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Pra onde meus pés me levarem.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009



Gozado como, se você souber como olhar, sempre existem dois lados de qualquer situação. Nessas últimas três semanas eu tenho estado apático. Sim, essa é a palavra exata, apatia. Não é que eu esteja desanimado, sem vontade de fazer nada, dessa vez está diferente.



Acho que finalmente, depois de anos me lamuriando para os outros, implorando amizade, implorando pena, atenção, carinho, eu finalmente mesmo que aos poucos estou percebendo o quanto isso é inútil e principalmente cansativo, tanto para os outros quanto para mim. Principalmente para mim.

Reflexos de uma criação mimada e superprotegida. Como filho único, sempre tive tudo o que minha mãe teve condições de me dar. Ela nunca me deixou faltar nada e sempre tive tudo na mão. Nunca precisei lutar por nada ou correr atrás de nada do que precisasse, sempre tive tudo de prontamente. Calma, não pensem que sou um playboyzinho filhinho da mamãe. Como disse acima, ela sempre me deu tudo, dentro das possibilidades dela.

O resultado disso é que cresci achando que todas as pessoas do planeta fossem como ela. Que todo mundo tinha que me dar atenção, ter pena de mim, me ajudar em todos os sentidos.

Mas como diz aquele famoso ditado clichê pra caralho e, só pra variar, certo: “A vida ensina”. Só que no meu caso tenho uma característica que atrapalha bastante: Sou extremamente lerdo e cabeça dura pra aprender as coisas da vida. Se tornou da minha natureza dar murro em ponta de faca e bater a cabeça pra muitas coisas. Algumas pessoas levam um safanão e já aprendem de primeira, não cometem mais o mesmo erro. Eu não. Eu tento uma, tendo duas, três, quatro, meto os pés pelas mãos em todas as tentativas e ainda assim continuo tentando. “Reflexos de uma criação mimada e superprotegida” né senhoras e senhores? Não que isso seja desculpa de forma alguma, mas justifica em partes. Não é como a bolacha Negresco, que justifica tudo. (piadinha infame).

Porém, a menos que você seja um puto, ignorante, limitado e cabeça muito, muito dura, uma hora você tem que se dar conta de que a vida realmente ensina e não só isso, começar a querer realmente aprender o que ela ensina.

Quanto mais eu penso, mais eu chego à conclusão de que grande parte da infelicidade e insatisfação humana vem do orgulho e da hipocrisia despropositais dessa raça. As pessoas sofrem por não quererem admitir que talvez estejam erradas, que estão sujeitas a falhas graves de caráter. O problema de muitos, assim como o meu, que estou tentando superar, é que as pessoas se acham superiores até mesmo a própria vida.

As pessoas se recusam a aprender com a vida porque se elas admitirem que precisam aprender algo, significa que elas não sabem ainda esse algo. E as pessoas gostam de pensar que aprendem tudo sobre a vida facilmente.

Bom, voltando o foco novamente em mim e minha cabeça dura. Sou um daqueles que crê no “antes tarde do que nunca”, embora sempre insista burramente no “antes tarde”. Eu costumo dizer que me deixo chegar ao fundo de cada poço que eu caio, para depois decidir tomar uma atitude a respeito. Isso me lembra o que uma conhecida minha disse uma vez sobre mim, que eu sou aquele tipo de pessoa que ao invés de prevenir, cuidar para que a cagada não aconteça, prefiro deixar a merda espirrar no ventilador e tentar remediar depois. Ela está certa.

Mas chega um dado momento em que nem mesmo você se agüenta mais. Sua ignorância fica tão clara para si mesmo que pelo menos para mim, a necessidade de mudar isso vem como um instinto quase animal/primitivo.

Uma vez que isso se torna inegavelmente perceptível, a mudança então tem início.

Só porque eu então decidi mudar para melhor, não significa propriamente que eu decidi mudar para melhor pelos outros. Uma coisa que você tem que ter em mente sempre é que a visão de melhor é diferente para cada indivíduo.

Embora soe egoísta, eu descobri que tudo o que você tem que procurar fazer de melhor é por si mesmo, pensando unicamente em você e no seu bem estar.

Não estou dizendo com isso que você deva virar as costas para o mundo e não ajudar ninguém, não procurar ser uma pessoa mais forte e melhor pra alguém, mas o caso é que uma das muitas leis que regem o universo é a de que, se você quer mostrar para os outros quem você é, tem que primeiro saber quem você é.

O caso é que é preciso antes de tudo firmar seus alicerces

Outra coisa também nesse lance de decidir mudar pra melhor, melhor pra si mesmo eu repito, é que só porque o fim é uma melhoria de si, os meios que você decide usar para se chegar a esse fim nem sempre são.

Gozado como, se você souber como olhar, sempre existem dois lados de qualquer situação. Eu me afastei de todo mundo porque eu percebi que eu estava tão ligado a todos, menos a mim, que isso estava me empacando. Todas as decisões que eu vinha tomando, até mesmo as mais ínfimas como fazer um simples cursinho pré-vestibular ou desistir dele, eram baseadas em tentar fazer com que as pessoas me notassem. Me fiz um mero títere e aos outros meus titereiros. Ninguém me pediu ou me obrigou a isso. Eu fiz porque quis. Ninguém tem culpa disso além de eu mesmo.

Me afastar de todos está me custando. Os dias estão mais tristes e mais devagar. Mas por alguma razão, algo dentro de mim me diz que é esse o rumo que as coisas devem tomar, é esse o caminho que eu devo seguir. Parar de me buscar nos outros e tentar me encontrar em mim mesmo.

Talvez a atitude que eu esteja tomando seja sim, radical demais para alguns. Algumas pessoas conseguem a mudança que desejam para si sem ter que abdicar de tanto. Talvez por serem mais centradas ou menos encanadas com as coisas, sei lá, sorte delas. Mas eu depois de muito insistir em cometer os mesmos erros, vi que terei que tomar um caminho mais radical pra minha mudança. Talvez essa estrada que eu decidi trilhar tenha volta um dia, talvez quando eu decidir voltar seja tarde demais e a ponte de volta tenha desabado, mas no momento eu sinto que é o que eu preciso fazer. E acima de tudo parar de me arrepender das minhas decisões.

3 Divagações

  1. O sentido natural de caminhar do ser humano é para frente e isso tambem vale para o caráter, maturidade e o espírito da pessoa. Esse é o sentido da evolução.
    Para evoluir e ganhar experiencia, a vida coloca obstaculos e dificuldades no meio do caminho e para superar essas dificuldades a gente tem que passar por um certo sofrimento e é isso que vai fazer o espírito crescer e o carater ganhar maturidade.
    O aço para ficar forte e resistente tem que passar por uma temperatura de mais de 1000 graus e ainda ser colocado na agua para levar um choque termico. Com o ser humano não é diferente. Passamos por dificuldades mas temos que usá-las para ganhar experiencia. E tudo tem seu tempo certo para ficar pronto. Se você ficou todo esse tempo passando e sentindo isso Eduardo, é porque foi necessario para que só agora você entendesse e começasse a mudar.

    Um abraço.

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  2. Acredito que você esteje começando a abrir seus olhos interiores,isso sim é se descobrir,aprender a lidar consigo mesmo,abdicar de pessoas que estão em nossa volta não quer dizer que estamos abrindo mão delas,passei um longo período só,foi enlouquecedor mais consegui me entender como pessoa procure se questionar sobre vc mesmo,um vez fiz isso e pude compreender grande parte dos meus anseios,vou te mandar as perguntas que fiz a mim mesma,depois as deixei no blog para que um amigo psicólogo lesse http://euseiquepossovencer.blogspot.com/2009/03/1-como-voce-se-sente-eu-me-me-sinto.html,é muito importante vc conhecer seus limites,aonde vc escorrega nas suas ações do dia-dia quando tudo se torna claro,só sustenta o erro aquele que não o admite,o orgulho é uma armadilha para tolos...Pense nisso!!!!!!T+

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  3. "Reflexos de uma criação mimada e superprotegida"
    Nossa, como eu me identifiquei com o começo do seu relato. Parecia até que você estava descrevendo uma situação minha. Engraçado isso né... as vezes pensamos que nosso jeito é tão singular.

    Bem, eu também sou filha única, e até mesmo hoje em dia nunca preciso fazer nada sozinha... E como você disse, tudo tem o lado bom e o ruim. As vezes isso é bom, e as vezes atrapalha muito.

    Agora, curta o lado positivo de sua decisão, independente de radical ou não, o que você precisa ver e se está te fazendo mais bem do que mal, e saber "pesar" sempre, pra que você possa tomar outra decisão se necessário.

    Porque, concordo com você, devemos pensar no que é melhor pra nós mesmos, isso não é egoismo, é amor próprio!

    Cuide-se. Abraços.

    Jaqueline

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