de sei lá quanto tempo de estiagem, choveu aqui em Bauru. Estamos enfrentando um problema gravíssimo de falta d’água, assim como a maior parte do Estado de São Paulo, exceto, é claro, os bairros nobres da cidade, onde a água não é desligada e as pessoas podem nadar, lavar suas calçadas e carros livremente. Gostaria que sofressem mais, mas enfim. Se aquele a quem chamam de “Deus” prefere castigar os pobres aos ricos, quem sou eu para desafiar seu poder supremo? A situação atingiu níveis alarmantes, insustentáveis, há bairros que chegam a ficar sem água nas torneiras por cinco dias seguidos, com as pessoas nem sequer podendo fazer sua higiene pessoal corretamente ou dar descarga no vaso sanitário, uma espécie de assento feito de louça, onde as pessoas defecam e urinam, criado para substituir as grotescas fossas sanitárias. Nos últimos dias, ou tenho tomado banho na universidade ou usado baldes e canecas em casa. Há casos de pessoas que se deslocam para cidades vizinhas, na casa de parentes para poder tomar um banho decente. Soma-se à tudo isso, o calor de 38ºC, 39ºC.
No último domingo, dia 19/10 choveu por volta das 20h, não o suficiente para encher o Rio Batalha, que abastece nossa região, nem para resolver o problema do nosso Departamento de Água e Esgoto, mas pude ver, através das redes sociais que grande parte da população da cidade, quiçá da região, foi tomada pela emoção, agradecendo aos céus pela pequena monção.


Com as ruas da cidade umedecidas novamente, a sensação de frescor corporal tomou conta de muitos, inclusive desse que vos escreve, mas como não sou bobo nem nada e bem sei que, se existem mesmo forças supremas que regem nossas vidas, elas são muito engraçadinhas. A segunda-feira, dia que vem logo após o domingo, amanheceu abafada. Arrisquei subir a pé para o trabalho, já que nas últimas semanas só consegui faze-lo de ônibus, e cheguei empapado de suor. Contudo o céu continua nublado e estou na esperança de que todo esse mormaço traga mais água. Nossos reservatórios estão secos e eu, que amo higiene, já estou sinceramente de saco cheio de ser obrigado a me lavar com balde e caneca de alumínio. Todavia, mesmo com meu saco escrotal já cheio, não consigo deixar de pensar que tudo isso é culpa nossa, do homem humano. Como eu disse mais acima, nos bairros nobres da cidade não está faltando água e, é claro, as pessoas não estão nem aí pra economizar uma gota sequer, lavando seus luxuosos carros e suas calçadas. Não que a culpa seja unicamente dessas pessoas, lógico, só estou reclamando delas por sentir inveja. Moro na periferia e tenho uma vizinha neurótica, que não passa um único dia sem lavar a frente da casa, incluindo o asfalto, o que eu acho um absurdo, lavar asfalto. A desculpa dela é que, tem rinite alérgica e por isso precisa manter tudo sem poeira, entretanto me intriga ela dizer que sofre desse mal e fumar um cigarro após outro, parecendo uma chaminé.

A parte bacana de todo esse calor, é que aumenta consideravelmente minha potência viril. Passo 73,7% do meu tempo livre subindo pelas paredes  feito o Homem-Aranha e tendo pensamentos promíscuos e pecaminosos. O problema (ou não, depende do ponto de vista) é que, de uns tempos pra cá, em contrapartida ao meu alto grau de libido, tenho preferido me manter afastado de sexo, não por considerar algo ruim, mas sim por perceber que não é toda aquela maravilha que a gente vê no xtube. Quando eu era virgem, o que eu mais desejava era uma noite de prazer e obscenidades mil, se tivesse amor junto, ótimo, mas ando bem descrente disso. Hoje, depois de algumas experiências, percebi o quanto o ato sexual é super-valorizado, seja entre heterossexuais ou gays. Sim, é divertido, sim, é relaxante, mas não deixa de ser algo, pelo menos no meu ponto de vista, um pouco forçado em alguns casos. Sinceramente não sei se continuo acreditando no amor verdadeiro, mas também não gosto de sexo por sexo, "ficar", como esses adolescentes de hoje curtem fazer. Percebi que não consigo me relacionar, mesmo que apenas fisicamente, com uma pessoa que mal conheço. Muita gente procura sexo com garotas e garotos de programa ou vai à baladas, festas de faculdade e ficam com duas, três pessoas numa única noite e acham isso o máximo. Eu não consigo ser assim, nunca consegui, minha cabeça não funciona dessa forma. Não tenho nada contra o sexo casual, o sexo por sexo, desde que seja com alguém que eu conheça, que eu confie, gosto de saber muito bem com quem estou lidando e não tenho visto isso nas pessoas ultimamente. A maioria hoje é muito imediatista nesse sentido, conversa com você por cinco minutos e já começam a perguntar qual a sua posição sexual preferida, o tamanho do seu pênis, entre outras coisas que, para mim, são desinteressantes, pelo menos sem conhecer primeiro o lado mais humano do outro.

Mesmo tendo tempo de pedalar somente aos domingos de manhã, minhas pernas já se acostumaram com a bicicleta. Há quase 20 anos sem pedalar, nos primeiros dias cheguei a passar bastante mal, só de tentar percorrer poucos metros, tendo que passar o resto do dia em repouso. Agora, um pouco mais disposto e empolgado, já não tenho me cansado tanto e conseguido andar boas distâncias, parando duas ou três vezes apenas para repousar e hidratar meu corpo. Não tenho nenhum objetivo específico, quer dizer, ganhar um pouco mais de força física seria bom, dizem que bicicleta ajuda nisso, mas perder barriga, respirar melhor, se essas coisas acontecerem, é lucro.
Penso em voltar a fazer natação também, mas tudo no seu devido tempo. Com o trabalho e as aulas noturnas da universidade fica complicado arrumar tempo hábil, além do que, hoje em dia, tudo o que você planeja fazer implica em gastos que precisam ser bem planejados. Não descarto uma academia também, acredito que embora eu não tenha pretensões de me tornar um Rambo, seja com ciclismo, natação ou malhação, cuidar do corpo pode fazer bem pro meu psicológico, que sinceramente não tá funcionando em 100% de sua capacidade não. Recebi recentemente a notícia de que tenho direito à gozar somente 15 dias de férias no final desse ano e isso me desanimou bastante, esperava ficar sossegado, quieto em casa, pelo menos por 30, mas no final das contas eu, como sempre sem nada pra fazer, nenhum lugar pra ir e pouquíssimas pessoas com tempo pra me dar, acabaria entediado. De repente 15 dias podem dar conta do recado e me deixar preparado pro ano final do meu curso, em 2015.



EDUARDO MONTANARI
Virginiano, bauruense, estudante de Design, ilustrador e web designer. Amante de cinema, quadrinhos, boa música e outras nerdices. Sonhando com o namorado ideal.



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