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Sobre homens-inseto, vidas pré-programadas e legiões perdidas.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Certa vez vi na TV, uma espécie de aparelho semelhante à uma caixa que emite imagens e sons, uma entrevista com a mãe do famoso e já falecido vocalista do também famoso e já extinto grupo Legião Urbana, Renato Russo.
Nessa entrevista a mãe de Renato disse que, já doente, próximo da morte ele disse a ela: "Sabe mãe, é melhor que eu vá mesmo, porque eu não me encaixo nesse mundo, eu não pertenço à ele".
Eu era muito fã da Legião Urbana na época e até hoje ainda sou, mas na ocasião da entrevista eu não pensei



muito nas palavras que ele disse, pois era mais jovem e muito, muito mais despreocupado. Mas os anos vão avançando e a gente vai passando por coisas que querendo ou não, fazem a gente refletir sobre nosso verdadeiro papel no mundo. Muitos gostam de quebrar a cabeça tentando descobrir de onde viemos e para onde vamos. Dúvida interessante, mas perda de tempo total em minha opinião. Muito mais palpável, mas igualmente torturante é parar e pensar: "O que é que eu vim fazer aqui?"
O que eu vim fazer aqui é a pergunta que eu venho me fazendo desde que eu percebi que na vida é cada um por si. Gostaria de completar com "e Deus por todos", mas devido às últimas catástrofes, estou seriamente duvidando.
Se sentir perdido num mundo tão grande acho que para mim é mais frustrante do que assustador. O mundo não me assusta, já me acostumei com o rumo que ele tomou, mas me frustra bastante. Nunca me senti parte dele, participante. É como sentar quieto no banco do parquinho e ficar observando as outras crianças subindo e descendo dos brinquedos, gritando, gargalhando e correndo como um bando de deficientes mentais. Você não sente vontade de estar no meio daquilo, apenas observa e se pergunta o porque daquilo ser como é.




Pouquíssimas coisas nesse mundo me agradam. A maioria delas não tem haver com o que todo mundo gosta. Tomar chá de camomila ouvindo Loreena Mckennitt no meu sofá, com as cortinas fechadas à meia-luz é uma delas. Plantinhas, animais e uma paisagem que valha a pena também estão na lista. No entando cresci e me vejo perdido num mundo de telefones celulares com internet, camisinhas com sabores de frutas diversas, "rebolation" e carreiras a serem obrigatóriamente seguidas. Eu analiso tudo isso e fico cada vez mais perdido, sem saber que rumo tomar, pois parece que todos vão me levar ao mesmo ponto final, não importa o quanto se entrelacem uns com os outros na jornada.
As coisas andam perdendo a cor e o sabor. Ir ao shopping, ao cinema, ao centro da cidade. Me sinto um estranho no ninho, como se nada daquilo me fosse familiar ou comum. Caminho pelos corredores do shopping, em meio à música, luzes, gente vestida toda igual, se comportando igual, falando igual, isso me causa uma irritação sem tamanho. Famílias, papai,mamãe, filhinho e carrinho de bebê, adolescentes, casais de namorados que acham que o amor é eterno. São como formigas em suas trilhas, andando coordenadas por um caminho pré definido com um mesmo objetivo. Tão boçal, tão sem sentido, tão rotineiro. Carreira, ginásio, colégio, Enem, Proúni e faculdade, tudo tão perfeitamente formatado, uma receita pronta de um bolo tão doce que chega a enjoar.


você está aqui?

Parece que nenhuma dessas coisas serve pra mim. Antigamente quando eu era ingênuo e despreocupado, todo esse sistema não me incomodava, pra falar a verdade eu nem percebia, mas depois que se cresce eu acho impossível não se dar conta do quanto as coisas ao seu redor parecem artificiais. E observar as pessoas fazendo parte disso me enoja.
Fico realmente confuso nessas horas. Eu que sou tão carente, que até uns tempos atrás ficava o tempo todo implorando a amizade e a companhia dos amigos, que me sinto solitário, agora saio e se estou em um lugar com muitas pessoas já começo a ficar apreensivo. Olho ao redor, na lanchonete, na loja, vejo todas aquelas pessoas sentadas, levando suas vidinhas rotineiras de formigas, mesmo quando acreditam estar se divertindo, sinto como se o mundo fosse pequeno demais pra mim e pra elas. Mas não desejo que elas saiam, mas sim que eu pudesse achar um lugar longe de tudo isso, longe dessa mesmice, dessa paspalhada toda, um lugar onde eu pudesse acordar todo dia, abrir a janela e respirar sem ter que pensar em como o dia vai correr, o que vou fazer quando acabar o meu contrato nos Correios, quando é que vou ter a oportunidade de transar de novo, por que é que as pessoas que eu odeio estão demorando tanto pra morrer



Rebolation
você está aqui?

Acho que nunca assisti um filme de ficção que falasse de um mundo artificial de forma tão verdadeira como The Matrix. Foram fundo nesse sentimento, porque é exatamente assim que eu me sinto, como se tudo ao meu redor, o mundo, as pessoas, as opniões, carros, empregos, como se tudo fosse artificial, como se eu pudesse fugir daqui pulando de um prédio e voando pra longe. Chego a pensar se realmente não tem um fundo de verdade nisso, se não estamos tão presos em nossas próprias vidas pré programadas que nem nos damos conta e que, quando percebemos que algo não se encaixa nisso tudo, tudo o que queremos é fugir.


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8 Divagações

  1. Eu te entendo, acho que esse sentimento é frequente em quem analisa o mundo, observa a sua volta. Senti isso muitas vezes, optei em não sair do "meu eixo", aceitando e fazendo, dentro do possível, o que eu acredito de verdade!! Não gosto de me sentir uma ovelha seguindo o rebanho.
    Lindo teu post, muito verdadeiro para mim.
    Um beijo

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  2. Gosto muito do Legião.Não sei, penso que esta frase do Renato foi uma dessas que a gente solta num momento em que nos sentimos heróis, onde nada mais faz sentido...Na verdade todos nós em maior ou menor grau já se sentiu um estrangeiro em terras distantes, querendo fugir para não se sabe aonde, livre da opressão da análise das coisas ao nosso redor.
    Não sei se vc já leu o livro "O apanhador no campo de centeio' do JD Salinger - falecido recentemente - que trata deste tema. O protagonista Holden é um adolescente que tenta travar uma luta infindável onde nada parece valer a pena, apenas a companhia de sua irmazinha que lhe traz um pouco de luz e esperança. Vale a pena, li o livro já numa fase 'pós-adolescente' e a experiência foi ótima...

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  3. Eu gostava de algumas musicas dele. Creio que o que ele se referiu fosse algum momento depressivo, normal que algumas vezes possamos sentir uma negação à vida. Não que seja normal, mas ninguém é pleno durante uma vida toda. Acho que ele pôs para fora pensamentos que vagam nas mentes de muitos.

    Bjs

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  4. No fim das contas, são escolhas simples. Não há nada dessa magia arcaica, nada dessa escolha profética ou um apocalipse pessoal. Não existem tragédias reais, não existem fins e nem meios. Talvez não existam começos, não existe tempo e não existe a existência.



    Já tentei parar de chorar e tentei começar a viver. Mais realmente não dá.


    Paradoxo.

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  5. NÃO SOU DONO DA VERDADE, OBVIAMENTE, COMENTO TAL ASSUNTO EM UM MOMENTO EM QUE ME ENCONTRO TRANQUILO, SERENO, LOGICAMENTE SE CONTINUAR FAREI UM COMENTÁRIO EQUILIBRADO, COMO JÁ ESTOU FAZENDO, BOA PARTE DAS REFLEXÕES ACIMA ESTÃO NO MESMO PATAMAR, OS MOMENTOS DE TRISTEZA NÃO SÃO BONS MOMENTOS PARA CRIARMOS CONCEITOS EM RELAÇÃO A VIDA, HÁ TEMPO PARA TODO PROPÓSITO NO UNIVERSO, NÃO ENXEGARMOS A LÓGICA DOS PROPÓSITOS É IGNORÂNCIA NOSSA, SOMOS MUITO LIMITADOS AINDA PRA FAZER UMA DEFINIÇÃO CONFIÁVEL. A VIDA TEM PROPÓSITO, DEUS EXISTE E A VIDA É UM PRESENTE MARAVILHOSO. VALEU AMIGOS E AMIGAS DESTE EXCELENTE BLOG!!

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  6. Olá!

    Primeiro, lindo o seu comentário sobre as sereias, de enorme sensibildade! (Claro, ela se deixou encantar! Como não pensei nisso?!). rsrsrs

    Segundo: Sou fã do Renato Russo! Uma pena ele já ter ido embora.

    Terceiro: gosto muito, muito dos seus textos. Sempre vou até o fim, leio tudo, não importa o tamanho ou a minha pressa. Concordo com você em muitas coisas que escreveu. Acho que o mundo anda ficando meio sem graça mesmo, repetitivo, programado. O grande desafio nosso é tentar achar uma saída, diferente, criativa, feliz. Eu quero se mais feliz num mundo mais feliz, numa vida que me preocupe menos e que me faça amar mais.

    Qual a sua sugestão?

    Abração.

    Te espero por lá.

    Pedro Antônio

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  7. Cara, eu penso nisso todo santo dia.
    Observando as pessoas que convivo na escola (principalmente), a rotina, o comportamento, os gostos idênticos e quando são diferentes da sociedade em massa, é alvo de preconceito, rótulos. Hoje mesmo eu me deparei com uma amiga falando bobagem de um grupo de amigos (que eu saio com eles), os rotulando, falando mal sem conhecer. Fiquei mal e disse que ela não conhecia pra falar tais coisas.

    Tudo que você disse agora eu me identifiquei muito. Acho o Universo grande demais para as pessoas se preocuparem na rotina e em coisas pequenas.

    Às vezes eu faço essa mesma pergunta: O que é que eu vim fazer aqui?
    Porque eu me imagino fazendo o que todo mundo faz todos os dias pra nada. O que vai ser de mim daqui em diante?
    Quando vou ao shopping, observo isso também. Eu ia todo fim de semana pra ir ao cinema, sozinha (porque amigos vão pra conversar e rir). E ficar observando as pessoas e seus comportamentos é a coisa mais intrigante. Os filmes hoje em dia é de grande comércio (Crepúsculo) sem ter nada haver e a ver. Vá pedir a um fã de Crepúsculo pra assistir Matrix e ver se ele entende... Acho que ninguém irá tomar a pílula vermelha e assim a sociedade está perdida.

    Viajei demais, mas entendi sua lógica.

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  8. Realmente Renato Russo era um humano escepcional eu disse humano,por isso as musicas do Legião faziam e fazem tanto sucesso,porque elas tocam o lado humano das pessoas lado este que esta sendo esquecido,fala de verdades que as pessoas querem esconder.
    Não meu amigo vc não esta no lugar errado o problema é que o mundo mudou e esta mudando,mas vc e alguns poucos nos quais eu me encluo não mudaram,isso que vc sente nada mas é que sua humanidade a flor da pele,enquanto as pessoas mudam com as mudanças e se tornam seres quase que roboticos,insenciveis e altamente manipulaveis, vc e alguns outros continuam os mesmos antes eu tambem me sentia assim até que entendi que eu não estava errado,e nem no lugar errado,o mundo que estava mudando roubando a humanidade das pessoas fazendo elas pensarem que estão agindo por conta propria quando na verdade estão sendo manipuladas.
    O que eu faço é aceitar o que sou e como sou e fazer meu proprio espaço.

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