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Sobre a estranheza da plenitude de sentimentos.

segunda-feira, 4 de julho de 2016


Todas as vezes nas quais sinto vontade de escrever aqui no blog, quase que imediatamente penso: "Pra quê?", e então o ânimo se esvai, afinal sempre sinto que estou falando com as paredes ou com o vazio, que ninguém se dá ao trabalho de ler uma vírgula do que escrevo e quando faz isso, não vê a mínima relevância em nada do que eu tenha a expressar. Contudo, vez ou outra sempre me surpreendo quando algum amigo ou um primo me diz que gosta das coisas que escrevo, que leu e ficou encantado com a minha forma de escrita, comentando o quanto gostaria de saber se expressar tão abertamente quanto eu e que isso é uma qualidade. Então percebo que mesmo que não receba nenhum comentário em minhas postagens aqui (e eu realmente gostaria que deixassem suas opiniões abertamente), estou, pelo menos um pouco, conseguindo alcançar algumas pessoas, que mesmo que elas não opinem sobre as coisas que escrevo, mesmo que não me apoiem, algumas delas ainda lêem este espaço e isso é o que me motiva a escrever mais.


Evito escrever quando não estou bem psicologicamente, embora alguns talvez achem que esse seria o melhor momento pra isso, para desabafar, mas no meu caso, o "não estar bem psicologicamente" é estar em modo "lado negro da força", amargo, rancoroso, estúpido, invejoso e cheio de vontade de soltar os cachorros em cima das pessoas (em algumas mais do que em outras). E como eu sei que agir dessa forma é um desperdício de tempo e energia, já que as pessoas que pretendo atingir agindo assim não estão nem aí, hoje me controlo melhor e evito esse tipo de comportamento, o que não significa em hipótese alguma que eu não esteja fervilhando por dentro, prestes a explodir, mas no final das contas, fazendo isso quem sai por baixo sou apenas eu, enquanto meus "alvos" vivem suas vidas sem sequer lembrarem da minha existência. Se vocês se derem ao trabalho de ler meus textos mais antigos, os primeiros do blog, vão perceber que 90% deles eram sobre o quanto estou magoado ou com raiva de fulano ou beltrano, por esse ou aquele motivo. Hoje, sentimentalmente não considero ter evoluído nesse quesito, ainda sou um poço de mágoas e assuntos mal resolvidos, mas expô-los aqui, na esperança de que as pessoas se compadeçam de meu sofrimento e de que meus "algozes" se culpem pelo que me causaram é inútil. 

Nos meus piores dias, nos mais desesperançosos é quando assuntos e pessoas do passado chegam como ondas revoltas, batendo com tudo e me fazendo perder o equilíbrio (imagino que as ondas do mar devem fazer isso. Quarenta anos e nunca vi o mar). É nesses dias que costumo dizer que "estou em crise". talvez seja um termo exagerado eu sei, "estar em crise", mas acreditem, nesses momentos chego a passar mal não apenas psicologicamente, mas fisicamente, conjecturando como um louco sem controle, o que essa ou aquela pessoa deve estar fazendo naquele momento, com quem está, o que está pensando e por que não está se importando comigo como eu gostaria que estivesse. Geralmente fico de um a dois dias nesse estado, sem conseguir me concentrar em mais nada além das minhas neuroses, criando mil e uma suposições, expectativas e sofrendo com isso. Um misto de pânico, insegurança, raiva e inveja, enfim, um turbilhão de sentimentos negativos que drenam minhas forças. E apesar desse texto de hoje, estou relativamente bem, na medida do meu possível. Há dias nos quais consigo ligar melhor o foda-se, me preocupar de fato com meus assuntos, deixar de lado algumas mágoas, mesmo que temporariamente, o que considero melhor do que nada. Acho que no final das contas a vida é isso mesmo. Sempre achei que há algo de errado em pessoas plenamente tristes e também em pessoas plenamente felizes.  



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