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Sobre os malefícios das obsessões, não enxergar a realidade em diversos sentidos e a entrega do TCC finalmente.

sábado, 28 de novembro de 2015


Então finalmente acabou, quer dizer, “tecnicamente”. Parece que foi ontem que comecei o curso na universidade e agora, em janeiro, estarei colando grau. Tudo bem que vai ser uma cerimônia “fake”, já que só vou pegar o diploma mesmo, no meio de 2016, por conta de uma reprova que tive, mas não ligo, certos tipos de burocracia não me estressam tanto quanto outras. Não vou mais precisar frequentar as aulas regularmente e isso já tira um grande peso dos meus ombros.
Quanto ao TCC, agora só resta apresentá-lo à banca, finalmente terminei todo o relatório, as artes e só preciso reunir coragem e calma pra chegar na sala, na noite de 16 de dezembro, às 21h e fazer o que preciso fazer. Estou bem menos nervoso do que achei que ficaria, isso devido talvez ao fato desse ser o primeiro trabalho da minha vida o qual eu fiz com afinco, lendo, pesquisando, analisando os detalhes, então a sensação de segurança que ter agido dessa forma me passa é bem grande. Tão cedo não quero fazer isso novamente, mas me sinto bem por ter conseguido concluir o que me propus. Não pretendo parar de estudar, mas preciso MUITO de um tempo pra mim. 

Como os professores nos avisaram desde o começo do curso, imprimir e protocolar esse relatório foi uma novela, a qual espero, não tenha acabado triste pra ninguém, pois grande parte dos alunos (inclusive esse delicioso que vos escreve) só conseguiu imprimir e protocolar tudo nos 45 minutos do segundo tempo. Sexta-feira, 27 de novembro, último dia do prazo e as gráficas próximas à universidade pareciam cenários de "The Walking Dead", com um monte de gente se espremendo desesperada pra conseguir imprimir seus relatórios e em seguida protocolar na secretaria até às 21h. Um caos. E como nessas horas o que pode dar errado geralmente tente a dar errado, perto da hora de entregar tudo, folheei uma das cópias do relatório e percebi que a moça da gráfica, aquela rachada ordinária havia encadernado três páginas invertidas. Pra piorar, a gráfica onde imprimi tudo já havia fechado e eu fui obrigado a passar quase duas horas em outra gráfica lotada, só pra moça reimprimir essas páginas erradas e encadernar novamente. Ai final tudo deu certo, como deve ser. Tudo impresso e protocolado, com a ajuda dos amigos Raphael e Adriano, que não deixaram de me dar uma força nas horas de necessidade. Agradeço e louvo a ambos.


Por conta do meu já famoso complexo de inferioridade, minha insistente mania em querer me comparar com outras pessoas e a inveja que sinto em alguns casos específicos, da felicidade alheia, me meti numa bela enrascada nesse final de novembro. Quando uma pessoa pela qual sou obcecado deixa de me dar o tipo de atenção que gostaria ou passa a dá-la para outras pessoas, tenho uma forte crise psicótica e autodestrutiva e começo a vasculhar ainda mais sua vida, com a intenção de me sentir próximo à ela. Geralmente isso não acontece nunca e só quem sai bastante machucado no final sou eu. A pessoa vai seguindo sua vida sem se importar com como estou me sentindo, desde que pra ela esteja tudo correndo bem. Bom, a maior parte das pessoas são assim. O caso é que, enlouquecido como sou, quanto mais a pessoa me ignora, mais obcecado eu fico e, com isso, me sentindo cada vez mais inferior à ela. E recentemente, vasculhando suas redes sociais vi o quanto ela está bonita e feliz sem mim, o que é claro, só me fez sentir mais lixo. A solução que geralmente encontro pra isso: procurar um psiquiatra? Deveria, mas não. Acabo tentando ficar parecido com o sujeito para ter a falsa sensação de que posso ser tão feliz e bonito quanto ele é. E como nesse caso específico tenho visto a pessoa feliz com o namorado, bonita e usando belos óculos escuros, achei que talvez, se eu fizesse óculos semelhantes poderia me sentir melhor, mais parecido com ela. Então, com meu cartão de crédito em mãos e um dinheiro que não tenho no banco, fui até a ótica e encomendei óculos escuros parecidos, acreditando idiotamente que isso a afetaria de algum modo, fazendo-a perceber que eu só fiz isso para copiá-la. O caso é que eu uso lentes com grau, não enxergo sem elas e estava de posse de uma receita médica de fevereiro passado. Como meu grau quase não se alterou nos últimos anos, acreditei que usar essa receita, mesmo ela já tendo quase um ano, não teria problema nenhum. Então fui até a ótica, encomendei os belos óculos escuros e depois de uma semana fui buscá-los ansioso para começar a usá-los e postar várias fotos nas redes sociais tentando chamar a atenção da criatura. Mas quão grande foi a minha surpresa ao perceber que, com o novo adereço eu estava mais cego do que morcego de dia. 

Burramente acreditei que mesmo com a receita sendo de alguns meses atrás, a visão ficaria inalterada, mas não foi o que houve. Não consegui ficar com os óculos na cara nem por trinta minutos e no dia seguinte procurei um oftalmologista, que me deu uma baita bronca (com razão) por usar uma receita ultrapassada e fez um novo exame, me receitando lentes com um grau atualizado. Voltei então à ótica e encomendei as novas lentes, dessa vez confiante de que tudo daria certo. O detalhe é que, nesse novo exame, o médico praticamente dobrou o meu grau de 2,75º para . Mas confiei, afinal o cara é médico né? Deve saber o que faz. Uma semana depois voltei à ótica para pegar os óculos, que dessa vez estavam bem melhores, mas o problema ainda estava longe de terminar.
Se você usa óculos de grau deve saber que quando algo é mudado, a adaptação ao novo tende a ser complicada. Alguns dizem que demoram de três a quatro dias para se acostumar, outros já dizem que levam umas duas semanas. Bem, com essas novas lentes a visão de perto estava muito boa, apesar de esquisita, aquelas velhas reclamações de sempre de quem muda de óculos: tontura, mal estar, dores de cabeça e por aí vai. No meu caso, além de tudo isso, enxergar de longe e ler qualquer coisa em uma tela se tornou um problema. Tudo desfocado, vista cansada, olhos secos. 
Como eu sei que algumas vezes é preciso dar um tempo, fiquei com usando os óculos por uma semana pra tentar me acostumar, mas nada feito, tudo embaçado de longe. Na semana passada voltei ao médico e contei o que estava havendo. O doutor foi até bem educado, mas como todo o médico de serviço público, apressado. Depois de me ouvir, fez um rápido segundo exame e simplesmente voltou meu grau ao que era... ao que é, 2,75º. 
Voltei de novo pra ótica e pedi pra re re re refazerem as lentes. Vou buscá-las em uma semana novamente e atualmente estou usando os meu óculos antigos mesmo. Resumo da ópera? Uma fatura de cartão de crédito salgadinha pelos próximos meses e apesar de sim, estar com um novo e belo par de óculos escuros pra desfilar pela cidade, continuo me sentindo tão merda quanto antes comparado à ele. Poderia dizer que estou vivendo e aprendendo, mas já provei que esse não é um dos meus dons.


EDUARDO MONTANARI
Virginiano, bauruense, estudante de Design, ilustrador e web designer. Amante de cinema, quadrinhos, boa música e outras nerdices. Sonhando com o namorado ideal.



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