Sobre aquecimento global, curiosidade mórbida e frieza.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010Estava eu indo pra natação numa quarta-feira cedo, dias atrás quando de repente no meio do viaduto, pararam no acostamento um carro mequetréfe e uma moto com um casal de namorados. Notei logo que o casal na moto estava xingando o cara do carro, aparentemente porque ele deve ter resvalado na moto. Deduzi que nada de mais grave aconteceu, porque os dois estacionaram e pareciam bem, apenas prontos pra uma boa briga.
Como eu tenho mais o que fazer e não me importo com os problemas do alheio, continuei andando, contudo notei que um rapaz que estava alguns metros à minha frente, provavelmente indo trabalhar, parou de andar, virou-se pra trás e ficou feito um dois de paus no meio da calçada observando a discussão. Eu continuei no meu caminho mas fiquei observando o cara parado no meio do viaduto, olhando a briga com uma cara de curiosidade idiota como a de alguém que tá assistindo um big brother ao vivo e curtindo muito.
Fiquei achando a cena muito idiota. Eu realmente não entendo qual é a das pessoas em parar pra ver uma briga ou um acidente de trânsito.
Se você vai parar pra prestar socorro, pra parar a briga antes que alguém faça uma cagada, aí tudo bem, mas acho incrível como as pessoas tem a capacidade de serem naturalmente curiosas pra desgraça alheia. Pode começar a notar, em um próximo acidente de trânsito que você presenciar (porque você vai presenciar) das 50 pessoas que estão em volta das vítimas e dos carros, paradas em pé, apenas umas 5 estão lá pra chamar uma ambulância ou ajudar no resgate, as outras 45 estão simplesmente vendo o show acontecer, pra depois poderem ir para suas casas e dizer: "Nossa! Acabei de ver um acidente horrível lá na Avenida. O sujeito pasou com o carro por cima da moto!" Em seguida a pessoa vai pra cozinha, tira seu prato de comida e liga no Jornal Nacional pra ver a tragédia da vez.
Aqui na minha cidade, uns anos atrás aconteceu uma tragédia no calçadão de compras no centro. Uma daquelas placas suspensas enormes de uma loja de departamentos, despencou e caiu em cima de uma mulher esmagando a cabeça dela. Desnecessário dizer que ela morreu instantâneamente, já que a cabeça dela virou um pudim. Transeuntes, vendedores, lojistas, mototaxistas, homens, mulheres e crianças em menos de 5 minutos estavam ao redor, olhando, simplesmente olhando. Pra que? Por que? A mulher estava morta, nada mais havia de ser feito por ela além de tirar o corpo dali e lavar a calçada. A multidão olhando não iria fazer com que ela ressuscitasse. Contudo a notícia se espalhou por todas as quadras do calçadão e as pessoas deixaram suas compras de lado para ver o resgate retirando o corpo morto com a cabeça esmagada debaixo da placa.
A curiosidade, principalmente a curiosidade mórbida é inerente ao ser humano. As pessoas sentem um prazer distorcido ao assitirem esse tipo de coisas, brigas, acidentes, porque isso as tira de suas rotinas chatas, suas vidinhas cotidianas, da esposa cheia de celulite, do marido de pau pequeno que não dá no couro, do esporro do chefe no trabalho e do relatório pra entregar até o final da semana. Me lembro na ocasião da morte dos Mamonas Assassinas, o quanto o vídeo que vazou na internet mostrando os pedaços dos corpos deles no meio do mato se tornou viral.
E o povo acessa, repassa, "retwitta", divulga. Qual é a graça? Qual o prazer nisso? É preferível pra mim acessar um vídeo de adolescentes tailandesas de 15 anos transando do que ver o crânio aberto de um garoto morto. Curiosidade por curiosidade, melhor uma ereção do que um estômago embrulhado.
Me lembro uma ocasião em que eu estava fazendo caminhada, quando uma mulher fechou o motoqueiro com o carro e o fez cair da moto. Por pouco a moto e o motoqueiro não me atingiram na calçada, pois vieram voando pra cima de mim. Ele caiu, rolou, se levantou e tirou o capacete. A mulher desceu do carro desesperada e foi prestar-lhe socorro. Eu apenas parei um segundo pelo susto, pisquei e continuei caminhando.
Me pergunto desde que idade fiquei frio assim. Me pergunto se caso ele tivesse morrido na minha frente naquela calçada eu simplesmente continuaria minha caminhada matinal.
Antítese.
Enquanto a maioria das pessoas se importa demais com coisas que não deveriam se importar, eu me importo quase nada.
Talvez seja porque todas as pessoas estão me cansando de uma forma tamanha que eu nem consigo mensurar. Até mesmo senhoras esmagadas e motoqueiros atropelados.
5 Divagações
Cara o que você falou esta completamente certo.
ResponderExcluirAS vezes me sinto como me importa-se com muita coisa,mas tambem não me importa-se nenhum pouco.
sei lá... essa da moto por exemplo,se fosse eu não sei... poderia até que eu fize-se a mesma coisa que você..
estive a ver o teu devianart adorei e acho que ainda somos capazes de ter negócio hehehe vou deixar um pouco da minha http://www.youtube.com/watch?v=bkW6Vae1QIA
ResponderExcluirAMIGO, TODO CARINHO QUE RECEBO DOS AMIGOS NÃO É EM VÃO, SEMPRE FOI E SEMPRE SERÁ RETRIBUÍDO. VALE MESMO, ISSO REALMENTE SELA MAIS AINDA A NOSSA AMIZADE!!
ResponderExcluirConcordo com o que vc falou,curiosidade é um bicho danado mesmo.No caso da moto eu pararia mais de um segundo,em situações assim de susto,eu congelo,fico estátua,sem saber o que fazer.
ResponderExcluirNegócios são sempre muito bem vindos. heheheheh...
ResponderExcluirMuito obrigado por comentar. Sendo contra ou a favor de minhas opiniões, as suas são muito interessantes para mim. Tenha certeza!