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Criminosos e a religião

sexta-feira, 25 de setembro de 2009



Assim como eu gosto ou não de algumas pessoas, de alguns tipos de comidas, gosto ou não de alguns pontos de vista, também assim é com a religião.
Eu hoje me permito debater sobre religião, embora evite, pois é um assunto pela sua própria natureza, polêmico e cansativo, porque tenho uma bagagem boa referente a esse assunto. Durante toda a minha infância e pré adolescência, segui a minha mãe em todas as religiões que ela decidiu experimentar, com o intúito mesquinho de melhorar de vida monetariamente falando. Já frequentei desde igrejas católicas, até evangélicas, centros espirítas, terreiros de macumba e algumas religiões orientais. Nunca me dei realmente conta do porque, apenas seguia a minha mãe onde ela fosse. Um dos muitos males de um filho único, superprotegido e superdependente.

Bom, mas eu cresci e como todo o ser humano com um mínimo de inteligência que se preze, comecei a formar minhas próprias opiniões sobre coisas e pessoas. Não que eu goste de opiniar muito, como disse acima, mas vez ou outra solto minhas pérolas.
Das religiões que me incomodam (sim, a palavra é exatamente essa), a evangélica está em primeiro lugar. Até mesmo antes da chamada macumba. E por que? Pura e simplesmente pelo alto nível de hipocrisia de seus seguidores.
Lido com isso desde que me entendo por gente. Tenho parentes assim, tive amigos assim. Os anos passam, o mundo evolúi (embora hoje em dia ache que isso é muito relativo) e a ladaínha deles continua a mesma: "Eu estou salvo e você não está! Eu vou para o céu e você para o inferno!"

Eu até tento não generalizar nesse meu "julgamento" (sim, ouso julgar quem me julga), mas é difícil. Digo isso porque a grande maioria dessas pessoas, por mais "legais" que sejam, cedo ou tarde acabam mostrando seu lado bitolado e limitado, muitas vezes até extremente mais preconceituoso do que o de uma pessoa que não partilha da mesma crença que elas.
Não importa o tipo de conversa que se tenha, o assunto debatido ou a situação de momento, estão quase sempre buscando um espaço para fazer propaganda de sua pseudo-felicidade atribuída à graça divina. Se você reclama de uma unha encravada por exemplo, recomendam Deus para você antes mesmo de um bom podólogo.

O que eu noto muito e o que acho de grande relevância no meio dessa hipocrisia toda, é o total uso da pena mascarada de compaixão. É aquilo que já disse: "Eu amo muito você, mas infelizmente você está condenado, já que não partilha das mesmas crenças e opiniões que eu".
O interessante disso é que ao longo dos anos eles realmente não se dão conta de que o que eles sentem pelo "resto da humanidade" não é compaixão, mas sim pena. Talvez acreditar que amem alguém mais além deles mesmos e das pessoas que pensem como eles, lhes faça sentir menos párias.

Bom, mas enfim, pra que tudo isso que eu disse? Primeiramente, simplesmente porque eu quis. Tenho direito de expressar minhas opiniões da maneira que melhor me convier. Segundo, pra poder abordar o assunto do tópico: Crimonosos e religião.

Quantas vezes você já não leu ou viu na TV, ou até mesmo ouviu comentários desse ou daquele criminoso, que cometeu um crime, foi preso, conheceu Deus na cadeia e de repente transformou-se numa pessoa inteiramente nova?
Isso  pode acontecer? Sim, lógico que sim. É bom? Maravilhoso quando acontece mas, ainda assim hipócrita.
Então eu, trabalhador, dedicado, servidor dos costumes, pecador sim, mas quem não é, posso tentar ser a melhor pessoa possível, fazer mil e uma boas ações, andar na linha, mas ainda assim, pelo simples fato de não ser batizado em uma igreja evangélica ou "não conhecer a palavra de Deus", como eles costumam dizer, vou queimar nas chamas do inferno independentemente do meu caráter. Mas um assassino, estuprador de mulheres, um pedófilo maníaco, pode apesar de ter feito tudo o que fez, ser instantâneamente salvo e ter seus pecados perdoados pelo batismo no Espírito Santo. Ou as coisas são mais simples do que parecem ser ou eu realmente sou complicado pra caralho!

Há muito tempo atrás vi num desses programas evangélicos na TV um testemunho que nunca esqueci. E olha que eu era novo, imaturo, mesmo assim aquilo me marcou. Não sei ao certo se pelo teor do testemunho ou por, mesmo que inconscientemente captar a hipocrisia da coisa.
Um pastor dava seu testemunho. Alegando ser um ex pedófilo curado pela graça divina, ele relatava sua vida e contava do dia em que percebeu os pecados que vinha cometendo, graças a intervenção do Todo Poderoso.
Contou ele que a sua "cura" aconteceu certa noite, quando após uma festa na casa de um casal de amigos, foi convidado por ambos para passar a noite lá, como hóspede dos dois.
Durante a madrugada ele se levantou para ir ao banheiro e depois até a cozinha tomar um copo d'água. Feito isso, na volta pra cama sentiu-se "diabólicamente", de acordo com ele, tentado a entrar no quarto do bebê do casal. De acordo com ele, abriu a porta do quarto do bebê e o encontrou dormindo no berço, refletiu por alguns minutos sobre o ato que pretendia fazer, mas "cedendo a tentação do demônio", curvou-se sobre o berço da criança, dando-lhe um beijo na boca e introduzindo sua língua.
O interessante é que, uma vez "curado" ele fazia esse relato com a calma e a expressão de quem estava contando que foi à padaria.
Agora a melhor parte: De acordo com ele, ao beijar o bebê, ele acordou, engasgou-se com a língua de seu molestador e começou a chorar. E nesse momento, pasmem irmãos, com o pranto da criança ele percebeu o mau que estava fazendo! De repente se fez a luz! Tudo ficou claro como o dia. Ele então saiu do quarto do bebê às pressas e percebeu o quão errado vinha agindo esse tempo todo.


Bom, ou ele simplesmente não esperava que o bebê fosse despertar, assutou-se com o choro dele. Teve um cagaço dos "diabos" em ser pego em flagrante pelos pais do menino e deu o pé dali antes disso! ¬¬'


E desde então ele não molestou mais nenhum garotinho e viveu feliz para sempre na graça divina. E o melhor de tudo, com um maravilhoso bônus de acréscimo: Perdoado por Deus nosso Senhor Jesus Cristo.
Aham, tá bom então. Assim como a coragem leva você aos seus extremos e traz mudanças, a covardia tem o mesmo poder.
Bom, seja pela simples covardia ou pela graça divina mesmo, o cara se dizia curado e renascido. Se ele realmente conseguiu bom pra ele. Mas eu cá pra mim tenho dúvidas. O que eu sei é que eu não faria um teste deixando um filho meu dar uma sentadinha no colinho purificado do titio pastor.

Polêmicas, polêmicas, polêmicas. To começando realmente a gostar disso.

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