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Sobre conformismo em cápsulas, justiça divina, incoerência e grandes pensadores.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Passando muito, muito mal nesses últimos dias. Minhas crises de depressão não tem sido mais tão constantes quanto antes, mas quando elas resolvem se manifestar vem com tudo, abalando tanto meu psicológico quanto o meu físico. Não tenho conseguido trabalhar, descansar, nem mesmo ver um filme de que goste. Tudo parece vazio e sem razão de ser, tudo parece meramente paliativo, inútil. Até mesmo desabafar fica difícil, seja pra alguém ou aqui no blog mesmo. Tento escrever com coerência, mas meu cérebro parece que está com hiperatividade, tendo mil pensamentos por segundo e não se concetrando em nenhum deles. Pelo visto vou ser mesmo obrigado a consultar um psiquiatra, não um psicólogo e começar a me tratar com medicamentos, ansiolíticos, antidepressivos, seja o que for. As vezes acho que falta muito pouco para que eu termine com tudo isso de uma vez e fique em paz. Sei que uns e outros adorariam isso.


Difícil descrever o que se passa na minha cabeça, está tudo junto e misturado, medo, angústia, aflição, pânico, solidão, ódio, revolta, insegurança, inferioridade. Cheguei a conclusão de que realmente é um problema de ordem médica, porque nada do que eu faça ou nada do que os outros me digam está resolvendo isso. Quanto mais as pessoas me dão seus conselhos clichês e batidos, suas frases de efeito feitas, tiradas de livros baratos de auto-ajuda, mais irritado eu fico com tudo, desde a festa de aniversário do filho do vizinho até os ridículos nicknames amorosos de casaisinhos apaixonados na tela do meu MicroSoft Net Messenger ®. Embora sei lá, eu sinto que os medicamentos apenas mascarariam tudo, seriam apenas mais um método paliativo, não uma solução. Ouço sempre dizer que os medicamentos ajudam você a se conformar com um monte de coisas. Eu não quero me conformar com nada, quero eliminar.
Os sintomas físicos vão drenando as minhas energias até eu ter vontade de deitar na cama e não levantar mais. Dores de cabeça, garganta seca, palpitações, aperto no peito, falta de ar, tonturas e mais uma série de sintomas que se eu listar aqui vão tomar o post todo. Não consigo fazer a comida descer direito pela garganta, nessas fases sempre me alimento mal pra caralho, parei de nadar e voltei a beber e comer porcarias. Só quem passa por isso mesmo pra saber o quanto é complicado lidar. Antigamente perdia dias tentando explicar aos meus "amigos" sobre como me sentia e o quanto precisava do apoio deles. Hoje já não quero mais nem saber, jurei pra mim mesmo que não vou ficar mais implorando ajuda de ninguém pra nada e nem fazer mais favores ou ajudar a ninguém, muito pelo contrário.


Acabar com todo o seu cabelo não melhora
a sua vida, mas sim, eu fiz isso.
Se durante a semana as coisas ficam difícies de levar, nos finais de semana tudo piora. Sozinho, sem nenhum lugar pra ir, ninguém pra poder conversar e nada para me distrair me pego pensando muito, muito e geralmente nada que preste. Ainda mais nesse último, no qual não parou de chover um só minuto e eu fiquei preso em casa nos dois dias, navegando inutilmente no Orkurt ® e esperando que algum dos meus poucos contatos no MicroSoft Net Messenger ® me dissesse que precisa de mim pra alguma coisa. A sensação de que as pessoas não precisam de você pra nada é muito ruim. Sempre foi assim, sempre fui eu quem precisei delas, nunca o contrário. Acredito que eu não tenha nada a oferecer que as pessoas se interessem.
Pra piorar recebi uma notícia péssima. Soube que uma pessoa muito desagradável fixou residência aqui na cidade pra poder fazer faculdade. Pior do que isso, soube que ela anda se divertindo muito nos finais de semana, o que não é justo. Bom, o que mais eu poderia esperar? As pessoas não são justas, o mundo não é justo e eu até agora não consegui entender o conceito de justiça de Deus, que valoriza os arrogantes e prepotentes, os egoístas e deixa de lado quem realmente pede auxílio pra ele. Dizem que o mundo dá voltas e as pessoas sempre acabam levando o que merecem uma hora ou outra. Eu até agora já levei um monte de chapoletadas, to esperando as outras partes levarem o delas e até agora nada. As vezes acho que Deus é lento demais e quem vai ter que acabar tomando providências cedo ou tarde sou eu mesmo. Como, eu ainda não sei.
Uma coisa eu sou obrigado a admitir: Eu tenho a mania de dar muita relevância a tudo de negativo que me acontece e acabo deixando de reconhecer que coisas boas também surgem ao meu redor. Uma empresa de RH me ligou hoje para marcar uma entrevista de emprego para concorrer a uma vaga numa famosa revista aqui da região. Há algumas semanas eu mandei meu currículo depois que li nos classificados que a revista está contratando deficientes. Mandei por mandar, já tinha até esquecido disso, mas hoje recebi um telefonema marcando uma entrevista. Bom, por enquanto é apenas uma simples entrevista, existem outros concorrendo a vaga, mas não custa ter esperança.
Bom, olhem só a contradição em que eu caí, não é mesmo? Acabei de acusar Deus de não me valorizar, no entando ele não tem me deixado na mão. Acho que aí se encaixa aquele velho ditado que diz que Deus não lhe dá um peso maior do que você pode carregar. Como eu disse no começo do post, estou numa fase bem incoerente, você pode me dar um presente de natal caríssimo e ainda correr o risco de ser assassinado por mim. Não tenho valorizado nem a mim, quem dirá ao próximo. Se quiserem arriscar eu aceito o presente. Fica por conta e risco de quem der.


Durante a semana andei observando e percebi que não sou o único louco no mundo que anda falando sozinho pelas ruas, minha psicóloga já havia me dito que isso é mais comum do que se imagina e pelo visto é verdade. Tirando os malucos de carteirinha e os pinguços de plantão, tenho notado que um número grande de pessoas ditas "normais", andam por aí tagarelando consigo mesmas, desde caras engravatados até os tipos mais comuns. Quando eu contei pra minha psicóloga que falo sozinho ela me disse que é devido a minha imensa necessidade de contato e por carência. Bom, antes ela tivesse me dito algo que eu não soubesse.
Já falei sobre essa minha mania aqui uma vez, sobre andar por aí tagarelando sozinho pelas ruas, muitas vezes até gesticulando. Na maioria das vezes fico tendo conversas ou discussões imaginárias com amigos do passado, revivendo velhas desavenças e ainda tentando convencê-los a gostar de mim. Por sorte não tenho pagado muito mico na rua (acho), geralmente quando percebo que alguém está reparando em mim, finjo logo que estou cantando uma música ou recitando algúm poema. Falando em poema vou terminar o post com um que eu adoro. na verdade não é bem um poema eu acho, são palavras de Henry David Thoreau que refletem bem o que ando sentindo em relação a mim e as pessoas:

"Mais que amor, dinheiro e fama, dai-me a verdade. Sentei-me a uma mesa onde a comida era fina, os vinhos abundantes e o serviço impecável, mas onde faltavam sinceridade e verdade, e com fome me fui embora do inóspito recinto. A hospitalidade era fria como os sorvetes. Pensei que nem havia necessidade de gelo para conservá-los. Gabaram-me a idade do vinho e a fama da safra, mas eu pensava num vinho muito mais velho, mais novo e mais puro, de uma safra mais gloriosa, que eles não tinham e nem sequer podiam comprar.
O estilo, a casa com o terreno em volta e o «entretenimento» não representam nada para mim. Visitei o rei, mas ele deixou-me à espera no vestíbulo, comportando-se como um homem incapaz de hospitalidade. Na minha vizinhança havia um homem que morava no oco de uma árvore e cujas maneiras eram régias. Teria feito bem melhor visitando-o a ele.
"


Henry David Thoreau

Desculpem a postagem curta, mal escrita e desconexa. Não estou bem mesmo. 

Ah sim, lembrei de mais uma cousa: Olhando no canto superior esquerdo de teu monitor (olhem agora) você podem ver um pequeno dadinho girando, rodando e rodando em ritmo de festa. Ele é o novo link para postagens aleatórias. Clicando nele, você é direcionado para qualquer uma das postagens do blog. Legal pra pessoas que não acompanhavam antes e querem ver postagens mais antigas.







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6 Divagações

  1. Não deve custar tanto vc procurar ajuda. Quem sabe.... vc precisa se ajudar, não é conselho que conselho não sei dar. É apenas uma palavra amiga. Se ajude procurando ajuda. Seu caso é sim médico, pode acreditar. É. Ninguém se sente assim do jeito que vc corajosamente relata por nada. Vc tá acreditando que nada pode lhe ajudar, acredite um pouquinho, precisa dar o primeiro passo. Ninguém pode, por mais que queira, fazê-lo por vc. Beijokas.

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  2. eu sou uma que fala sozinha ''Tirando os malucos de carteirinha e os pinguços de plantão''! Cara, eu não sei se rio ou choro quando leio tudo isso, ando surtada também. Psiquiatra ajuda sim, mas choca muito, pelo menos no meu caso. E sempre me diziam: você tem problemas reais, no teu caso é melhor o psicólogo para te dar apoio. Adiciona a gente no msn porque agora estou fazendo uma força enorme pra superar o trauma do vácuo e usá-lo.

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  3. As vezes fico tão aéreo, que fica perigoso sair na rua. Poderia ser atropelado sem nem saber de onde veio o carro de tão concentrado que fico na minha conversa interior.

    Como você, as vezes me perco em diálogos na minha cabeça, onde eu imagino como seria se eu realmente falasse tudo o que penso. Na minha cabeça, nessa hora, eu sou quem eu gostaria de ser pra mim e pra todos. E essas conversas solitárias com nosso imaginário são terríveis, porque somos incapazes de transformá-las em algo real... de expressar o que realmente queremos dizer para os outros, principalmente pra mim que de uma forma ou de outra, guardo tudo interiormente ao invés de exteriorizar.

    Acho que se você tem a consciência de que precisa de ajuda profissional, vá atrás sim. Viva se baseando no seguinte. Certas coisas não podemos mudar, mas as que podemos, devemos sempre tentar. No seu caso, tentar levar uma vida um pouco mais leve, no sentido do que uma ajuda adequada pode te trazer.

    Sei também que virtual não é pessoal, mas podemos sempre conversar... às vezes, apenas falar já alivia um pouco do peso que nós carregamos. Por isso concordo com o comentário anterior... temos msn... email... podemos pelo menos tentar dividir um pouco das coisas. Preencher um pouco desse vazio completo e destrutivo que sentimos. E eu faço questão de estar à disposição pra conversar também se você quiser... é só me mandar por email seu msn, ou mesmo só email. Não vale a pena ficar guardando tudo.

    Eu não sei como funciona essa questão dos medicamentos da psiquiatria, mas creio que se vc estiver um pouco melhor, pode pensar melhor também. E dessa forma tocar no ponto certo. Identificar o ponto certo do porquê desses sentimentos, do porquê do vazio e do peso nas costas.

    Então, se você acredita que esse profissional pode te ajudar, procure, faça as coisas devagar, no tempo delas, sempre olhando pra dentro de você, em busca dos porquês do seu vazio. Mesmo não sabendo como melhorar, você vai entender como explorar isso, para preencher pelo menos um pouco do seu vazio e da sua dor.

    Certas coisas, certas dores, mágoas e sentimentos vão conviver conosco até quando ficarmos velhinhos. Mas quando pelo menos entendemos um pouco de tudo isso, sobre nós mesmos, aprendemos a viver melhor.

    Eu sei que não resolve. Eu por exemplo hoje, estou me sentindo devastado por dentro, numa solidão sem fim. Eu sei minhas causas, sei meus porquês, e nem por isso as coisas pararam de acontecer. Mas te digo que é mais aceitável, e menos dolorido quando se conhece. Os sentimentos são intensos, como a vida deve ser.

    Por isso, lute pra melhorar tudo o que você pode melhorar. O que não pode fica guardado num canto. Nunca pode tomar conta de você.

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  4. Meu amigo, sei bem o que sente. Também eu sinto muito de tudo isto que escreveu.
    Quantas vezes me vejo sem saida, sem saber o que pensar ou fazer. Nao gosto de julgar e acabo sempre sendo julgada. Isto cansa e muitas vezes nos da vontade de desistir de tudo, mas ai penso: sera mesmo que os outros valem tanto assim. Mais que eu mesma?
    entao ergo a cabeça e vou em frente. tenho medo, sinto culpa mas procuro ver o mundo com os olhos mais puros e assim tudo parece mais bonito como um dia lindo de sol e ceu azul. Parece loucura, isto nao resolve os problemas, mas ameniza a dor que se sente.
    abraço enorme
    Angel

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  5. Raphael, colocou uma questão interessante: o que a pessoa cria as vezes se confunde com o real, o que acontece com nós, escritores. Um amigo teve problema porque começou a achar que o personagem era baseado em uma pessoa que ele precisava encontrar na vida real! E atropelamento, então, já vi casos! Sorte que o Edu consegue separar e perceber que está falando sozinho!

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  6. Bom, Eduardo, pelo menos no requisito "autoanálise" você está muito bem. Vc consegue se ver e dizer exatamente como se sente e o que te atormenta. Pior é quando a pessoa não consegue perceber a si próprio. Em vez de relatar seu vazio, a pessoa fica rindo pra disfarçar até de si mesmo. E se for falar de si, diz sempre que está tudo ótimo, mas só quem convive é que sabe que não é nada disso. Esses acho que não têm jeito e é o que mais se vê por aí. Por isso, pela sua capacidade de autoanálise, é que eu acho que vc está pertinho de descobrir maneiras de se sentir melhor.

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