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Sobre minha solidão

segunda-feira, 2 de novembro de 2009




Os dias estão passando absurdamente solitários e esse isolamento todo só está servindo para fazer o meu ódio pelas pessoas e pela felicidade delas aumentar mais e mais, chegando realmente a níveis psicóticos. Fantasias onde eu assassino as pessoas da forma mais cruel possível e depois me suicido estão se tornando cada dias mais constantes.



Só de imaginar que enquanto eu estou aqui, mofando nesse calor sem ninguém pra conversar, sem nenhum lugar pra ir e com o peito ardendo de tanta angústia e solidão, enquanto outros conhecidos estão viajando, ou passeando com alguém, seja com outros amigos ou namoradas, fico doente.
Sim, sou uma pessoa que deseja o mal do outro por pura inveja. Com certeza já existe uma kitnet no inferno reservada pra mim.

Tanto no real quanto no virtual minha vida é uma apatia constante, uma solidão e uma falta de comunicação imensa. Meus dias tem se resumido da casa pro trabalho, do trabalho pra casa, estudar HTML, CSS e me entupir de chás naturais pra me dopar e não ver os dias passarem. Pelo menos são chás naturais e não drogas.

Orkut e MSN não são mais uma opção. Meu Messenger atualmente fica com poucos contatos online e os que ficam não puxam sequer dois dedos de prosa. E os que puxam, geralmente é apenas para falar um “oi” ou virem com as conversas clichês de sempre.
O meu Orkut está com os mesmos cento e quarenta e poucos recados nos últimos meses. Das minhas dezenas de contatos, só alguns me conhecem, desses alguns ninguém mais está interessado em conversar.

Com certeza a leitura desse post está sendo um prato cheio para os meus algozes. Quase posso ver seus olhares julgadores, afirmando que quem provocou esse afastamento de todos fui eu, revoltando-me, isolando-me e brigando com esse ou aquele amigo.
Bom, não briguei com todos. Tenho uma cabeça de merda, mas ela não é tão grande assim. Briguei apenas com os filhos da puta que merecem meu ódio.

Nessas horas me lembro de uma coisa que o Ricardo vivia me dizendo e, só de lembrar do tom da voz dele pronunciando cada palavra me dá vontade de rasgar a garganta dele com uma faca cega e beber o sangue direto da fonte:
“Você precisa ser menos apegado a mim. Lembre-se que você tem um monte de outros amigos!”
Bom, como sempre ele tem metade da razão nisso. Realmente eu não devia ter me apegado apenas a amizade dele. Com isso aprendi que se apegar apenas a uma pessoa, depositar todas as suas expectativas nela é um barco furado. Prejudicial para você e para o outro, que não merece nem é obrigado a ter essa responsabilidade nos ombros. Obrigado “Tado”. ¬¬’
Entretanto, onde estão os outros tantos amigos que ele dizia que eu tinha e que gostavam de mim?

Eu não briguei com todos, não fui antipático, grosseiro ou cruel com todos. Mas o que eu já sabia desde o início, que tentei explicar várias vezes e ele acredito eu, jamais entendeu direito por ser um simples garoto humano, foi que desde aquela época eu já sabia que isso ia acontecer. Em uma sala de aula a gente simpatiza de repente com quase todo mundo, mas considerar amigo mesmo, daqueles que a gente pode contar, só mesmo uns quatro ou cinco. E ele falava como se eu pudesse contar com o apoio incondicional de todos os quase quarenta membros da sala.
Eu já sabia que futuramente, não poderia contar com a grande maioria. Mais da metade não tinha nada a ver comigo, legais como pessoas, mas diferentes demais pra conviver mais próximos. Os outros, mais bacanas, bem, eu sabia que não poderia contar mais tarde com eles. Não poderia ir viajar toda hora pra fora da cidade atrás dos que moravam fora e nem pedir pra que viesse aqui todos os finais de semana. Enfim, acho que vocês já entenderam onde eu quero chegar com esse meu raciocínio.

Eu decidi dar um tempo de tudo e todos na esperança de que eu pudesse finalmente me encontrar. De que toda essa mágoa, esse ódio, essa revolta passassem. Contudo quanto mais os dias vão avançando mais sozinho eu me sinto e com mais ódio das pessoas eu vou ficando. Não sei mais o que fazer comigo mesmo. E quando você não sabe mais o que fazer consigo mesmo pode tomar decisões perigosas.

Todo esse calor da estação está fazendo o meu deserto psicológico parecer cada vez mais real. O bom disso é que eu estou tomando mais água.
O pior de tudo é que a coisa tomou uma proporção tamanha que esse deserto agora também é virtual. Uma Matrix deserta e abandonada onde parece que eu sou o único habitante.

Alguém me ajude, por favor!



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4 Divagações

  1. A solidão é mesmo uma das piores coisas que se pode acontecer com alguém.

    Eu já passei por um período desesperador assim...
    Veja bem, não quer ter a pretensão de afirmar que compreendo exatamente o que você está passando, mas posso ter uma boa idéia de como é, já que todos sentem de formas diferentes!

    Agora, eu creio que o motivo que o levou a solidão (se foi somente sua culpa ou não, ou 'N' motivos) não importa.

    Vamos pensar agora, o que você pode fazer para mudar isso?
    Certamente, por mais que queiramos nos isolar muitas vezes, isso não ajuda em nada. Ninguém aguenta muito tempo sozinho. É enlouquecedor (digo por experiência própria).

    Vamos raciocionar, quais aspectos poderiam ser mudados pra alterar essa condição?

    Ah, e digo que eu gostaria muito de conhece-lo melhor, não sou boa com conselhos, mas posso "ouvi-lo" quando quiser desabafar e assim você (talvez) não se sentirá tão sozinho.

    Sei que talvez você duvide muito dessa história de amizade virtual (e com razão), porém, que mal fará criar um novo laço de coleguismo?

    Gostaria de ajuda-lo, não sei como, mas gostaria. Quem sabe você possa me ajudar a ajudá-lo?!

    Saiba, que me simpatizei contigo no momento em que li seu texto no orkut.
    Essas coisas dá pra "sentir"... da pra perceber quando nos dariamos bem com alguém ou não de cara, você não acha?

    É quase como aquela frase da Clarice Linspector: "Suponho que me entender não é uma questão de inteligencia e sim de sentir..."

    Espero que pense nisso!

    Jaqueline

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  2. Sabe que sempre achei que o mais difícil era a gente ter consciência de onde, como e porque a gente continua insistindo em certos comportamentos que não nos fazem bem, no final. Mas não é.

    Você já tomou consciência de quanto se comportar de alguns jeitos te faz mal, mas o grande desafio mesmo é se livrar desse comportamento, se desapegar dele até que um novo possa entrar.
    Ok, antes que você me pergunte, eu também não sei como deixar isso ir, desculpe.

    Acho que manter amizades com pessoas que têm uma vida que você gostaria de ter e não teve parece não ser o mais indicado pra sua situação. Você tem amigos mais jovens, não? Que tão vivendo uma adolescência que você não teve. E embora você saiba que a culpa não é deles, você também ainda não é capaz de aceitar que eles tiveram mais sorte que você.
    Talvez o jeito, por enquanto, é procurar pessoas que sintam como você se sente, que estão na mesma situação que você. É complicado querer que uma pessoa que nem sequer já sentiu-se alguma vez como nos sentimos, que nos entenda.

    Outra coisa, isolamento não tá te trazendo nada de bom porque você apenas se isolou fisicamente dessas pessoas. No seu pensamento, elas continuam lá, todas presentes e aparentemente todos os dias (mas isso você provavelmente já sacou também).

    Analisando friamente: Você está numa situação que não gostaria mas que também não consegue evitar.
    A questão não é só se você quer mudar ou não (até porque, parece claro que você precisa mudar, porque se fosse uma boa situação não estaria te fazendo tanto mal, não?), e sim a de que até onde você está disposto a se sacrificar pra conseguir mudar?

    Quero dizer, se você começar a agir de outra forma, vai meio que dar razão aqueles que te criticavam. Vai assumir que estava errado em ser daquele jeito. Você está disposto a passar por cima do seu orgulho perante os outros por uma mudança que te trará coisas melhores?
    Você está disposto a abrir mão de quem você é agora pra poder ser a pessoa que você quer ser, mesmo que pareça 'rendido aos outros' durante todo o processo?


    Ah, e seus desenhos? Você não tem vontade de investir mais forte nisso? de trabalhar com algo relacionado? É uma coisa que você realmente parece gostar e que te faz bem, você deveria investir mais nisso porque sinto que é algo que pode te ajudar muito a sair desse buraco.

    Bom, não consegui expor tudo exatamente como que queria sobre esse post, minhas idéias não estão tão claras ultimamente.
    De qualquer forma, espero que te sirva de algo. Nem que seja pra você dar risada por achar tudo idiota, rs.

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  3. Ficar sozinho é enlouquecedor,eu já te disso isso várias vezes,como já te disse que gosto de ficar só para pensar...Em um de meus momentos de solidão escrevi isto:
    "As feridas que hoje estão cicatrizadas em meu peito,são resultados daquilo que um dia chamei de decepção.
    A desonra fere muito mais que uma traição,aprendi a não prometer o que não posso cumprir ,também não espero por promessas a minha pessoa.
    Será que estou fazendo a coisa certa?"
    Será que você está fazendo a coisa certa,Eduardo?
    "Eu não sei porque ainda acredito nas pessoas acho que é esperança de encontrar alguém de bem.
    Eu não devia ouvir as pessoas,elas nos enche de palavras maravilhosas e depois...
    Quando precisam estão todos ali como você fosse único,quando você abre os olhos não há ninguém".
    Já senti cada sentimento seu relatado,a única coisa que posso te dizer é aprenda a traduzir seus sentimentos antes de senti-los,onde quero chegar,aprenda a preencher as lacunas da dúvida. Do tipo pq vc está assim?A solidão é resultado de nossas próprias ações...Não somos feitos para viver sobre sombra de outras e sim para suprir necessidade,porém não somos exclusivo de uma só.Muitas das vezes senti ódio de mim mesma por sentir coisas sem motivos,por mais que as pessoas dissessem o contrário,quase cheguei a loucura tinha dias que tinha vontade de gritar,as pessoas ao meu redor me irritavam,passei a ter ódio do mundo...
    Isso faz mal digo por experiência própria,quanto as elevações quanto os sentimentos só vc pode se ajudar o máximo que podemos fazer é aconselhá-lo recomendo que vc marque uma consulta com um psicólogo e arranje uma atividade que o faça canalizar este sentimento.Faça algo que o faça se sentir bem...
    Espero que fique bem e qualquer coisa pode me procurar,no blog,no orkut,que sempre estarei disposta a aconselhá-lo.
    T+!!!
    Thatyane Rosa

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  4. Meu amigo, nestes dias você não está só, você está com você mesmo, e nesse momento procure se conhecer, pare, não faça nada e se ponha numa posição relaxada, e descubra você mesmo. Navegue pelas suas fantasias, ria e se divirta com a sua essência. A nossa vida é um equilíbrio, não podemos depositar o nosso EU no exterior, sem que primeiro conhecemos o nosso interior, por aí sim se sentirá sozinho.

    O ódio só ocupa o espaço que pode ter mais amor, ame a si mesmo, poderemos falar melhor sobre isso, escreva-me.

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