1

Coisas que se foram, amores, amigos e sentimentos extremos demais.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009


Estive refletindo recentemente em como é tênue a linha entre o amor e a amizade e em como a humanidade no decorrer da existência deu ao amor, tanto à palavra quanto ao sentimento, limites que eu particularmente acho que não se fazem necessários. Definimos o amor como um sentimento íntimo e pessoal.
Algo que só se é permitido sentir se ele estiver enquadrado nos conceitos éticos, morais e "normais", impostos pela sociedade. Via de regra você só pode amar realmente seus filhos, sua esposa ou marido, seus pais, seus irmãos, namorado ou namorada. Pra qualquer coisa além disso, a palavra amor já ganha uma conotação forte demais. Exemplo: tornou-se hoje em dia mais fácil você afirmar com toda a sinceridade que ama o seu cachorro pequenês do que chegar para um amigo, independente de ser homem ou mulher e dizer a ele que o ama ou até mesmo não dizer, apenas admitir para si próprio o fato. Quando muito, reunindo um pouco de coragem você consegue soltar um "sua amizade significa muito pra mim". Mas, se a amizade da pessoa significa realmente muito, você então não a ama? E se você a ama, porque é tão difícil e constrangedor admtir isso tanto para si quanto para ela? Bom, no caso das mulheres nem tanto. Elas são por natureza mais sensíveis. Tem que ser. É uma espécie de equilíbrio da natureza acho. Mas desde quando amor passou a ser irremediavelmente ligado com sensibilidade? Você só pode realmente admitir seu amor se for sensível? Para os homens, qualquer coisa além de um "mano, você é muito gente fina" já soa demasiadamente, depravadamente íntimo demais, como se um simples "sua amizade significa muito pra mim" escondesse as mais libidinosas das inteções. É engraçado até. Já notaram que uma mulher consegue chegar para a outra e soltar um "eu te amo" de maneira natural, mas para os homens se faz sempre necessário completar a frase com um "...como a um irmão meu" para não soar estranho? Por que isso? Porque você simplesmente não pode amar uma pessoa, um amigo por amar? Simplesmente porque sente isso? Me irrita o fato de que para a grande maioria dos homens, um "Eu te amo meu amigo" é a mesma coisa que um "Eu sou gay e quero tranzar com você". É tão ridículo que chega a me dar náuseas! Um abraço mais forte, um assunto mais íntimo, uma declaração de amizade mais sensível e a maioria dos homens já acha que você quer baixar suas calças e virar o traseiro pra ele! Realmente deprimente. O meu curso técnico acabou no ano passado e eu continuo excessivamente sentimentalóide mesmo tentando evitar isso, pois é uma coisa que só me trás frustrações e decepções. Fiz amizades lá que levarei comigo pelo resto dos meus dias, mesmo que a vontade não seja recíproca. Amo alguns dos meus amigos com uma intensidade tamanha que daria a minha vida por eles sem pensar, mesmo que o ato não seja recíproco. E por mais que digam que é, sei que não é, que nunca vai ser. O nível de intensidade de qualquer um dos meus sentimentos, sejam eles ruins ou bons vai muito além da escala que qualquer ser humano possa conceber. Quando digo que desejo eu desejo, quando digo que quero eu quero, se odeio, odeio com todas as minhas forças e, se afirmo que amo alguém, que realmente amo um amigo, então sai de baixo. Querendo ou não, tudo acaba. Estivemos juntos porque tínhamos um objetivo temporário comum, mas até quando? O rio seguiu seu curso e esses três anos, independente de terem sido ótimos ou ruins serão apenas lembranças. Que sejam lembranças boas então, mas serão lembranças. Algo torturante o qual você puxa de sua mente e caso se esforce muito, poderá lembrar dos cheiros, dos dias, das conversas, dos abraços e dos apertos de mão, mas aí você abre seus olhos e vê que tudo se tornou passado, inodoro e intangível. Boas recordações sim. Mas que para mim não bastam nem um pouco. 

 
Adicionar aos Favoritos BlogBlogs

1 Divagações

  1. Cara, seu texto é belíssimo, além de muito bem escrito. Você escreve com leveza (e com alma), isso é difícil. Mas eu entendo o porquê: Não tem como seu texto não ser leve, já vem do fundo da alma. Eu li e fiquei encantado. Me indentifiquei muito com esse texto. Eu concordo com você em gênero, número e grau!
    Na sociedade machista (e consequentemente odiosa) em que vivemos poda os sentimentos. Parece que o machismo trabalha ao contrário: reprime a nós, homens, e não as mulheres. É estranho. Até nisso o machismo é esquisito e cruel.

    Parabéns pelo blog. E apareça sempre.

    ResponderExcluir

Muito obrigado por comentar. Sendo contra ou a favor de minhas opiniões, as suas são muito interessantes para mim. Tenha certeza!