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Resenha - Penadinho: Vida

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Se você é dessas pessoas que gostam de histórias em quadrinhos, mas acha que Turma da Mônica é um gibi para crianças retardadas, como eu já ouvi certa vez, há muitos anos, sinto muito colega, mas é você quem é um retardado. Primeiro porque até hoje as histórias protagonizadas pelos personagens criados pelo desenhista Maurício de Sousa tem servido para alfabetizar crianças não apenas no Brasil, mas em vários países do mundo, onde os gibis são publicados. Segundo porque, embora sejam quadrinhos infanto-juvenis, as histórias não deixam de ser muito engraçadas e divertem adultos também. Terceiro, por conta da coleção de Graphic Novels MSP 50, uma coletânea de encadernados em quadrinhos, roteirizados e desenhados por artistas convidados que ganham a liberdade de reinventar os personagens clássicos da Turma da Mônica de forma fascinante, dando-lhes um novo visual e em alguns casos, escrevendo suas historias de uma forma mais adulta. A bola da vez dessa coleção é Penadinho: Vida, de Paulo Crumbim e Cristina Eiko. 

O casal Paulo e Cristina fez um trabalho lindo nesse conto, que mistura terror, com uma história muito meiga de amor, usando de uma arte até bastante simples, traços infantis, remetendo aos mangás japoneses e uma coloração belíssima, tanto nos momentos de mais penumbra quanto nos quadros mais coloridos, ressaltando as luzes de uma forma quase fluorescente, mesmo o papel não tendo esse tipo de impressão. O tempo todo temos a sensação de que o Penadinho, assim como os outros fantasmas vão saltar pra fora na página, envoltos numa aura luminosa, quase 3D, em minha opinião pessoal. E embora o traço não se pareça, a ambientação, de uma forma geral me remeteu um pouco aos antigos desenhos do Scooby-Doo. A história é fofíssima e faz você ter vontade de não parar de ler até chegar ao desfecho, torcendo pelo protagonista. Durante uma brincadeira de esconde-esconde no cemitério, com sua turma, Penadinho é surpreendido pela Dona Cegonha que lhe pede para avisar a Alminha que ela vai reencarnar ao nascer do sol. Surpreso, o fantasminha promete avisar a amiga, mas essa notícia tão repentina o faz começar a refletir e ele percebe que, embora nunca tenha conseguido se declarar, Alminha sempre foi o grande amor de sua vid... morte. Como então dar essa notícia à ela, sem ter seu coração partido? Só que, para piorar a situação de Penadinho, após uma discussão, Alminha desaparece e precisa ser encontrada pela turma antes do amanhecer, quando Dona Cegonha virá levá-la.


Embora a premissa da história pareça mais melancólica do que divertida, ela flui de forma suave e doce, fazendo você ter vontade de abraçar o encadernado e soltar aquele "ooooooown". E até mesmo quando nos é apresentado o vilão e ficamos sabendo de suas verdadeiras motivações acabamos comovidos e, por que não, talvez até nos identificando um pouco com ele, afinal, o amor não justifica tudo, como alguns podem acreditar, mas nos leva muitas vezes a pensar e a fazer coisas que não são totalmente corretas, nos guiam por caminhos escuros.


O velho senhor Crowley é um show à parte, um sujeito que fabrica perfumes a base de almas e promete trazer a pessoa amada de volta, seja ela viva ou morta. Seus dois assistentes atrapalhados, os demônios Amaimon e Pazuzu são divertidíssimos, mas ao mesmo tempo conseguem transmitir uma aura meio "dark". Pensando agora, acho que posso comparar os dois com o palhaço Pennywise de IT, livro do famoso escritor de terror Stephen King. Engraçados, mas nada bem intencionados. Dou um destaque especial também para a Dona Morte, representada de forma magistral pelos artistas, esguia e sombria. Juro que se eu topasse com ela a noite ou num lugar escuro, realmente teria medo.


Gostaria, mas não tenho todos os volumes da coleção MSP 50. Os dois volumes de Astronauta: Magnetar e Singularidade, Turma da Mônica: Laços e Piteco: Ingá estão em minha lista e assim que tiver mais uns tostões sobrando pretendo investir. Itens de colecionador com certeza. Só pra jogar indiretas, meu aniversário é no dia 26 de agosto. Capa dura, por favor. Por hora, fica aqui a minha recomendação e elogios para Penadinho: Vida. Vale cada centavo investido. A edição de capa cartonada está saindo por R$ 21,90, enquanto a de capa dura, que eu recomendo pelo acabamento elegante e durabilidade, sai por R$ 31,90. 


EDUARDO MONTANARI
Virginiano, bauruense, estudante de Design, ilustrador e web designer. Amante de cinema, quadrinhos, boa música e outras nerdices. Sonhando com o namorado ideal.



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