Cansado, desiludido e bastante indiferente
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009O ser humano tem me decepcionado demais nos últimos anos, com suas limitações, sua hipocrisia e principalmente sua indiferença, intolerância e incompreensão. Sei que eu falando desse jeito soa absurdamente prepotente, como se eu fosse um ser humano melhor e mais digno do que todo o resto. Na verdade sou tão merda quanto. Eu não ajudo o próximo, baixo putaria pesada da internet, desejo a morte de muita gente todos os dias, mas ainda assim a podridão do ser humano ainda consegue me enojar. Com todos os meus defeitos, ainda consigo ver as coisas por um ponto de vista que a maioria das pessoas, vivendo suas vidas medíocres feito formigas, não conseguem.
De tempos em tempos eu tenho uma espécie de estalo dentro da minha cabeça, um gatilho que dispara, que me faz de um dia para o outro tomar decisões extremas e mudar radicalmente. Geralmente pra uma coisa assim acontecer demora anos, meses, fico preso em uma coisa por um tempo que parece um eternidade, até que talvez por um mecanismo de auto defesa ou sei lá, me vem esse estalo mental e eu dou um giro de 180º. É o que está acontecendo comigo agora. Nos últimos anos cheguei ao limite do cúmulo do fundo do poço da carência e da humilhação por atenção. Depois de um ano de amizade com o Paulo Thiago, achando que seríamos amigos/irmãos para toda a eternidade, chorei meses pelo afastamento dele, caí doente, perdi noites e noites de sono, perdi a fome, e tudo a troco de que? Com o Ricardo a mesma coisa. Depois de três anos estudando juntos, comigo ingenuamente mais uma vez achando que tinha encontrado um amigo para toda vida, frustrei-me e decepcionei-me (por minha própria culpa, diga-se de passagem) ao perceber que como tudo na vida isso foi um vento. Eu chorei, eu xinguei (ainda xingo), caí de cama, tive quase uma úlcera, perdi o sono, a fome, enfim, todos os sintomas básicos que eu sempre tenho quando sou obrigado a lidar com a "perda". E pra que? É como naquele filme, O curioso caso de Benjamin Button, onde ele diz algo mais ou menos como "A gente pode chorar, a gente pode xingar, pode se revoltar e amaldiçoar, mas no final das contas não temos alternativa além de aceitar".
Aceitar as coisas não é o meu forte. Sou como uma criança mimada de cinco anos de idade, cuja mãe diz na loja que não tem dinheiro esse mês para comprar o carrinho, mas o garoto simplesmente ignora esse fato e quer o brinquedo naquele momento seja como for. Daí chega-se a conclusão que amadurecer também não é o meu forte, mas, em algum momento isso tem que começar a acontecer. E acho que é por isso que de vez em quando esses gatilhos disparam dentro da minha cabeça. A gente aprende as coisas e amadurece pelo amor ou pela dor. Sou aquele tipo que pelo visto sempre vai aprender as coisas pelo jeito mais doloroso. Bom, dizem que o que não nos mata só acaba nos tornando mais fortes. Assim espero e assim eu quero. Durante toda a minha vida eu sempre precisei das pessoas e procurei fazer de tudo para que elas sentissem que precisavam de mim. A gente sempre acha que as pessoas são meio como a gente, que talvez apenas construam uma carapaça e escondam isso, mas que se você cavar um pouco fundo, vai se reconhecer no outro. O problema da maioria das pessoas (tento fazer força pra não generalizar) é que pelo menos hoje em dia, com o mundo indo pra onde está indo, tenho notado que as pessoas não querem ser descobertas. Elas tem medo de tirarem a sua armadura e mostrarem o quanto são frágeis e patéticas.
Na verdade aí entra a hipocrisia. As pessoas criticam você por eleger preferidos, confiar mais em uns do que em outros, gostar mais de um do que do outro, mas todo ser humano na Terra é igual nesse quesito e age exatamente da mesma forma. No final das contas o ser humano busca situações, coisas e pessoas que se adaptem melhor a si, que lhe complete, que lhe de satisfação. Pensar dessa maneira me faz ver a ironia da coisa toda. Um bando de cegos tateando no escuro procurando uns aos outros, apenas se esbarrando, se tocando, mas nunca se encontrando e abraçando em definitivo. Um bando de gente que quer receber e quer dar amor, mas que morre de medo de fazer isso. As pessoas acham que porque namoram, porque noivam, casam, tem seus filhos e constituem família, então sabem dar amor. Alimentam essa ilusão porque enxergam em seus relacionamentos um ambiente controlado, um amor controlado, uma coisa mais íntima e particular, portanto sob controle e fluente. Porque beijam gostoso, porque recebem um abraço quente, porque "fazem amor" ao invés de transar, porque dão o seio ao filho, então acham "eu sei o que é o amor, eu sei o que é dar amor, eu sei o que é receber amor". Não. O amor é muito mais amplo, abrange mais coisas do que a cabeça da maioria pode conceber.
Minha fé no ser humano e no amor que eles acham que possuem, secou. Minha sincronia com o resto das pessoas está como eu disse no começo, pelo menos temporariamente descompassada. Como auto proclamado nerd e citando o Dr. Manhattan, "Por que é que eu deveria me importar com a humanidade se não espero mais nada dela?".
4 Divagações
Eduardo, primeiramente, eu gostaria que você não ficasse bravo com os meus comentários, pois eu não posso tecer palavras falsas, mas apenas o que eu penso, sobre as coisas que escreveu.
ResponderExcluirComo pode chegar a alguma conclusão se é a própria emoção, e não a razão, que conclui por você? Concluir é um processo extenso, embasado na lógica, e não no rancor ou na raiva de um fenômeno que aparece para sua ótica (no caso, a representação social das pessoas e a inter-negligência). Acho que você poderia continuar repensando, e não concluir tão cedo. A discussão sobre o caráter das pessoas é extensa e, há dois princípios fundamentais que sustentam a própria representação no mundo e os costumes: O instinto e os conceitos. Os instintos são as coisas que fazem dos seres humanos agir segundo o prazer, não há ação sem que tenha retorno, mesmo que o retorno não seja economicamente favoroso mas tão somente psicologico. Se faço uma ação meu inconsciente crê que ela irá me dar satisfação, logo, a ação é atitude egoísta, mesmo mover-se. De toda forma, não há condenação na ação quando as causas são benéficas e há além do próprio gozo o gozo de um segundo, qual seja, o que receptor de um ato solidário por exemplo.
Você cita feitos, modos e coisas feitas por você, entrementes, ações que você faz. Você age segundo o seu dever da consciência, a qual flui e representa seus conceitos que, para a sociedade, cabe gostar ou não. Conhece a velha passagem: “fazer o bem sem olhar para quem?”, bem, Immanuel Kant, filósofo alemão, possui um livro chamado Fundamentação da Metafísica dos costumes. Kant procura tornear o agir no mundo que, segundo ele, é um princípio calcado nas formas conceituais desenvolvidas pela própria vida, e a ação em si é fundamentada na forma que moral e esticamente gostaria que o mundo fosse. Em outras palavras, não importa como a inter-relação das pessoas são, mas ser resolvido se trata apenas de agir conforme o próprio dever, conforme o próprio psicológico consente como o correto. Portanto, não há lógica psico-filosófica para lamentar-se nesse quesito, busque o prazer na sua atitude comportamental segundo o seu critério, e a admiração pelo seu caráter há de aparecer. Você é uma ótima pessoa, mas procura, às vezes, uma verdade que não existe: Que as pessoas são boas em essência. Não importa se numa vida inteira você jamais encontrar sequer uma pessoa que entra no seu rigor de bondade ou prestável, mas sim se você faz e se torna o que a princípio critica. Perceba que ao citar os seus amigos você é confessional ao citar que errou, portanto, sente na própria pele que o que move o mundo é a razão e a emoção, e às vezes, essa segunda comete deslizes. Perceba que o próprio humano que crítica é você, que também errou.
Não tente buscar por fora o que está dentro de você. O conteúdo da vida é o mesmo, as palavras são as mesmas. A estética das coisas, os ângulos, o que você pensa e torna como conceito é o que define a sua paixão ou ódio pelas coisas. Você agrega valores pessimistas às pessoas e, de certa forma, tem sua razão, mas você esquece de agregar os mais belos valores (e lutar por eles) a você próprio e a sua forma de viver, que se sempre basear na sua honra a seu método de pensamento, te dará prazer.
Não tente buscar metafísica e princípio primeiro determinando bondade ou maldade nas pessoas. O saber tal como o prazer vem de dentro. Na formulação do caráter, não é o externo que deve determinar o interno, isso é a passividade e a união aos maus, mas o interno que deve determinar o externo, através do próprio descobrimento de você mesmo. Enfim, é isso.
Grande abraço,
Marcos/Coríntio.
Marcos, saudades. Eu li com muito carinho seu texto e vou procurar refletir muito sobre ele, apesar de você escrever difícil e muito cultamente. Rele-lo-ei várias vezes e pretendo refletir muito.
ResponderExcluirUm abraço grande e obrigado pela opinião.
Olha caro Edu!
ResponderExcluirEu não sei bem o que foi que te aconteceu, mas eu sei de uma coisa.
Há momentos na vida que atravessamos desertos, não para entendê-los, mas para amadurecermos.
Minha filha está pra nascer e é uma alegria muito grande, só quando vc passar por isso é que vai entender.
O que eu posso te dizer é que Não desista dos sonhos.
Eduardo, é facil entender o que passa com voce, eu tambem atravessei um "deserto" como disse Amadeu. Nos momentos dificies muitos amigos debandam... infelizmente é a realidade. Contudo, acredite em voce, que existem ainda boas pessoas, bons amigos e dias iluminados!
ResponderExcluirBjs
Muito obrigado por comentar. Sendo contra ou a favor de minhas opiniões, as suas são muito interessantes para mim. Tenha certeza!